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Bryan Rutherford

Meu sangue bombeava a 100km por hora, minha cabeça não parava e eu não conseguia ficar quieto no lugar. Lua dormia no meu quarto, na minha casa e na minha cama, e, ainda assim, eu não conseguia parar. Olhei pela janela. A escuridão da noite não estava me dando a paz que eu necessitava para dormir. Não quando eu tinha assuntos para resolver. Não quando eu tinha um traidor para destruir.

Beijei a testa de Lua e, com todo o cuidado, saí da cama. Eu me vesti e mandei uma mensagem para ele. Não estava tão tarde e eu desconfiava que aquele filho da puta não estava dormindo. Talvez chapado, talvez bebendo, talvez só acordado. Quando recebi a confirmação, saí do meu quarto, peguei meu carro e dirigi até o lugar marcado. Não podia ser na fraternidade nem mesmo no campus, já que eu não queria ser atrapalhado. Escolhi o Parque Maggie Daley, que era próximo à universidade, mas nem tanto. Distância o suficiente para eu me resolver com o desgraçado e voltar para a minha garota.

Encostei-me em uma das mesas de concreto e aguardei, com o mínimo de paciência que me restava. Estava tarde e quase ninguém passava por ali. Nós teríamos a privacidade que eu precisava. O carro estacionou atrás do meu e o homem saiu dele, exasperado. Talvez até preocupado.

— O que aconteceu? — Ash chegou com as mãos abertas, com a ruga à vista entre as sobrancelhas e as roupas desarrumadas, como se tivesse vestido tudo às pressas. — O que tem de tão importante, que não poderia esperar até amanhã?

— Não dava para esperar.

— O que houve, então?

Molhei o lábio inferior, sentindo minha garganta arranhar. O vento frio da noite batia no meu rosto, mas não me fazia sentir minha pele congelar, pelo contrário, minha raiva parecia me aquecer de dentro para fora. Retirei as mãos dos bolsos e me aproximei dele como quem não queria nada.

— Você me traiu. — Eu agarrei seu pescoço e ele arregalou os olhos, levando suas mãos até a minha, sem entender. — Se lembra do que eu disse a você no dia em que entrou na fraternidade e ocupou um lugar no meu time?

Apertei mais seu pescoço. Seus olhos triplicaram de tamanho e a boca se abria, atrás de ar. Puxei-o para perto de mim e o atingi no estômago com o joelho. Ele se curvou e tossiu, inspirando e soltando o ar com dificuldade. Voltei a agarrar sua nuca, sem deixar que ele caísse no chão, e ri sem humor quando ele tentou afastar sua mão de mim.

— Se lembra, porra?!

— Claro que me lembro, caralho! — Esforçou-se para se distanciar de mim, ainda que não conseguisse muito.

— Se, em algum momento, você pensasse em foder comigo, eu iria foder contigo mil vezes pior. E você, sabendo disso, me traiu, como o filho da puta que é.

— Do que está falando, merda? — inquiriu baixo. — Fumou alguma coisa estragada?

— O único que anda chapado dia e noite é você.

Ergui sua cabeça, e quando o incentivei a me fitar, soquei-o com toda a força. A rapidez e a força do golpe o pegaram desprevenido. Asher pendeu para trás, tonto. Não esperei que ele caísse e repeti o soco, mais forte ainda, mirando no nariz intacto do qual ele gostava tanto. Ash gemeu de dor, colocando a mão no lugar atingido, e caiu sentado no chão. Não senti nada, nem mesmo um pingo de remorso por ver o sangue aparecer na sua cara. Estava até aproveitando a visão dele daquele jeito. Ele não era tão bom em reagir a brigas como tentava parecer.

Porém, eu já estava acostumado.

Comigo, socos como aqueles não me parariam.

— Vai me encher de porrada e não vai me dizer pelo que estou apanhando? — ele grunhiu com os olhos fechados. Na sua voz continha uma leve irritação.

Broken Rules - Livro 1Onde as histórias ganham vida. Descobre agora