• Stalker •

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A noite de amigos, pareceu revigorar o espírito de Antonio. Todos relembravam a carreira, que Antonio não sentia conhecer, mas as marcas em sua pele, o joelho com a cicatriz que ele jurava ser do acidente, fotos e vídeos de lutas, trouxeram a ele, memórias. Gritos de torcidas, o público enérgico e animado em ver o campeão ganhar. Mas a sensação que sentiu, foi a mesma do almoço. O que escondiam?

- Então, quando você planeja voltar a civilização, agora que você entendeu um pouco mais da sua vida?

- Sendo sincero, Cigano? E se eu não voltar?

- Não. Está brincando?! Você tem uma vida para cuidar, carreira, patrocínios, tem... Tem muito lá!

- Minha carreira, eu me aposentei, certo? Patrocínios, eu posso cancelar. Tenho tudo o que quero aqui. O que mais tem lá?

Buchecha, Fred, Ricardo, Cigano e Dorea, entreolharam-se e Dorea pigarreou.

- Mas e sua família? Sua mãe, pai...

- Eles podem vir aqui quando quiser. Pelo o que me dizem, eu vivi. Então, quem eu tenho para buscar? Todos vocês podem vir me ver, estou enganado? E tem chamada de vídeo, um jeito damos. Eu me aposentei, construí um império com as academias, ou é isso que vocês dizem. Mas pelo jeito, esqueci do importante, de viver. Aqui eu vivo. Mas, me digam... O que mais? O que mais podem me contar?

- Antonio... Tudo tem que ser com calma, você sabe. Sua memória está frágil, qualquer grande trauma, poderia te deixar mal.

- Conversaram muito com a Angela...

Novamente os amigos riram, enquanto olhavam em volta.

- Pessoal, está tarde. Eu ainda tenho de voltar a vila. Podemos marcar algo outra hora. Ok?

- Podemos! Amanhã?! – Questionou Fred.

- Claro. Quem sabe vocês não me contam o que falta nesse quebra cabeça.

Antonio se despediu dos amigos, e seguiu em direção a saída do lugar. Mas seu corpo estremeceu, quando uma brisa suave passou por frente a seu rosto. O perfume doce, lembrava lavanda e especiarias. Moveu os olhos em direção à praia, e a viu. Novamente, a mulher dos sonhos estava andando por ali, com os cabelos ao vento, o vestido rosa colado no corpo e claro, Antonio não pode deixar de reparar nas pintas. Contou com os olhos, e em suas costas haviam dezenove, só pelos ombros e o início do pescoço. Porém, ela se virou e ele não pode contar as que desciam sua coluna, nas costas desnudas do vestido. Ergueu os olhos para seu rosto notando o sorriso alegre e por Deus, a maior beleza existente em sua vida. Atrás dela, duas crianças corriam. Os meninos eram iguais, porém um era nitidamente mais forte que o outro. Abarataram o quadril da mulher, e em segundos a soltaram, correndo novamente pela areia a sua frente. A curiosidade, não permitiu que ele se afastasse, e Antonio começou a seguir de longe a mulher.



(Apenas um gostinho dos inéditos. Até amanhã! ❤️)

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