14

1.5K 122 3
                                    

Lua White

— O que achou? — Judy me perguntou assim que terminou de trançar meus cabelos. — Não sou muito boa na trança embutida, mas acho que dá para usar.

Me encarei no espelho, olhando detalhadamente o serviço da minha amiga e concordei aceitando que ela havia feito um bom trabalho.

— Obrigada, por isso. — maneei a cabeça na sua direção e ela piscou para mim enquanto pegava sua bolsa de treino.

Judy teve sua carga horária aumentada já que era oficialmente uma líder de torcida e seus treinos na academia eram obrigatórios. Ela não tinha o dia todo para ficar comigo e isso me frustrou muito, afinal, ela era minha única amiga.

— Vai ficar bem?

— Vou. — assegurei, sem vontade. — Daqui a pouco vou dar uma volta no campus até você voltar.

— Tudo bem, não vou demorar.

A loirinha saiu do quarto e me deixou ali, no silêncio e na apreensão. Pois era dessa forma que eu me sentia desde que aquela foto tinha sido postada. As pessoas me olhavam com julgamento e fofocaram sempre que eu passava. Os comentários não eram os melhores e me machucavam profundamente, já que eu não era assim.

As consequências daquela foto estava me abatendo com força e sequer tinha uma solução para mudar aquela situação. O primeiro dia da detenção foi cheio de altos e baixos. Em um momento, eu estava com ódio de Bryan, um ódio que me fazia querer o esfaquear repetidas vezes. Já no outro momento, estava deitada no chão sujo com ele por cima de mim pedindo-me para acreditar na sua palavra.

Não conseguia explicar o que vi nos seus olhos, mas eu acreditei nele. Claro, precisava ter certeza, mas algo me dizia que ele falava a verdade. E eu não podia esquecer um detalhe bem importante: eu fiquei excitada. Sua marra, postura agressiva quando me neguei a ouvi-lo e o modo como me prendeu haviam feito mais do que me encurralar.

Havia causado um efeito explosivo que me deixou molhada. Isso não acontecia com facilidade, nem mesmo quando tive um namorado. Bryan, em minutos, arrancava coisas de mim que nunca ninguém fez e conseguiu. Além da tensão sexual, ele havia desencadeado uma coisa que eu não sabia explicar.

Era um sentimento de compreensão, até apaziguador. Um que ardia o peito, revirava meu estômago e me fazia ter uma ansiedade nervosa sempre que ele estava no cômodo. Era forte, desconexo, porém, era bom.

Como se eu estivesse viva por dentro e queimando por fora.

Me levantei da cama parando de divagar sobre minha situação e saí do quarto.

Era estúpido pensar que ficar trancada no quarto ajudaria, ainda que fosse uma boa alternativa. Os últimos dias já tinham sido bem entediantes entre aquelas paredes e eu necessitava de ar. Passei pelo corredor com o queixo erguido, sem me deixar abalar pela onda esquisita que me rodeava. Como minha realidade virou isso?

Eu era uma garota que não precisava passar pelos corredores com receio ou medo por estarem falando de mim. Nossa, não! Entrei no refeitório e muitos pararam para me olhar, era sufocante. Balancei os ombros e segui em frente, pegando um pacote de biscoitos e um refrigerante de latinha.

— Senta aqui, Lua. — a voz masculina me chamou quando passei pela mesa que ele estava e piscou, sagaz. — Pode dormir na minha cama hoje.

Algumas pessoas que ouviram sua frase, riram. Outras fizeram caretas e cuspiram sutilmente o apelido que me enjoava: vadia. Engoli a seco e não respondi, saindo do refeitório e indo na direção da academia em que Judy estava. No entanto, meu coração palpitou quando ouvi as risadas vindo atrás de mim.

Broken Rules - Livro 1Where stories live. Discover now