• Calma •

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Sem pensar, Amanda apenas gritou, se jogando aos pés da mulher que estava em sua frente. As lágrimas começaram a correr por sua face, enquanto Amanda juntava as mãos à frente do rosto, com o peito em explosão. Algo beirava a dor, pela forma em que Amanda sentia o peso sair de suas costas, e o corpo todo dolorido, ficou leve. Ao longe, Regiane ouviu o grito da filha e correu em sua direção, vendo a mulher mais velha sentada na poltrona, tocando as costas de Amanda. Regiane, gritou sem conseguir também conter sua preocupação – O QUE FEZ COM MINHA FILHA? – Regiane se abaixou, tentando segurar o rosto de Amanda, que ao erguer, apenas balbuciava – Ele está vivo – A mulher, que estava com o semblante de preocupação, se transformou e começou a chorar puxando a filha para seus braços. Amanda, ainda em estado de choque, tremia e agarrava agora sua blusa, enfiando suas unhas no tecido rendado, rasgando alguns fios. Regiane subiu seus olhos para a mulher a sua frente, observando que lágrimas também caiam de seu rosto. Se mantiveram assim, por minutos, enquanto a mãe fazia carinho na cabeça da filha, tentando controlar os espasmos em seu corpo. Ângela, que agora não mais chorava, segurou a mão livre de Amanda, que ainda trêmula, pode virar seu rosto ao da mulher. Com a voz fraca, Amanda tentou questionar.

- Onde? Eu quero vê-lo. Eu preciso.

- Querida. Lembra que eram duas coisas? Eu preciso continuar falando com você. Você consegue respirar fundo e me ouvir?

Amanda se levantou, com a ajuda de sua mãe. Controlando sua respiração, voltou a se sentar na poltrona, que agora dividia com a mãe. Suas mãos se mantinham trêmulas, a respiração entre cortada, e as lágrimas agora eram menores, mas insistentes em cair por sua face. Com um novo aceno de cabeça, Amanda concordou com Ângela.

- Tudo bem. Não será fácil ouvir querida, mas você precisa ter paciência neste momento. E peço que confie em mim, com o que vou dizer e o que vou contar.

Amanda concordou novamente, e Ângela contou como foram os dias, desde que encontrou Antonio e sua recuperação. Como ele estava, o que fazia e por fim, contou sobre sua última lembrança. Algo, que Amanda não entendeu perfeitamente de inicio, até que Ângela concluiu.

- Querida, ele não se lembra de você. Para Antonio, ele está preso a anos atrás, e sua última memória, é de uma briga com o irmão. Ele não sabe que tem uma família, que tem pessoas o esperando. E você me disse ser médica, você entende como a revelação d duma vez, pode não ser fácil, certo?

A cabeça de Amanda, queimava. Ela entendia sim, mas não queria aceitar que ele estava tão perto e tão longe. E Amanda sabia, que caso fosse necessário, levaria uma vida nova toda, para estar lá por ele.

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