Planos próximos

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¨Sam¨

Kate esfregou as mãos, e desceu as escadas, na minha frente. Arya provavelmente não a via, já que a fantasma não queria no momento.

Franzi os lábios, relutante. O que diabos Kate ia pedir para eu fazer? Será que realmente era boa ideia eu ajudar ela? Droga... E agora? E se eu arranjasse mais um inimigo? Se esse tal de Pianista já não for. Mas... Disseram... Ele é só uma criança. Será que crianças fantasmas são perigosas?

Kate me olhou, lançando um olhar que confirmava. Sim, crianças eram perigosas. E... Aquele som de piano... Tão... Macabro...

Senti um arrepio na espinha.

- Sam... O que foi? Parece pálida - Arya disse, com expressão confusa. Neguei com a cabeça.

- Não é nada - Disse apenas, com palavras vazias e entediantes.

O celular da garota tocou de um segundo para outro. Arya o pegou, e permitiu a chamada:

- Alô. - Disse, naturalmente, colocando o livro do lado do colchão. Ouvi uma voz agitada do outro lado:

- Arya!!! - Era Luke - Arya, a Agatha, ela...

- Fugiu de novo - A garota completou, com ar de tédio, olhando para mim. Franzi os lábios, em um sorriso relutante.

-...Sim. Fugiu. Antes fosse só isso. - Respondeu - Ela fugiu sim, mais uma vez, dizendo que... Bem, tinha que fazer um... Hã... Exorcismo - Disse, nervoso. Arya ergueu uma sobrancelha e olhou para mim, fazendo um sinal ao lado da orelha, simulando que estivesse dizendo que o rapaz era louco.

Me voltei para Kate, que disse:

- Pegue o celular da mão dela - Assenti, confusa, não sabendo porque, mesmo assim indo e pegando rapidamente, com sua palavra de protesto: "Hey!"

A voz da fantasma se fez na minha cabeça:

"Fale com ele"

Sem saber o que dizer, comecei a falar:

- Luke! Hã... Olá, er... O que foi? - Me senti uma otária.

- Samantha? Há, nada de mais, Agatha fugiu novamente. - Ele disse, agora como se não ligasse para o caso.

- Há sim, e para onde ela foi? - Perguntei, como Kate mandou no meu ouvido.

- Esse é o problema. Queria ajuda. Será que vocês... Poderiam ajudar novamente? Ainda é de manhã, falta algumas horas para vocês irem para a escola, não é? - Perguntou, em expectativa.

- Ok, mas olha... É a terceira vez que isso acontece, eu acho, é melhor parar com isso. Sei lá, começa a cuidar de outra pessoa, você não tem obrigação de ir atrás dela toda a hora. O que ela disse antes de sair? - Eu disse, repetindo o que a garota fantasma mandava eu dizer.

- Disse que sonhou com um exorcismo. Fazia um exorcismo no Logan, na escola, na frente de todo mundo. Falou ainda que Logan estava mal acompanhado, e que estavam tramando para cima dele e principalmente de... Você. - Terminou. - Eu não sei do que ela estava falando, me desculpe, se eu soubesse lhe diria. Mas preciso de ajuda, por favor, você pode? - Completou, agora com palavras ansiosas.

Assenti, agora olhando para Arya, que balançava a cabeça, advertindo.

- Claro Luke. Tudo bem, então... Vamos nos encontrar onde? - Perguntei. O rapaz pareceu caminhar agitado e respondeu:

- Pego vocês de carro em dois minutos. Prometo, vai ser a última vez, desculpe. - Justificou ele. Concordei e me despedi, desligando.

- Aff, eu não estou a fim de sair agora. De tarde tem aula, e aquela escola abençoada é relaxante - Arya disse, super irônica. Deixei um riso fraco escapar, e balancei a cabeça.

- Vai ser a última vez. Além disso, não acha que eu não percebi que você está andando muito colada com Luke - Zombei, com expressão travessa - Tipo MUITO - Enfatizei, rindo da expressão dela, que abriu a boca e me encarou como se eu tivesse acabado de lhe dar um soco no estômago.

- Está achando que eu estou gostando do Luke?! - A mesma perguntou, indignada. Assenti com a cabeça, rindo. Arya começou a gargalhar, histericamente, denunciando que estava forçando a risada.

- Acha mesmo?! - Continuou gargalhando, mas parou e me encarou, séria - Pior que gosto mesmo - Explodi em uma gargalhada assim que ela completou a frase, fazendo ela rir também, dessa vez de verdade.

- Sério mesmo? - Ri, esfregando os olhos - Gosta do Luke então? - Completei, arfando de tanto rir, observando entre os dedos que ela assentiu, tateando o ar atrás do livro.

- Esse livro aqui - A mesma disse, o pegando e me mostrando - É do Edgar Allan Poe, meu favorito. Foi Luke quem me deu. Não é um fofo? - Perguntou, com olhar sonhador, mas parou, dizendo:

- Ai que coisa cafona e queima filme - Riu, levantando com a ajuda do sofá - Vem, vamos logo, ajudar esse maluco.

Concordei, sorrindo, e subi as escadas.

¨Alyce¨

A garota estava se descuidando. Logo chegaria a hora, e sua guarda vai estar baixa. E tudo vai acontecer como eu planejei. Só basta aquele bocó segurar mais com aquele garoto tonto.

Me virei para o fantasma.

- Cadê o garoto? Sabe que enquanto não está possuído, não pode vagar por ai, não é? Tem certeza de que ele está dormindo? - Perguntei, levando a taça de champanhe até a boca.

- Sim senhora. O garoto dorme, e não tem forças para acordar sem mim. Tenho certeza. - Afirmei, e me virei. O céu tinha breves raios de sol naquela manhã. Estranho. Aquela fantasma criança não veio me dar noticias novas. De fato estava tudo bem.

- Aquela menina estranha... Teve o sonho que deveria fazer o exorcismo? - Perguntei, o olhando pelo canto do olho. O fantasma assentiu.

- Teve o sonho, minha senhora. Fugiu novamente daquele lugar, e agora procura o garoto. Mas o exorcismo só será feito a noite, quando ela está totalmente fora de si. Ai o plano de vossa senhora, não precisa mudar. - Ele falou. Seu reflexo não aparecia no vidro da janela, por onde eu observava a casa de Logan.

- Ótimo. Não vejo a hora de entregar logo aquela garota rebelde ao diabo, e receber o que prometido. Por hora, deixemos ela pensar que quem matou seus pais, foi aquele cobrador. Ela vai descobrir que tenho mais do uma carta na manga. - Ri alto - Há vai... Vou ensinar uma lição para essa menina. Que ela não esquecer nunca mais - Alisei a parede - Definitivamente. Não é, Taylor? A preferidinha dos pais... Eu te ensinei tanta coisa... A melhor delas, foi ter te matado - Gargalhei.

Me virei para o fantasma.

- Está fazendo o que aqui, tonto? Vá logo, não gosto de imperfeições. Quero tudo em seu devido lugar. Pés que nascem tortos, andam por caminhos tortos. Essa é minha arma mais forte. Os defeitos das pessoas. - A entidade afirmou, e sumiu, apenas deixando um clima de morte pelo lugar.

Há... A morte... Como eu amo essa palavra...



Tem alguém aí? - Volume 1 Where stories live. Discover now