• Atitude •

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Momentos, Memórias & Detalhes... Antes do caos...

- Ella, Seu pai é insuportável de chato! Sabia que um dia, lá em casa, ele brigou por conta de fio dental? Sabe, nem era na casa de vocês – Dizia Ricardo, enquanto movia o urso marrom em frente a Ella, de um lado ao outro tendo toda a atenção da pequena menina no berço. – E ele me atormentou por dias, sobre isso. Sua mãe ficou brava com a gente que brincou. Mas seu pai... Quer uma dica de Tio pra vida? Não deixa seu pai ser chato com você!

- Ah sai pra lá Alface! Vocês sabem muito bem que provocaram jogando aquilo em todo canto. – Disse Fred aos risos.

- Fred? Era uma brincadeira e ele só faltou começar um UFC as três da manhã por isso.

- UFC não, PFL facinho! Mais respeito ao Campeão! – Dizia João, enquanto pegava Ella no colo, a levando para perto da Janela – Você já deu oi pro jacaré hoje? Seu pai gostava de dar bom dia pra ele, e pra todas as fãs que você irá conhecer enquanto cresce. Eu não curto muito a presença delas, te confessar. Mas com seu pai, elas foram mais que incríveis. Sua mãe sabe também, ela vai ter de te mostrar muita coisa!

- Será que ela aguentaria ver uma luta do pai? Pois se ela for como a mãe, só falta pular no ringue em meio a gritos, querendo morder alguma canela, pois é onde ela alcança! – Cigano riu com a própria afirmação, lembrando da primeira luta que Amanda acompanhou. Ela gritava tanto, que mal conseguiram dizer quem fazia mais barulho, a multidão ou Amanda sozinha.

- Acho que essa parte vai ser fácil lidar. Eu quero ver vocês explicando como ficaram tão feios assim!

E todos começam a rir, enquanto João brinca com Ella, perto ainda da janela tomando o sol da manhã com a menina. As vozes no ambiente, não incomodam a pequena, que tanto conhece estes sons.

A garotinha sorria, parecendo já entender quem eram. Durante a gravidez e os meses em quais Antonio não estava presente, João, Alface, Fred, Marcos, Cigano, Dorea, e outros lutadores e amigos, se mantinham sempre por perto trazendo conforto a Amanda. Traziam presentes para a pequena Ella, emanavam boas energias sempre nestas visitas, mas... Algo havia mudado nos últimos dias.

- Escutem. Ela mandou mensagem a vocês? – Questionou Marcos, claramente apreensivo com o assunto.

- Mandou. Por isso viemos todos juntos, e sabemos disso. Porém, quem vai dar o pontapé inicial no assunto, com ela?

- João, a própria dona Wilma vai falar. Seria a pessoa mais segura, para falar sobre isso. E mesmo assim, será difícil.

- As meninas já chegaram também. Confirmaram no grupo, e estão lá embaixo esperando a gente. Acho que está na hora de fazermos algo.

A poucos dias, Wilma e Regiane, haviam criado o grupo intitulado de Atitude. As duas, estavam preocupadas com o rumo das buscas. Já havia se espalhado a notícia, que as buscas seriam encerradas. Nos vilarejos, na floresta, nada haviam encontrado sobre um estranho perdido, e não havia mais onde buscar, a não ser no mar. Porém, em uma encosta tão grande, cheia de rochas, as chances eram a cada dia menores de se encontrar Antonio. Foram dez meses nesta busca, o cansaço das mães era nítido. Os amigos, por mais que lutassem, a racionalidade dos mesmos não se deixavam ignorar a situação. As amigas deles, Pamela, Larissa, Victoria, Cecília, Ana, Bruna e Aline, também tentavam manter o lado racional neste momento. A única coisa que concordavam, era que neste momento, precisavam intervir antes que Amanda chegasse ao ápice de sua dor. Ela pensava estar enganando a todos, mas algo ela não podia modificar, sua aparência.

Amanda estava magra, com os cabelos secos, os olhos fundos e escuros das noites mal dormidas. Já havia comido as unhas, até a carne, só se alimentava para a produção do leite para alimentar a filha, que após três meses de vida, já havia ganhado peso, estava forte, mas precisava da mãe. Amanda se mantinha reclusa em seu quarto, saindo apenas para buscar Ella e ficar com a menina durante o dia, trancada no quarto da garota sempre com o notebook em mãos tentando ao máximo se manter atualizada com as notícias. Porém, desde que encerraram as buscas, Amanda vinha travando uma luta ainda maior. Conseguir que não desistissem de Antônio. Amanda apenas comia o necessário, tomava as vitaminas que precisava e cuidava dos filhos. Parou de falar com a sogra e a mãe, não respondia aos amigos, apenas se mantinha em foco com as crianças, com o notebook e as orações para Antonio. Amanda era agora, uma sombra dentro da própria casa. Era hora de intervir.

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