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Lua White

Ser chamada atenção pelo reitor na segunda semana de aula era uma merda. Principalmente, quando se era bolsista.

Passar na Universidade de Illinois Chicago foi o ápice da minha vida. Eu não tinha muitas conquistas pelo meu caminho e conseguir entrar na faculdade para Medicina era comparada ao peso de ouro.

Na verdade, eu tive poucas/raras oportunidades de correr atrás dos meus sonhos e quando, finalmente, consegui, agarrei a chance com minhas pernas, meus braços e meus dentes.

Ela era minha.

Eu seria uma médica em alguns anos e realizaria o primeiro de muitos dos meus sonhos.

— No próximo final de semana, não exite em voltar para casa, senhorita White. — o reitor me instruiu, com respeito. — Seu pai me pediu que não permitisse sua permanência no campus, caso não vá por vontade própria.

— Eu entendo, senhor Lance. — suspirei e ele acenou entregando-se uma lista para que eu assinasse. A lista das pessoas que iriam para casa no próximo final de semana.

Assinei meu nome com pesar. Eu não queria ir, não ainda.

Quando se vive constantemente sendo protegida pelos seus pais, cada segundo de liberdade conta e eu queria aproveitar um pouco mais antes da enxurrada de perguntas e sermões que viriam.

Meus pais eram ótimos, eu os amava mais que tudo. No entanto, a superproteção deles me sufocava e só fui entender sobre ela a pouco tempo. Era abusivo e cansativo demais. Meus sonhos chegavam a não importar quando isso significava ir para longe deles.

— Tenha uma boa aula, senhorita. — o reitor me despachou e agradeci quando pisei para fora da sala.

Se eu não saísse dali poderia fazer algo que eu nunca precisei realizar. Deletar alguém.

Apesar do assunto sobre minha família me incomodasse, tinha outra coisa que me incomodava mais. E ele tinha um nome forte e uma postura impecável.

Bryan Rutherford.

Ele havia se inscrito na mesma modalidade que eu e seu olhar me confirmava que era para me atormentar. Não entendia o porquê da sua insistência, mas eu não gostava dela. Ainda assim, eu não era X9. O reitor não saberia das atitudes daquele garoto por mim.

— O que ele queria com você? — Judy me abordou no corredor, preocupada e brutalmente, curiosa. — Coisa boa não deve ser, mas, poxa, nos primeiros dias? Isso é novo até para mim.

— Judy — chamei e só assim, ela me olhou nos olhos. — Não foi nada demais.

— Contou do trote? — ela perguntou devagar. — Lua, pelo amor de Deus...

— Não contei. — a tranquilizei e ela me puxou pelo corredor, aguardando mais informações. — O reitor só quis garantir que eu fosse no fim de semana para casa.

— Ah bom...

Giramos os pés até os dormitórios e passei as mãos nas paredes voando nos pensamentos. Aquela faculdade tinha tudo e muito mais. Sua estética era impecável, seu ensino era um dos melhores do mundo e cada pessoa que estudava ali sabia o quão sortudo era.

Quando entramos no nosso quarto, Judy se jogou na cama e colocou seu braço para cobrir seus olhos. Me sentei na minha cama e não deixei de a encarar.

— Você quer me explicar agora? — indaguei e ela se mexeu, desconfortável.

Eu não havia engolido a cena do ginásio. Bryan se referiu a Judy como se já tivesse um conhecimento sobre ela. Porém, ela é caloura como eu. Do que ele se referia, afinal?

Broken Rules - Livro 1Where stories live. Discover now