• Yan •

315 27 1
                                    

"Mamãe, o papai não quer mais a gente?" – A frase ecoava na mente de Amanda, desde aquela tarde. Yan havia visto de longe o pai sentado com a avó e os tios, correu para poder chegar ao pai, mas foi impedido pela mãe de chegar a ele. Quando se esconderam, o menino insistiu em tentar sair do quarto, mas Amanda não permitiu. Quando Antonio se afastou, em direção a saída do lugar, Amanda soltou o filho que estava com lágrimas presas nos olhos, e começou a questionar a mãe por qual motivo não podia ainda chegar ao pai. O rosto confuso do filho, com a ponta de dor em sua expressão, tirava o sossego dela.

- Meu anjo, o papai não está bem ainda. Ele precisa de um pouco de espaço, para conseguir voltar para casa. É claro que o papai ainda quer estar conosco, ele só precisa se recuperar. Lembra que ele sofreu um acidente? – O menino concordou com a cabeça, enquanto esfregava os olhos com o dorso da mão, tentando conter as lágrimas – É por isso filho, que o papai está ainda longe. Mas olha só, ele já falou com a vovó! Logo estará com você, seu irmão e sua irmã. Tudo bem? Você confia na mamãe?

- Sim mamãe.

Yan abraçou Amanda, por cima de seus ombros agarrando o pescoço da mãe. Segurou Amanda com força, enrolando as mãos em seu cabelo. Amanda o pegou no colo, levantou e saiu com o filho do quarto, voltando para perto do seu próprio quarto, podendo ver Ruan ao lado de Ella, brincando com a menina na cama. O coração de Amanda apertou, o ar parecia se esvair do seu peito, o mundo girou por um momento. Ainda estava fraca demais para tantas emoções. Entrou no quarto, deixando o filho ir até a cama com os irmãos, que já contou sobre ter visto o pai lá fora e explicando para o irmão sobre ele estar bem. A maturidade de Yan, ia de encontro com a Mãe. Pequenos demais, para lidar com isso.

Foi em direção ao banheiro, fechou a porta e se encostou na mesma, deslizando as costas pela madeira até cair ao chão. Apoiou os cotovelos sobre os joelhos e as palmas da mão sobre seu rosto, prendendo os lábios contra a pele. O cansaço em seu corpo, denunciava como Amanda estava ainda frágil, pelos meses de reclusão e descaso com seu corpo e saúde. Ver Antonio, provocavas em Amanda todos os gatilhos de sua vida. A forma como sempre buscou cuidar de quem podia, estava frágil, desde Clara a toda a sua nova situação, Amanda se mantinha forte aos olhos de fora. Mas quando podia ser e estar com ela mesma, o mundo podia desabar em silêncio. Ela estaria pronta para se levantar depois. Batidas suaves na porta, e a voz baixinha do outro lado. Ruan questionava a mãe se poderia ir almoçar com Larissa e Fred. Amanda confirmou que podiam, e ouviu Larissa dizendo que iria sair com a Ella, já havia pego a mamadeira e Fred brincando com os meninos. Silêncio. Novamente o silêncio, que trazia conforto a ela. Deslizou as pernas para a frente e se virou ficando de joelhos no chão, se aproximando da banheira. Ligou a torneira e a água forte e quente começou a cair na porcelana, enquanto Amanda erguia o próprio corpo e deslizava para dentro da banheira. A água quente molhando suas roupas, abraçava seu corpo até tocar a nuca, e desligou a torneira. Todo o corpo dolorido de Amanda, começava a relaxar, músculo por músculo; Dor por dor, até que Amanda dormiu, pela primeira vez em dias.

BACK - AU DOCSHOESWhere stories live. Discover now