VINTE E DOIS

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Lore

Segurei no corrimão enquanto subia as escadas, passando degrau por degrau com cuidado e elegância. Molhei os lábios antes de beber mais um gole do champanhe que peguei. O líquido doce e transparente desceu em minha garganta, amaciando o gosto ruim que surgiu enquanto eu conversava com Miguel.

Ao chegar no topo, virei a cabeça, olhando as pessoas que estavam ocupando o lugar, e sorri simpática. Meus olhos avistaram Chloe com seus braços cruzados. Ela tinha uma expressão entediada e sua atenção estava em algo lá embaixo, observando alguma coisa que chamou seu interesse.

Thomas.

Continuei andando, e seguindo caminho até a sala de música. Levei a mão na maçaneta da porta e girei, abrindo-a lentamente. Não fez barulho como imaginei que fizesse. Dei mais um gole na bebida, e entrei na sala.

O corpo masculino estava parado na frente da janela, um pouco distante da Arpa média que ficava no meio da sala. O lustre amarelado estava preso no teto, assim como a decoração no andar de baixo. Um piano velho, mas brilhoso e limpo, se encontrava no canto da sala. Alguns armários nas paredes, e pequenas mesas espalhadas. Uma poltrona bege e larga também se encontrava.

A sala era enorme, com instrumentos que Benjamin gostava de mostrar para seus colegas como se soubesse tocar algum deles.

— Você demorou, Lore.

Levantei a cabeça e encarei suas costas.

Pedro tinha um copo de whisky na mão direita enquanto a outra estava em seu bolso.

— Você queria me ver? — murmurei, entrando ainda mais na sala.

Deixei a taça vazia em uma mesa.

— Sempre irei querer vê-la. — assentiu. — Você está radiante com esse vestido.

— Queria me ver só para dizer isso? — ri desacreditada. — No entanto, obrigada.

Quando ele virou, seus olhos desceram pelo meu corpo, analisando cada parte dele.

Desejei vomitar.

— Está gostando do baile?

Me aproximei, ficando ao seu lado. Ele voltou para a posição original, olhando para o jardim.

— Admito que a decoração sombria combina com você. — falou. — Não a conheço muito bem, mas sei que iremos nos conhecer melhor ao decorrer do tempo, certo?

—Isso é o que eu espero Bianco. — concordei. — Assim como pretendo conhecer todos desse baile, todos os meus aliados. — molhei os lábios. — Você é meu aliado?

Pedro assentiu e soltou um riso. Notei sua cabeça virar em minha direção. Sua mão aproximou o suficiente para tocar meu cabelo, fazendo-me endireitar a postura e me afastar do seu toque.

— O que sua esposa acharia disso? — perguntei. — Presumo que aquela linda mulher que estava na mesa com você é sua mulher, certo?

— Sim. — respondeu, e abaixou a mão. — Sou casado. Meu casamento é perfeito. Sou um ótimo marido e dou tudo que a minha mulher deseja, mas ela sabe que tenho desejos fora do casamento. — explicou. — Ela não se importa com nada disso se eu encher a sua linda bunda de dinheiro.

Que nojo.

Cruzei os braços de maneira relaxada e soltei um riso forçado. Encarei a noite estrelada.

— Sua mãe sempre exigiu máxima proteção para você. — falou. — Eu não entendia muito bem o motivo, pois sua família parecia ser perfeita. — riu. — Mas quando conheci Benjamin e o que ele era capaz de fazer, entendi o desespero da Carla.

O RECOMEÇOOnde histórias criam vida. Descubra agora