• Plano •

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Ângela aguardava com Regiane, ainda nas poltronas, enquanto Amanda caminhava de um lado ao outro, processando as informações que havia recebido. Queria correr e ir até ele, poder toca-lo, beijar, abraçar. Mas sabia, que não era assim tão simples.Regiane se levantou da cadeira, e se aproximou da filha, tentando um novo contato.

- Meu amor, precisamos contar a todos. Explicar a situação, e planejar o que fazer juntos. Todos estão aqui por ele.

Amanda virou seu corpo para a mãe, e concordou com um gesto lento. Se virou para Ângela e disse a mãe:

- Por favor, vá chamar o pessoal. Peça que vão todos para o meu quarto com as crianças. Por favor. Eu vou pedir a Ângela que explique novamente a situação.

Amanda se afastou de Regiane, que prontamente foi atender ao pedido da filha.

- Ângela, eu espero não estar lhe pedindo muito. Mas primeiro, você tem certeza que é ele?

- Sim Querida. As tatuagens, o nome, o nome da família. É ele.

- Tudo bem. Você poderia ficar? Conversar conosco, explicar um pouco mais? Se não for atrapalhar a você, claro.

Ângela se levantou, segurando as mãos de Amanda. Deslizou o polegar entre o dorso de Amanda, na região entre indicador e polegar, e voltou a sorrir.

- Claro que eu posso. Eu quero ajudar aquele rapaz, desde o dia que o encontrei desorientado e cansado. Conte comigo.

As duas novamente se abraçaram. Porém, havia esperança neste abraço. Amanda havia encontrado a paz, e Ângela, as peças do seu quebra cabeças.

Logo, se dirigiram ao quarto de Amanda, onde todos já estavam reunidos, exceto as crianças, que estavam no quarto ao lado. Regiane havia ficado com eles, por pensar ser melhor não colocar os meninos para ouvir a situação desta forma. Wilma, Larissa e Buchecha, estavam sentados no sofá mais largo. Os demais estavam em poltronas, ou em pé com os olhares apreensivos, até ver Amanda entrar com a estranha. Ângela caminhou até a cama, sentando na região dos pés, e Amanda se aproximou de Wilma, se colocando de joelhos à frente da mulher. Todos os rostos ali, se viraram para as duas.

- Tia Wilma, ele está aqui. – A voz de Amanda cortou, pela forma em como o choro subiu na sua garganta. Os olhos novamente marejados, e o choque no olhar da sogra, sem reação a fizeram engolir a sensação com um suspiro e o puxar forte de ar. – Ele está vivo. Está bem.

Todos começaram a chorar. Larissa e Bruna, se aproximaram em um abraço apertado. Buchecha, Fred, Cigano e Dorea, se juntaram em uma roda gritando de alegria. Mário e Roberta, se abraçaram em silêncio. Wilma, ainda em choque, se mantinha calada. Porém, seu corpo entendia. As lágrimas correram de seus olhos, a respiração ficou pesada e as mãos agarraram as de Amanda, com tanta força que suas unhas estavam a apertar a pele fina da loira. Sem se importar, Amanda apenas a segurou de volta, e puxou para seu corpo, trazendo a si o abraço da sogra, que ao sentir o calor do corpo da nora, disse em tom baixo, próximo a sua cabeça:

- Amanda, obrigada. Por não desistir do meu filho, como eu desisti. Obrigada por nunca soltar a mão dele. Obrigada. Eu não podia pedir, orar e rogar a Deus, uma mulher melhor, uma mãe melhor, para meu filho e meus netos. Eu a amo.

E Wilma pode chorar. Em completo silêncio, as lágrimas escorriam de seus olhos, por seu rosto e caiam sobre o cabelo e costas de Amanda, molhando a sua blusa. Foram longos minutos assim, enquanto todos revezavam os abraços, lágrimas e comemorações. Antonio, tão amado por todos. Uma pena, que a vida não é tão fácil e simples.

Enquanto Wilma se acalmava, Larissa se aproximou das duas, e ao se abaixar, voltou seu olhar a Ângela, que assistia a cena toda, com o sorriso nos lábios.

- Amanda, quem é ela?

Como um despertar, Amanda se levantou, limpando o rosto das suas lágrimas. Se virou para a mulher sentada e se aproximou, sentando ao seu lado.

- Pessoal, está é a Ângela. Ela precisava explicar uma coisa a nós, e peço que entendam a situação, como eu me esforcei a entender. Ângela, pode falar querida.

Com uma saudação inicial, Ângela contou aos olhos curiosos, o mesmo que falou a Amanda. Desde a chegada de Antonio, a questão de sua memória e de como era crucial agora, tudo ser feito com calma.

- Perdão. Então, a última coisa que ele se lembra, foi de termos brigado no aniversário de casamento, e de que ele iria viajar para espairecer? – Ângela concordou. – Mas isso foi ah... Quinze anos! Ele não lembra de nada? Nem dos filhos, da carreira, da Amanda? – Novamente, Ângela concordou. – Meu Deus. Isso vai ser ainda mais difícil.

- Eu estou aqui, pois cuidei dele nesses meses. E quando ouvi sobre vocês, sobre a busca, algumas coisas se encaixaram com a história dele. E chegando aqui, pude com Amanda, confirmar ser ele. E cá estou, para com vocês, entender o melhor a ser feito para ele.

- Ângela, eu agradeço. Por cuidar do meu filho. Por estar aqui, e se preocupar. De uma mãe de coração aflito, a uma alma boa. Mas eu gostaria muito da plena certeza, de ser o meu filho.

- Eu sei o que podemos fazer. – Amanda se levantou. Com a voz firme e o semblante calmo, se virou para a sogra. – Ele não se lembra de mim. Ver vocês, e possivelmente o choro, as emoções que podem vir, pode ser estranho a ele. Eu vou com Ângela. Confirmo se é o Antonio, e volto. Enquanto isso, vocês ficam aqui, conversam e pesquisam. Vamos fazer o melhor a ele. Tudo bem? Todos concordam?

Entre murmúrios e faces de confiança, todos concordaram com o plano de Amanda, que se dirigiu a Wilma.

- Eu irei confirmar. Mesmo que meu coração, saiba que é ele, eu irei. Cuida das crianças com Mamãe, enquanto estou fora. Eu volto.

Amanda piscou para a sogra, e se voltou a Ângela, segurando a mão da mulher. As duas assim, saíram do quarto, e caminharam em direção a caminhonete que aguardava em frente à pousada. Os demais, observaram as mulheres indo, e voltaram para o quarto. Wilma, foi ao quarto das crianças com Regiane, onde puderam conversar e chorar, pois uma mãe, entendia o sentimento da outra.

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