• Carta Seis •

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"Sozinha"

Hoje completa o quarto mês. Também completo sete meses de gravidez. Também hoje, é o dia mais difícil até hoje que você se foi. Querem encerrar as buscas Antonio, querem desistir de você. Mas eu não! Eu não posso aceitar, que você não esteja aí. Essa casa precisa de você, precisa da sua força e da sua alegria.

Antonio, sabe o que eu me lembrei hoje? De quando treinamos nossa valsa. Dançamos por noites, nestes mesmos corredores, de um lado ao outro, rindo, bebendo, roubando beijos durante a dança. Lembra-se de como a nossa sintonia é perfeita? Meus pés brincavam com os seus. Finalmente eu aprendi a dançar, ao mínimo nossa valsa querido.

Eu dancei hoje, pelos mesmos corredores. Esbarrei na parede, na porta, na mesa de canto. Percebi que eu não sei dançar, mas eu sei te acompanhar. Onde você está para me acompanhar?

Eu precisei chorar novamente, cansada de pensar em tudo o que eu preciso ouvir ou ver na mídia, nas revistas, nas ruas. As pessoas me conhecem ainda, mesmo que assustadas em como mudei. Eu não sinto mais o sabor do riso, eu não sinto mais o sabor das cerejas, não sinto mais sabor em estar aqui, imaginando o que eu poderia fazer para ter você de volta em meus braços. Antonio, por favor... Me diga onde você está?

Eu sei que você não se foi, você não me deixaria aqui sozinha.

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