• Amanda •

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Sentada sob a lua, Amanda mantinha seus olhos na praia. O horizonte, a noite e como a claridade refletia sobre as águas, beirava a tortura. Tão perto, mas tão longe do que seu peito ansiava, do que sua garganta arranhava a fala e suas mãos formigavam em tocar. Não sabia se respirava, se corria para a água ou seja qual fosse seu próximo passo, Amanda queria agir. Levantou da cadeira em que estava na varanda do seu quarto, olhou para trás vendo os três filhos deitados na cama, dormindo em completa paz. Os meninos entenderam o que estava acontecendo, da forma deles, mas entenderam que o pai estava perto. A menina, apenas em paz. Talvez a inocência fosse a maior virtude da pequena criança, enquanto a virtude dela, era se manter com o melhor semblante possível, em meio às perguntas das crianças. Virou seu dorso novamente para o horizonte, enquanto descia os degraus da pequena escada. Sentiu a areia nos pés, gelada em contraste ao calor do próprio corpo. Caminhou em direção a água, logo molhando os pés no mar quente. Molhou as pernas, as coxas acima do joelho. Continuo, mais fundo, fundo, o escuro do mar a noite, abraçou Amanda. Mais fundo, já não sentia a areia nos pés. Fundo. Sua cabeça coberta, a água a embalava em ondas que a faziam sentir o corpo leve. Abriu os olhos, e não havia claridade, além das estrelas e a lua, e foi quando Amanda entendeu que estava longe demais da areia. Tentou emergir, o corpo puxado para baixo, com o aperto da água, bateu os braços e estabilizou seu corpo, subiu novamente, começou a nadar em direção à praia até sentir a areia novamente em seus pés.

Por pouco, Amanda não se deixou abraçar a morte.

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