Entro em uma briga no primeiro dia de aula. - Capitulo 8

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Escola. Tirem-me do mundo. Por favor.

- Sam! Temos ótimas noticias para você! - Jane chegou dizendo sorridente, do lado de Alyce e Jack. Eu larguei o livro que eu estava lendo, e prestei atenção neles. Jane carregava um papel, e como sempre, estava vestida com o uniforme de empregada.

Ela esticou a mão em minha direção e eu peguei desconfiada.

Abri, e estava escrito isso:

"Senhora Samantha. Temos a honra de informar, que você conseguiu com sucesso, entrar para a escola cleverness. Sabemos que você é brasileira, e ainda está aprendendo a falar inglês. Aqui, você poderá se entreter com pessoas do mesmo jeito, ou que sabem falar em português, não se preocupe.

Aguardamos você com ansiedade,

A direção."

Eu entortei o nariz, e perguntei:

- Que isso?

Alyce disse algo em inglês, e Jane traduziu:

- Você vai estudar! Já faz uma semana que está conosco, tem que começar a por os estudos em dia.

- Mas... Mas não dá! Os professores falam inglês, não vou entender nada! - Jane traduziu o que eu disse para Alyce, e Alyce devolveu, por Jane:

- Os seus novos colegas podem te ajudar. - Ela disse isso, e pegou Jack pela mão, saindo do meu quarto, e deixando eu e Jane sozinhas.

Jane me olhou carinhosamente, e disse, sentando na minha cama:

- Não se preocupe menina. Você vai se sair bem. - Eu tentei sorrir, e deixei o papel no móvel, do lado da minha cama.

- Quando eu começo?

- Amanhã mesmo. - Ela respondeu. Claro, amanhã era segunda.

- Qual é o histórico dessa escola? - Eu perguntei. Ela contraiu os lábios, e disse:

- Olhe... Essa é a única escola que tem alunos e professores que falam seu idioma. É apenas ela que te aceitou...

- Tudo bem, mas estou perguntando como ela é, a qualidade dela. - Eu a cortei. Ela engoliu em seco, e disse, olhando para os lados:

- Menina... Não conte a Alyce isso... Mas, a escola que a senhora vai estudar, é... - Ela demorou em completar. Eu fiquei esperando ela dizer - É... Bem, a senhora não iria acreditar em mim.

- Me diz! Por favor...

- Olhe, a senhora não devia estar perguntando isso pra mim... - Ela disse nervosa, olhando para os lados, como se tivesse medo que alguém escutasse, o que era estranho, porque mesmo se escutassem, não saberiam o que ela disse, sem tradução. - Essa escola... Você tem que ter coragem para entrar, e rezar para sair. - Ela apenas disse aquilo, e se levantou apressada, saindo do quarto.

E eu fiquei me perguntando o sentido daquela resposta. Eu realmente não sabia como ela tinha razão.

*****************

Meu quarto era pintado de branco, com uns detalhes pretos. Os detalhes eram de árvores, com as folhas voando. Mas pra mim, parecia uma árvore, e uma corda pendurada em um dos seus galhos.

O tapete era cor de creme, o que fazia eu me matar para não suja-lo. Os móveis eram brancos, e novos, combinavam com as paredes. Uma escrivaninha preta, com um notebook em cima. A mesinha de cabeceira tinha um smartphone de ultima geração branco, e na outra, um tablet.

Foi assim que eu encontrei meu quarto, e é assim que ele continua. Tudo que eu toquei, foram os livros, que preenchiam uma enorme estante bege.

E mesmo com tudo isso, eu odiava viver.

Suspirei, e coloquei a alça da minha nova bolsa nas costas. Desci as escadas, e fui para a cozinha. Encontrei Jane terminando de fazer um lanche para mim. Eu sorri tristemente, e disse:

- Olá. - Jane se virou, e abriu um sorriso tímido. Talvez desconfiasse que eu fosse perguntar sobre a escola de novo. Ela estendeu a mão, com um pacotinho.

- Seu lanche senhora. Tem bolo e um suco. Quer mais alguma coisa? - Eu franzi a testa, e peguei o pacotinho.

- Quero apenas que pare de me chamar de senhora e pare de me tratar como se eu fosse uma patroa, dos tempos de escravidão. - Eu sorri, e ela esfregou as mãos, e disse:

- Alyce não deixa-me chamar apenas de você. Ela diz que você é a princesa desse castelo, e quer que eu a trate como tal. - Eu revirei os olhos, e disse, abraçando ela.

- Pelo menos então, podemos ser amigas. – Jane sorriu, e disse:

- Agora vá! Já está atrasada. - Ela se desvencilhou de mim. Eu me voltei para a sala, e passei pelo quadro da Taylor. Apertei o passo um pouco mais, e sai para o jardim. Atravessei-o, e cheguei à rua. Ao mesmo tempo em que eu queria ir, eu queria ficar. Pensei no que Jane tinha me dito sobre a escola. Senti um calafrio ao cruzar a rua, para chegar até ela.

Temos que concordar a escola não tinha uma aparência boa. Suas paredes eram azuis escuros, o que era legal, já que eu gostava de azul. Mas tudo piorou quando eu vi suas paredes descascadas, suas janelas estilhaçadas, o chão rachado, e as sombras que eram lançadas.

O formigueiro de pessoas que estavam na frente do portão, me impedia um pouco de passar. As pessoas falavam em inglês, e você não imagina como é horrível passar por pessoas que você não conhece, e que ainda mais falam outra língua.

Engoli em seco, e finalmente consegui me desviar do monte de pessoas pelo caminho.

Subi as escadas, que eram sujas e rachadas. Tive a impressão de ter ouvido risos de crianças, e gritos de adolescentes, mas provavelmente eram apenas coisas da minha cabeça.

Eu estava virando um dos corredores da escola, quando esbarrei em alguém, e vi cadernos irem ao chão. Contrai os lábios, esperando que a pessoa gritasse pragas em inglês para mim. Mas tudo o que eu ouvi, foi o grito de uma voz familiar:

- Há meu deus, você de novo?! Está me perseguindo, por acaso? - Ergui o olhar, e vi Caroline, definitivamente, eu já odiava aquela escola. Bufei e continuei andando, mas ela agarrou meu braço, e me puxou com força, quase me fazendo cair.

- Onde você pensa que vai?! Pegue minhas coisas! Folgada! Pensa que pode derrubar meus cadernos e continuar andando como se nada tivesse acontecido? - Ela diz. Cruzo os braços.

- É isso mesmo que eu ia fazer. - Ela cerra os punhos e quase grita:

- Vadia! Agora meu namorado não está aqui pra te defender. Vamos ver quem pode o que aqui? - Eu olho para a porta da diretoria, que não ficava muito longe, e digo:

- Você está me irritando. Não vai me fazer ficar mal aqui, logo no primeiro dia. - Ela arreganhou um sorriso e disse:

- Isso é o que vamos ver. - Então ela ergueu a mão, e com a mesma rapidez, desferiu um tapa no meu rosto.

Algumas pessoas gritaram e se afastaram outras olharam curiosas e a maioria se aproximou, na intenção de nos separar.

Fechei o punho, e dei um soco em seu olho. Ela gritou, e cambaleou pra trás. Eu disse:

- Não sou de sua laia, mas não hesitarei em descer ao seu nível, para lhe dar o que merece! - Algumas pessoas olharam para minha cara, talvez confusas, por eu não falar inglês.

Eu chutei os cadernos dela, e me virei, procurando minha sala.

Tem alguém aí? - Volume 1 Where stories live. Discover now