NOVE

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Lore

Respirei fundo antes de entrar na casa dos Evans. Ruel estava na frente ao lado de Thomas enquanto passávamos pela porta principal. Passei meus olhos pelo vestíbulo e molhei os lábios, notando que Ralph havia mudado algumas coisas desde a última vez que vi. A cor da parede não eram as mesmas, e o carpete era novo. Engoli seco e encarei as escadas em minha frente. Vincent subiu um degrau e virou para me encarar. Ele tinha uma expressão preocupada no rosto.

— Eu vou subir primeiro e depois você sobe. — falou. — Cooper, comigo.

Não respondi e apenas concordei.

Meu coração batia forte e minhas pernas hesitavam. Minha cabeça doía loucamente, e minhas mãos soavam. Eu estava ansiosa para saber, mas também com medo de descobrir. Era como se eu estivesse em transe.

Virei e caminhei pelo corredor, indo diretamente para a cozinha. Abri a geladeira para pegar uma garrafa de água e beber. O líquido arranhava minha garganta e eu me sentia mal. Apertei as unhas na minha palma, causando a dor me deixar alerta e atenta.

Uma.

Duas.

Três.

Abri os olhos e respirei fundo quando meu peito desacelerou enquanto eu se acalmava. Saí do lugar e olhei para o fundo do corredor. Aquela entrada não estava ali há anos atrás. Caminhei, me aproximando ainda mais e dobrei a parede, franzindo a testa ao encarar outro caminho curto e estreito e uma porta branca no fim. Abri e passei.

O quê?

Era como se fosse uma prisão ou um porão com celas. Pisei no concreto e entrei. Trilhei o caminho e passei os olhos pelas celas com portas de aço prata. O barulho de batidas no aço da terceira porta me fez aproximar lentamente. Levantei a mão na pequena janela e puxei devagar, abrindo-a.

Meu coração acelerou outra vez, ansioso e impaciente. O bolo se formou enquanto eu criava coragem para olhar. E, quando fiz isso, observei o pequeno quarto. Uma cama de solteiro estava ao lado da parede e no canto do lugar, assim como uma cômoda pequena. Em cima do colchão e do lençol branco, tinha um casaco azul fraco com listras pretas. Estreitei os olhos encarando o objeto em cima da cômoda. Era um... colar?

Seu pingente era um anel. O anel de casamento da... Carla.

Ofeguei e apertei os olhos enquanto sentia os batimentos fortes e frenéticos do meu coração. Apertei o trinco da janela e cerrei dentes, negando para mim mesma e implorando para que não seja nada disso que estou pensando.

Ralph estava certo? Eu estava sendo enganado? E pela minha família de novo?

Abri os olhos e encarei os castanhos quase negros do outro lado.

— Ah!

Recuei e caí, batendo a bunda no chão duro e áspero.

Não. Não. Não.

Minha garganta fechou com o pânico e o pavor. Eu não conseguia respirar. Era como se meu corpo tivesse totalmente inerte. Eu não conseguia fazer nada.

"Princesa?"

Sua voz...

Neguei outra vez e apertei os olhos tão forte que minhas pálpebras doeram.

"Princesa, é você?"

Meus ouvidos doeram. Rastejei até a parede e me encolhi.

Por quê?

E mais uma vez eu me vi como a menina de anos atrás. A que foi enganada. A fraca. Frágil. Burra. Idiota. A garota ingênua que foi usada.

— Lore, recomponha-se! — ele disse, com a voz firme.

O RECOMEÇOOnde histórias criam vida. Descubra agora