Ouvi o celular tocar de longe. O som foi aumentando conforme fui despertando. Tateei a mesa de cabeceira em busca do telefone enquanto Jennie resmungava ao meu lado e colocava um travesseiro na cabeça. Me curvei por cima dela pra alcançar o celular e atendi meio grogue
-Oi?
-Jennie?-Perguntou uma voz familiar levemente embargada.
-Rosé?
-Ah é você, Lisa? Cadê a Nini?
-Ela tá do meu lado, por quê?
-Eu preciso falar com ela. Por favor. -Ela tinha a voz tremida e falava baixo. Pelo eco provavelmente estava no banheiro.
-Aconteceu alguma coisa? -Afastei o celular da orelha e olhei as horas- São 3:46 da manhã, por que quer falar com ela?
-Por favor, Lisa, eu preciso saber se ela ta bem! -Ela falou mais alto, mas sem gritar. Ouvi um soluço abafado pela mão, provavelmente.
-Rosé, calma, me conta. Por que você tá assim? Foi mais um pesadelo?
-Porra Lisa, só faz o que eu tô te pedindo!
Cutuquei Jennie que tirou o travesseiro do rosto brava, quando viu meu rosto sentou rapidamente perguntando "o que foi" sem som. Dei de ombros e entreguei o celular pra ela.
-Alo? Oi, é, sou eu o que foi? Eu tô bem, o que aconteceu? Aham -Ela repetia enquanto Rosé falava- Rosie, Rosie, respira, calma. Não foi real. Eu sei que pareceu...quer que eu vá aí? Tá. Cadê a Soo? -Eu assistia a cena preocupada, com os olhos fixos nela, que conversava com Rosé com calma, mas claramente preocupada.- Ok, se precisar me liga. Respira, não esquece de respirar, lembra da florzinha e da velinha, tá? Tenta dormir e esquecer isso. Beijo.
E desligou.
-O que aconteceu? Mais um pesadelo?
Ela suspirou e colocou o celular na mesinha.
-É, ela disse que eu tava me afogando e não conseguia me alcançar.
-Ah Rose sempre tem esses sonhos malucos, sempre alguma de nós morre, é incrível -Ela concordou passando a mão na testa, bagunçando a franja- Onde a Jisoo tá?
-Ela disse que estava no quarto, não quis acorda-la porque o dia dela foi cheio aí foi pro banheiro e ligou pra mim.
-Hmm, é, não acho que a Soo aguenta mais uma pancada de uma vez, já basta ter ido ver os pais esse final de semana, uma rosé surtando não é o que ela precisa agora.
-Ei, a Rosie tá tentando ser forte pelas duas, da um tempo pra ela.
-Ta certo, realmente acho ela forte por estar aguentando, mas esses sonhos dela me assustam.
Jennie bufou e deitou novamente, desligando o abajur e me puxando para perto.
-Acha que seus pais vão agir estranho comigo quando verem que estamos juntas?
-Acredito que não, amor, como já sou assumida pra eles e eles já te amam acho que vai ser mais tranquilo.
-Tomara.
Tinha me assumido para meus pais com dezenove anos, eles não acreditaram muito no começo, mas minha mãe -Depois de um showzinho dizendo que não criou filha pra ser lésbica, bissexual ou seja lá o que eu fosse -me aceitou, e até convidou uma das minhas namoradas pra ir em casa. Ela não foi, nunca levei ninguém pra casa, ninguém nunca importou o suficiente pra isso.
Quando sai do devaneio, vi que Jennie já tinha pego no sono, abracei ela mais perto de mim e cheirei seu cabelo cheiroso, pegando no sono em seguida.
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Hard To Love - Chaesoo I Jenlisa
ספרות חובביםEsta história se passa no ambiente em que elas atuam, ou seja, vocês verão várias referências de coisas que aconteceram na vida real, shows, entrevistas com a adaptação do que eu acho que aconteceu e o que eu queria que acontecesse, só que não em or...