26

857 73 2
                                    

Lua White

Enxuguei minhas bochechas com o lenço que minha melhor amiga me entregou e me encolhi na cama dela. Eu estava um trapo, machucada e humilhada demais para sair do conforto daquele colchão. Sentia-me péssima por ter acreditado em um arrogante, mesquinho, que tinha roubado o meu coração. Sentia-me péssima por ter fantasiado uma vida com ele, sendo que sua real vontade era apenas me prejudicar, como, provavelmente, devia ter feito com diversas meninas. Eu era apenas mais uma, e me odiava por isso.

— Olha... Não quero te pressionar, Lulu... — Judy passou sua mão pequena nas minhas costas. — Mas meu pai está perguntando sobre nossas aulas. Já faltamos três dias, e amanhã é sexta, véspera do jogo.

— Não quero ir embora — repliquei, angustiada. — Não quero voltar para a universidade. Não quero mais nada.

— Lua...

— Você precisa ir, eu sei. É uma líder de torcida e precisa estar no jogo de sábado. — Funguei. — Mas eu não preciso.

— Claro que precisa — brigou comigo. — Vou estar lá também. Não vê?

— Eu queria estar lá, mas estou tão machucada. Não quero ter que ver ele.

— De verdade, você acreditou mesmo no Asher? — ela perguntou, quase desacreditada. — Não sei se percebeu, mas nem sempre ele é uma boa fonte de informações.

Passei a mão no nariz e a olhei. Eu sabia que estava horrível. Minha cabeça doía e parecia que meu nariz iria explodir pelos choros intensos.

— Ele falou uma coisa que era verdade. Bryan bateu em alguém e não me falou. Asher estava quebrado, e pela minha experiência desde que entrei na universidade, Bryan teria, sim, coragem de espancar alguém por menos.

— Ele não me tratou mal naquele dia, e, bom, isso nunca tinha acontecido. Não sei se acredito que ele te levaria à casa dele para conhecer seus pais se fosse fazer isso. Não encaixa, de verdade.

Nisso, ela tinha razão.

Embora meu peito estivesse doendo com o que ouvi, ainda não sabia se tudo era real. Não sabia se suas declarações tinham sido só papo furado. Eu estava tão cansada mentalmente, que nem sequer conseguia dosar cada uma dessas coisas, e, por enquanto, preferia ficar longe dele.

Depois do jogo, quem sabe, eu poderia ver se ele falava a verdade ou não, já que seu golpe final aconteceria nesse dia.

Bufei alto e reclamei por não ter meu celular por perto. Foi sábio eu o deixar no dormitório, já que, há pouco tempo, eu tinha permitido que o celular de Bryan pudesse rastrear o meu.

Falei com minha família pelo número de Judy, e minha irmã comentou que ele tinha ido lá em casa, um tanto nervoso por não saber onde eu estava. Dentro de mim, algo se acendeu, mas tratei de apagar logo. Criar esperanças só me machucaria mais.

— Prometo que antes do sábado, voltamos. Você vai estar no jogo a tempo e eu estarei lá para te apoiar — eu falei com uma certa firmeza e a loira sorriu, concordando.

— Obrigada. Depois do jogo, podemos voltar para cá e fugir o quanto quiser, okay?

Assenti e a vi andar pelo seu quarto. Sentei-me e limpei meu rosto, decidida a parar de chorar por ele. Logo o pai de Judy passou pela porta, assobiando, e apareceu sorridente, olhando-nos.

— Querem um chocolate quente? Biscoitos? — o senhor Payne perguntou, levemente divertido. — Ainda com dor de cabeça, Lua? Estou prestes a te levar para o hospital.

Eu disse que chorava quando minha dor de cabeça vinha, e ele, mesmo estranhando, aceitou a desculpa.

— Estou melhor, senhor Payne — tranquilizei-o.

Broken Rules - Livro 1Where stories live. Discover now