QUATORZE

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Ruel

Perdi a conta de quantos cigarros fumei só hoje. Eu estava ainda mais estressado com a demora da volta da Lore, e muito mais irritado com a mensagem que o irmão do Benjamin mandou. Aquele filho da puta do Miguel disse que se minha garota fosse boazinha, ela voltaria viva, mas os dois passariam um bom tempo juntos.

Já eram quase três da manhã. Eu não consegui pregar a porras dos olhos ou me sentir calmo. Minhas mãos tremiam com a ansiedade. Thomas, por mais que demonstrasse estar calmo, ele também se sentia aflito e inquieto.

Chloe estava acomodada em uma das poltronas da sala. Quando a mulher desceu ao lado de Cooper, fiquei curioso e confuso, mas não questionei sobre o que o homem tinha em mente. Eu não estava com a menor paciência ou interesse em saber.

O gosto amargo ainda estava na minha língua, deixando-me ainda mais impaciente.

Eu preciso beber algo, porra.

Traguei mais uma vez e fechei os olhos, esperando a nicotina amaciar meus músculos e relaxar minha mente. Meus ombros estavam como pedras de tão tensos.

— Você não cansa de sumir, não é? — Chloe comentou, quebrando o silêncio insuportável da sala.

— Vincent.

Era ela.

Cada parte do meu corpo gritou contra minha vontade de virar e olhar para Lore, mas eu não podia. A necessidade de brigar com ela era mais alta que tudo que sinto agora.

— Vincent. — ela chamou outra vez. — Me desculpe.

— Pelo o quê?

— Por esconder sobre as mensagens que recebi do hacker e por sair sem avisar onde eu iria. — falou.

Ri fraco e joguei o cigarro fora.

Andei até a mesa de bebida e enchi um copo. Virei e golei o álcool em instantes, permitindo que essa bebida ardida que Thomas costuma tomar entrasse no meu corpo e sumisse lentamente. Coloquei tequila mais uma vez e virei.

Thomas e Chloe estavam quietos.

— Fale comigo. — Lore continuou. — Brigue comigo.

Olhei para ela, com os olhos estreitos e levantei uma sobrancelha. A mulher estava sem machucado nenhum. Quer dizer, eu acho. Seu cabelo escuro estava solto nas suas costas e seus olhos me encaravam, com um brilho preocupado.

— O que você quer que eu fale?

— Não sei, Vincent. — sibilou. — Me puna por ter sido filha da puta.

— Quer que eu puna você, porra? — perguntei, com a voz grossa e séria.

Lore recuou um pouco, mas assentiu.

— Acha que pode aguentar? — continuei.

— Ruel...

— Acha, caralho? — pressionei.

Ela prendeu seu lábio inferior com os dentes, mas não respondeu. Cruzei a sala e fiquei em sua frente. Sua respiração quente bateu no meu rosto, provocando arrepios na minha virilha.

— Lindo... — murmurou. — Eu precisei.

—Ah, é? — debochei. — Você precisou deixar que o hacker pegasse e levasse você?

Seus olhos se estreitaram enquanto sua garganta se movimentava lentamente, engolindo seco.

— Você quer que eu puna você? — repeti.

— Ruel...

Agarrei seu braço e arrastei seu corpo para fora da sala. Pela raiva e a excitação que estou sentindo, espero que ninguém tente me impedir. Eu mataria qualquer um que tentasse. Continuei puxando Lore pelas escadas enquanto subíamos os degraus e chegávamos no topo.

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