Ganho dois vizinhos e um cachorro. - Capitulo 11

55.3K 3.3K 1.5K
                                    

Eu só sei que eu não fiquei louca, porque tentei seguir o conselho de Lolla. Parei de ficar tanto com medo, e fiquei prestando atenção na lousa, o que dificultava as coisas mesmo assim, já que as sombras de pessoas enforcadas se desenhavam até na nela, e a sua rachadura não me ajudava muito também.

Meu dia terminou de ficar pior, quando notei que certa pessoa não muito agradável era meu vizinho.

Quando bateu o sinal da saída, eu praticamente me lancei pra fora da escola. Lolla se despediu de mim, e eu segui na direção do caminho da minha casa, mesmo que eu não estava a fim de voltar, mas sinceramente, depois de tudo o que eu passei... Depois daquela garota, eu já não queria mais problemas pra mim. Não naquele dia, pelo menos.

Já escurecia, e o ar frio se fazia sentir. Eu apertei o casaco contra o corpo, na intenção de me aquecer. Foi quando meu caderno caiu que eu percebi que alguém caminhava atrás de mim, mas um pouco afastado. Esse alguém estava distraído, mexendo no celular, mas olhou na minha direção, quando meu caderno caiu.

Então eu reconheci. Os olhos azuis como o mar, e o nome dele veio na minha mente. Logan. Ele sorriu, guardando o celular no bolso, e correndo na minha direção.

- Ei! Você! - Ele disse surpreso. Eu contraio os lábios, e continuei andando, mencionando um "oi", sem graça.

- Você... Mora por aqui? - Ele continuou. Eu não respondi na hora, mas disse:

- É... Por aqui. - Ele sorriu.

- O que aconteceu hoje na sala... Que chato, logo no seu primeiro dia. - Ele disse, chutando uma pedrinha para o lado e pondo as mãos no bolso.

- Na verdade, ainda não entendi o que realmente aconteceu ali. É verdade que a escola foi construída em cima de cemitério? - Ele olhou para o céu que já ia escurecendo, e respondeu:

- Alguns dizem isso. Outros não. - Eu sorri, e perguntei:

- E o que você diz? - Ele riu.

- Digo que aquela escola é maluca. Não duvido que tenha um cemitério em baixo dela. Mas também não duvido que não tenha nada de mais. - Eu bufei e disse:

- Se não tivesse nada de mais, não teria acontecido aquilo. Aquela... Coisa rindo atrás de mim.

- Eu já a vi, ela também apareceu no meu primeiro dia, parece que vem dar as "boas vindas", ou algo assim. Muita gente acredita que aquela escola é assombrada, com os mortos que ainda estão lá. Dizem que tem um... Pianista. - Ele disse. Ergui a sobrancelha, e perguntei, rindo:

- Pianista? O que é isso agora, uma orquestra? - Ele entortou a cara, mas sorrindo.

- Esse é apenas o apelido dele. Na verdade, acham que esse cara existe. Ninguém sabe. Ninguém nunca o viu. Mas todo final de ano, que é sempre quando alguém do terceiro grau morre, alguns juram ouvir uma pessoa tocar piano. Uma música fúnebre e ao mesmo tempo macabra. Claro, não é todo mundo que ouve, mas a maioria diz. Agora não sabemos se é brincadeira... Sei lá, todo o mundo dizem que o pianista é o pior "fantasma" que tem lá. - Ele terminou.

Minha cara estava queimando, mesmo que eu estivesse com frio. Eu queria contar a ele, que eu tinha sonhado com ele mesmo sem conhecê-lo, mas eu tinha acabado de conhecer ele... E mesmo assim, me sentia tão a vontade do lado dele, como se ele fosse estar ali para tudo, do meu lado.

Sim, eu sabia que aquilo era maluco, que não tinha nada a ver. Mas eu tinha a sensação de conhecer ele há tanto tempo...

- Essa é minha casa... Bem, tchau. Foi bom conversar com você. - Ele disse, sorrindo, e abrindo uma porta branca. Eu arregalei os olhos, e olhei pro outro lado da rua. Minha casa. Casa dele. Vizinhos.

Tem alguém aí? - Volume 1 Kde žijí příběhy. Začni objevovat