QUARENTA E UM

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Ruel

O sangue escorria pelos meus dedos, o cheiro de ferrugem impregnado na minha pele. A visão do meu olho esquerdo turva, deixando-me irritado pra caralho. O gosto amargo do sangue na minha língua quando o líquido avermelhado desceu, caindo na minha boca.

Meu coração estava acelerado, mãos ansiosas e olhos doídos pra cacete. Minha garganta se fechava com a respiração curta devido à batida que sofremos nas escadas.

Minutos atrás, após a saída da mulher, não demorei para correr em direção do homem, acertando seu rosto, mas recebendo um de volta. Ravi apertou meu pescoço após empurrar meu corpo com um chute na barriga. Com um movimento rápido e intuitivo, enfiei meus polegares nos seus olhos, arrancando um grunhido irritado e doloroso seu. Caímos para fora do quarto e continuamos a nos bater no corredor. Arremessando chutes e socos, um no rosto do outro. Porém, sem percebemos estávamos na ponta da escada, e Ravi ao notar, deu um sorriso malicioso e empurrou meu corpo. No entanto, eu sorri de volta e puxei seu corpo para despencar comigo.

Eu e Ravi rolamos os degraus enquanto ainda lutávamos. E, por um mínimo deslize meu, o homem acertou meu olho, rasgando minha pele com a faca que ele achou no chão. A dor do corte fazia minha cabeça doer. Eu estava irritado e puto, mas no fundo eu sabia que ficaria uma cicatriz do caralho que fará minha gatinha molhar a calcinha toda vez que me ver.

E só de pensar nela toda excitada e encarando o novo corte no meu rosto, fico duro e agoniado na calça. O pano me apertando, tirando a minha calma. Fechei os olhos, meu olho ardendo pelo rasgo, minha visão ainda embaçada. Estalei o pescoço, movendo-o de um lado para outro, movimentando enquanto minha cabeça caía para trás. Arfei pesado, meus pés se chocando com o chão, meus ouvidos aguçados ouvindo as batidas do meu coração.

Porra!

Eu preciso de um cigarro.

— Ahhh! — Ravi gritou.

Desci meus olhos para ele, observando o pobre homem com as mãos nas pernas, puxando-as enquanto tentava fugir do meu alcance. Ri do seu fracasso.

— Um... dois... — assobiei.

Levantei o pé, minha bota pressionando o seu joelho. Ravi apertou minha panturrilha com força, tentando tirar o meu peso.

— Três. — pisei com força, o osso destruindo quando meu pé quebrou sua tíbia.

"CRACK!"

— Caralho! — berrou, sua voz saindo chata pra caralho. — Seu psicopata do caralho!

— Que isso, cara? — brinquei. — Qual foi o combinado? — franzi a testa. — Nada de gritos.

— Vá se foder! — gritou outra vez.

Apertei os dentes com sua voz alta outra vez. Minha cabeça doendo cada vez mais.

— Você é um fodido, seu filho da puta sádico!

— Eu sei. — assenti, chutando sua perna.

Ele arregalou os olhos, a mancha roxa ao redor de um deles ficando ainda mais exposta.

Meu corpo estava fodido. Minhas costas doloridas e pernas exaustas. Eu estava quebrado, porém, ainda assim, estou melhor que o outro. Ravi tinha suas duas pernas quebradas, rosto inchado e cortes pelo peitoral. O filho da puta gritava alto como uma puta medrosa quando esfaqueei apenas duas ou três vezes. Fiquei chateado, pois ele feriu minha expectativa.

Ele rastejou, suas pernas feito gelatinas, moles no chão. Tombei a cabeça para o lado, observando seus braços batendo e pressionando no chão da sala de jantar que estávamos. O homem tentava, com todas as suas forças, se afastar de mim, enquanto eu, andava tranquilamente até seu corpo no chão.

O RECOMEÇOWhere stories live. Discover now