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• Carta Sete •

"Kids"

Hoje completam cinco meses. Eu não posso viajar Antonio, atrás de onde esse maldito avião caiu. É meu oitavo mês de gestação, e eu jurei que sejam mais fáceis estes últimos dias. Mas não. O meu corpo está muito cansado, minha mente está latejando em busca de notícias que me digam que te acharam. Nossos filhos voltaram para casa, pois entenderam que você não estaria aqui, mas queriam estar comigo e foi a melhor notícias que eu tive em dias. Ah. sua mãe e a minha voltaram também pra cá. Querem me ajudar na gestação. Roberta queria vir, mas eu já sinto que são pessoas demais para lidar com a minha dor.

Sua mãe está fingindo que não sente sua falta, para que eu não desabe em choro sempre que a vejo. Mas eu sei que ela está chorando, quando passo pelo quarto dela. Quando ouço minha mãe a consolando na cozinha, ou quando saio na varanda buscando o sol e ouço as conversas delas enquanto as crianças brincam no quintal. Eles ainda brincam, sabe? Eles também sentem que você está para voltar.

É a terceira semana seguida, que me acordam durante a noite, enquanto eu gritava seu nome, segurando meu ventre, pedindo a Deus que retira-se a dor de mim. Sua mãe me abraça, me diz que você está aí fora e que eu preciso descansar, pois tudo está correndo bem. Que logo você volta. Minha mãe ficou com os meninos lá em cima, assustados com meus gritos e desejosos de vir a meu resgate. Com a minha dor. Antonio, eu não consigo mais. Por favor, vem me resgatar.

Nosso filho está para nascer, e você não vai estar lá? Você prometeu que estaria. Aliás, sobre sua quebra de promessas, Yan ganhou a competição. Nosso filho é forte, é inteligente. Ruan aprendeu a subir sozinho na barra, para já conseguir rodar. Ele tem talento, sabia? Você precisa ver, Antonio.

Tem tanta coisa acontecendo aqui. E não, eu não deixei desistirem das buscas. Existem pequenas vilas por onde caiu o avião, ilhas ao redor, existe vida nesses lugares. Você deve estar em algum desses, eu sinto. A nossa conexão é de alma garotinho!

Por favor Antonio, vem ver! Vem ver nossos filhos crescendo, nosso filho nascendo, nossa vida continuando. Por favor. Eu preciso de você.