Sonhos me salvam

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Abri os olhos com a sensação de que eu iria vomitar.
**

Lolla

Suspirei e fechei a porta. Dei uma última olhada na minha casa, e me virei, começando a caminhar.
Minha mãe era simplesmente louca para me mandar para a casa dos outros tão cedo.
E se fosse de qualquer um... Mas não. É a casa do Logan.
Atravessei a rua, e continuei a caminhar. Alisei meu cotovelo, e olhei a carta que minha mãe mandou dar para a mãe do Logan.
Ela esqueceu de separar os doces para mim. E quando viu, estava em cima da hora. Fez apenas uma carta rápida para ela, falando que estava com saudades, e queria que ela fosse nos visitar.
Eu não me preocupei a contar sobre o Logan.
Mas estava começando a me preocupar. A cada passo meu, sentia meu estômago girar. Uma angústia... Como se algo ruim fosse acontecer. Agora o que...
Balancei a cabeça, tentando afastar esses pensamentos. Logan mudou. Mas ainda assim, era meu melhor amigo. Desde criança, sempre foi. E vai continuar a ser. Eu... Acho.
Uma folha marrom caiu de uma árvore na minha frente. Continuei a andar, e pisei em cima dela, fazendo ela estralar.
Arya estava estranha ontem. Entrou, ficando estranhamente pálida. Me olhou, confusa, e quando me abraçou, se desvencilhou rapidamente de mim. Como se eu fosse fazer alguma coisa com ela.
E quando Sam chegou, só faltava ela desmaiar. Ela nunca foi assim. Não quando estava comigo...
Atravessei a rua de novo. As vezes eu simplesmente era assim. Gostava de ficar andando de um lado para um lado. Em outros momentos, eu gostaria de estar dormindo.
Segui em frente, e vi a casa de Logan. Voltei meu olhar para a casa de Alyce. Ninguém. Continuava do mesmo jeito.
Com um nó na garganta, bati na porta do Logan.
Olhei para os lados, passando a mão na minha nuca, desajeitadamente. Eu consegui entender pela primeira vez, o motivo de Sam sentir repugnância daquele lugar.
Foi ali que ela quase foi morta. Eu tinha que dar um desconto.
Esperei por mais alguns segundos, nervosa.
Então vi a porta abrir. Logan botou a cabeça para fora, e me encarou, com cara de tédio.
- Oi... Logan. Sua mãe está? - Perguntei, recuando um passo, com um medo súbito dele.
Ele escancarou a porta. Me olhou de cima a baixo.
- Não. - Ele respondeu, distraido, me olhando. Engoli em seco.
- B-bem...eu. Vim entregar uma coisa que minha mãe mandou. - Eu disse, devagar. Ele abriu um sorriso cínico no canto do lábio.
- Haham. Entendi. Pode entrar. - Ele deu passagem pra mim. Relutei. Porque eu estava com medo afinal? Eu sempre entrei, tão normalmente.
- Não, obrigada. Eu só vim deixar a carta mesmo. - Estendia a carta, e ele pegou, olhando nos meus olhos.
- Porque está com tanta pressa Lolla? - Logan disse, me encarando. Abri a boca, e engasguei uma resposta.
- Entra. Eu não estou fazendo nada da vida mesmo. - Ele disse, com ar estranho. Senti meu estômago revirar violentamente.
Ele soltou um riso debochado, com um toque de malícia. Franzi a testa.
Ele saiu da frente da porta, deixando ela aberta. Contrai os lábios, e entrei.
A sala estava bagunçada. Algumas roupas serpentiavam no chão. Logan estava sentado no parapeito da janela. Ele tirou algo do bolso. Era um maço de cigarro.
Abri a boca, atônita. Franzi a testa, e perguntei:
- Desde quando você fuma?! - Ele me olhou e sorriu, acendendo um cigarro.
- Desde que eu levei um tiro por causa daquela sua amiguinha. - Ele respondeu, com tom debochado.
- Não foi culpa dela Logan.
- Claro que foi.
- Foi você quem quis ajudar! Ela não te pediu nada. - Ele me encarou, e colocou o cigarro na boca.
- É. Mas ainda assim, levei um tiro. - Ele disse, com voz arrastada. Contrai os lábios.
- Bem, eu já deixei o que eu tinha pra deixar aqui. Até mais. - Eu disse. Ele me olhou. Eu senti vontade de correr.
Logan se levantou, jogando o cigarro pela janela, e veio na minha direção, fechando a porta. Senti meu coração quase parar.
- Porque não ficar mais um pouco? - Ele perguntou, sussurrando, com voz cínica.
- Porque preciso ir. A-agora. - Ele se aproximou de mim. Ficou cara a cara comigo.
Eu tentei me afastar, assustada. Mas ele segurou meu braço, me puxando para ele, sem que eu pudesse fazer nada, começando a me beijar.
Arregalei os olhos, e tentei bater em seus braços. Mas não funcionou, já que ele juntos meus pulsos, e os levou pras minhas costas, me imobilizando. Gani, e parou de me beijar, agora me afastar conduzindo para a parede.
Com uma mão, ele prendia meus pulsos. Com a outra, me empurrou na parede, me fazendo perder o ar.
- Por favor, o que você está fazendo?! - Eu disse, com a voz tremendo. Ele fez um sinal para eu ficar quieta, e voltou a me beijar, com uma mão descendo pela minha coxa.
Me debati na parede, e senti ele levantando minha blusa.
Era impossível me mexer. Ele me pressionava contra a parede, e minhas estavam presas.
Quando eu finalmente pensei que não teria mais jeito, eu realmente seria violentada pelo meu amigo de infância, ouço a porta abrir violentamente.
Olho para ela, assustada, e vejo Luke. Ele para, atônito. Logan se vira para ele, e revira os olhos, soltando meu pulso.
Apenas naquela hora eu percebi que estava chorando.
- O QUE VOCÊ FEZ COM ELA?! - Luke explodiu. Logan olhou para ele, com um sorriso cruel.
- Nada de mais. Mais eu teria feito. - Ele respondeu. Luke cerrou os punhos, e gritou, estridente:
- SEU... S-SEU... - Logan continuava a olhar para ele, com o mesmo sorriso debochado, enquanto eu limpava as lágrimas, tentando me acalmar.
Mas foi impossível quando Luke tentou acertar um soco na cara de Logan. Gritei, levando as mãos ao rosto.
Logan aparou o soco com a mão, e Luke o tentou chutar.
Ele recuou um pouco para trás e empurrou Luke, que cambaleou.
- VOCÊ. NUNCA MAIS TOQUE UM DEDO SEQUER NA MINHA NAMORADA. - Luke gritou, agarrando meu braço.
Logan riu.
Riu.
Seus olhos tinham um brilho estranho. Cruel. Diferente.
Luke rosnou, e me puxou para fora da cada dele, abrindo a porta do carro.
- Como soube que tinha que vir aqui? - Eu perguntei para ele, sentindo uma lágrima rolar. Ele se virou lentamente para mim, e disse, suavemente:
- Acalme-se. Depois eu te explico.
- Mas... o que houve? Alguém avisou? - Perguntei. Luke se voltou para o carro, lentamente.
- Sam sonhou que você tinha sido violentada. E mando eu vir correndo para cá.

Tem alguém aí? - Volume 1 Wo Geschichten leben. Entdecke jetzt