• Ação? •

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Não restava uma única célula do corpo de Amanda, que não havia sentido o choque. É Antonio.

Em meio às lágrimas, Amanda voltou para perto de Ângela, que acompanhou os passos da jovem por fora das árvores. Ao se aproximar da mulher, as pernas de Amanda falharam e a mesma caiu novamente a sua frente, sendo amparada pelos braços de Ângela.

- É meu marido. Eu não tenho dúvidas. Eu ia falar, ia inventar alguma desculpa boba para ouvir sua voz, mas eu não aguentei. Eu comecei a chorar, a tremer. Ele me olhou, e ele não sabe quem sou. Não sabe. – Amanda não conseguia conter seu corpo. Novamente tremendo, em lágrimas e se sentindo fraca, não conseguia levantar. Algumas pessoas começaram a olhar demais para as duas, e Camilo se prontificou a chegar perto das duas, segurando Amanda e a levantou com gentileza.

- Venha comigo. Vamos levar você de volta. Tudo bem?

Amanda concordou, e junto a Ângela, voltaram a caminhonete. Amanda se agarrou a sua blusa de tricô, que estava no banco traseiro e se encolheu no banco. Se sentia pequena, frágil, e sutilmente sozinha. Seu peito, sabia que o desejo era voltar, contar tudo e arrancar da forma mais bruta possível, o que impedia Antonio de se lembrar dela, dos filhos, o que o impedia de conhecer Ella. Se isto não fosse aumentar seu trauma, teria feito naquela praia. Mas ela sabia, que o caminho seria mais lento. E estava disposta a trilhar. Chegaram na pousada, e novamente foram em direção ao quarto. Estavam todos ali, incluindo as crianças. Em concordância silenciosa, todos pararam o que faziam para olhar Amanda, que apenas acenou com a cabeça e todos entenderam. Não havia dúvidas. Antonio estava lá e as condições do mesmo, não eram diferentes do que Ângela havia relatado. Larissa e Fred, se aproximaram dos meninos, e os entusiasmaram a ir brincar lá fora. Acompanharam as crianças, e Amanda se aproximou da mãe, que segurava Ella. Pegou a filha em seus braços, que dormia de forma solene, acostumada com o barulho de conversas e pode dizer após manter a respiração funda:

- Eu passei por ele. Pude confirmar, os fatos. O que pensaram enquanto eu não estava?

- Temos um plano, que talvez seja o melhor por enquanto. Ângela, pode contar a ele sobre o que houve, sobre nós. Exceto, agora, sobre você e as crianças. Antonio se culparia, entraria em choque. Mas conosco perto, ele já entenderia um pouco mais. Então, podemos ir devagar e ao mesmo tempo, rápido. Contamos sobre o acidente, e sobre a perca de memória. Explicamos sobre o tempo, sobre o que ele fez, vamos vendo o que a mente dele traz a tona. E se não trouxer, vamos incluindo o que podemos, até chegar a você. O que acha?

Mário dizia com firmeza, mas Amanda podia notar a rouquidão em sua voz, diferente do tom em que estava ao sair. Ou ele havia gritado, ou chorado muito. Acreditava que os dois.

- Tudo bem. Você concorda em conversar com ele, Ângela?

- Sim. Posso fazer isso hoje mesmo. E amanhã, combinamos de encontrar com ele. Almoço?

- Perfeito. Você tem telefone?

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