Tem alguém aí? - Volume 1

Sou testemunha de uma briga - Capitulo 17

- Sam, Alyce pediu pra você levar o cachorro pra passear. - Jane voltou dizendo depois de eu ter jantado

Retirei o fone do ouvido. Desde que eu tinha pegado o celular, não parava de escutar músicas.

- Tudo bem. Cadê ele? - Eu perguntei, levantando da cama e pegando a coleira. Jane não precisou responder, porque assim que o Fluffy ouviu o barulho da coleira, ele apareceu saltitando pelas paredes. Sorri, e me agachei, colocando a coleira nele. Jane sorriu, e saiu, pra terminar de limpar a cozinha.

Eu desci as escadas, tropeçando na coleira, e cheguei à sala. Olhei pra parede. Mas o quadro não estava lá.

Perguntei-me onde ele estaria, e porque alguém o tirou da parede segui Fluffy até a saída, e segurei em sua coleira.

Tranquei a porta, a rua estava escura. As luzes dos postes não estavam ligadas.

Notei que Fluffy ficou apreensivo. Eu fiz um carinho nele. Ele ficou com as orelhas balançando de um lado pro outro.

Ele rosnou e ganiu, me levando pro outro lado da rua, na medida em que eu caminhava, eu ouvia mais vozes, porém eram vozes alteradas, uma de um garoto, e a outra de uma garota. Quando eu cheguei perto da praça, não se via nada. As luzes completamente apagadas, a neblina embaçando ainda mais minha vista.

- Não adianta mais. Eu queria te ajudar, mas eu não posso mais!

- E porque não?! Por favor, eu preciso de você!

- Mas você também tem que pensar em mim! Eu tenho minha vida! Eu preciso viver ela um pouco.

- Você sabe o que vai acontecer se você terminar comigo.

- Mas, está na hora de eu pensar um pouco em mim.

- Por favor... Não faz isso comigo... - Era isso que eu ouvia. Eles pareciam brigar, mas ao mesmo tempo, pareciam ter medo um do outro. Não sabia que era, mas as vozes eram muito familiares. Eu estava ouvindo, sem saber direito da onde vinham as vozes, foi quando meu cachorro latiu que as vozes silenciaram. Eu arregalei os olhos, e fiquei parada, imagina que no escuro ninguém ia me ver.
Mas mudei de ideia quando vi a luz de uma lanterna focar o meu rosto, a luz em meus olhos me fez perder a visão por alguns segundos, então apenas ouvi:

- Samantha...! - Eu tentei ver quem era, mas a luz não deixou.
Quem quer que esteja ali, percebeu que eu não estava conseguindo enxergar, e tirou a luz dos meus olhos.

A pessoa apontou a lanterna pra si mesmo. Eu pude ver Logan e Caroline. Pelo que eu senti, fiquei vermelha na hora, e agradeci por estar tão escuro.

- Quanto mais eu rezo, mais assombração me aparece. - Caroline falou. Antes sua voz estava meio diferente, quase que desesperada, mas agora, na minha frente, sua voz ficou grave e exibida.

- Samantha. Oi... E? - Logan disse, constrangido.

. - É, olá, tchau, tudo bem, tudo ótimo, mas agora eu e o Logan precisamos terminar um assunto sério, e PESSOAL aqui, ok? - Caroline disse. Logan revirou os olhos, e disse:

- Viu, é por isso que não dá mais! Chega!

- Eu não vou discutir com você na frente desse ser. - Ela retrucou.

- Ótimo, que notícia ÓTIMA, agora, se você pode me dar licença, eu vou voltar pra casa. - Ele disse, quase gritando, nervoso.

- Você não pode!

- Sério? E por que não?

- Por quê?... Porque meu pai... - Ela estava dizendo, mas parou e me olhou. Senti meu rosto queimar. Logan balançou a cabeça e disse:

- Sinto muito. Eu não aguento mais. Boa sorte lá com ele. - Logan disse, vindo à minha direção, e deixando Caroline.

- ISSO TUDO É CULPA SUA LOGAN. SEU QUERIDO PAI MATOU MINHA MÃE. AQUELE SEU PAI ESTUPRADOR E ASSASSINO, LEMBRA?! - Ela explodiu. Eu arregalei os olhos, e dei uns passos pra trás, e meu cachorro se colocou atrás de mim.

Logan se virou furioso e gritou:

- VOCÊ NÃO TEM O DIREITO DE FALAR DO MEU PAI, OK?

- CLARO QUE NÃO. SEU PAI ERA UM CAFAJESTE! TENTOU ME MATAR! E TENTOU TE MATAR TAMBÉM! PRESTA ATENÇÃO! - Ela disse, alterada. Eu me sentia uma intrusa, ouvindo aquele assunto. Logan se virou pra mim, nervoso, e me olhou, de relance.

Caroline bufou, e se virou. Logan se aproximou rapidamente. Ele segurou o braço dela, e disse:

- Caroline, volta aqui. - Ela se virou, com raiva, e desferiu um tapa no ar, que ia pegar direitinho na cara dele, se ele não tivesse segurado a mão dela.

- Me solta Logan. Deixa-me voltar pra casa, e enfrentar meu pai, não é? - Ela disse, fuzilando ele com o olhar.

Caroline se soltou dele, sumindo de vista, Logan ficou ouvindo os passos dela até não poder mais, ele se virou, com raiva, e olhou pra mim. Sua feição suavizou.

- Há... Você ainda está ai. - Ele disse, parecendo cansado. Eu sorri delicada.
- Desculpa... Eu não devia ter deixado você ouvir essas coisas... Idiotas. - Ele disse, conseguindo abrir um sorriso. Eu o admirava, mesmo com tantos problemas nas costas, ele conseguia arrumar um espaço para esse sorriso.

- Eu não te contei a história toda afinal né?

- É... Percebi que não. - Eu respondi. Ele sorriu, e agachou, coçando a orelha de Fluffy.

- Poderia te contar outro dia? - Ele olhou pra cima, com o ar sapeca, e ao mesmo tempo tímido.

- Se for pesado nem precisa me contar. - Eu disse. Ele sorriu. Fluffy abanou o rabo

- Outro dia eu te conto. Eu preciso contar. Isso está me matando por dentro. - Ele disse, abaixando a voz. Eu contraí os lábios. Ele se levantou, e me encarou. Os olhos brilhantes.

- Amanhã você vai fazer alguma coisa?

- Amanhã é sábado...

- É. Por isso mesmo? Quer ir comigo pra algum lugar? - Ele disse, ficando vermelho.

- Está me chamando pra sair? É isso? - Eu disse, rindo. Ele não conseguiu segurar, e riu também, olhando para o chão.

- É patético não? Não sou bom pra isso... - Ele disse, entortando a cara.

Eu ri, e respondi:

- Bobo. Vou ver. Se quando você me chamar, eu não tiver comido ainda, eu saio com você. - Ele ficou me olhando, e disse:

- Engraçado. - Minha feição expressou um "o quê?" e Logan continuou - Você é a primeira garota que nunca correu atrás de mim. - Eu devo ter ficado vermelha. Joguei uma pedrinha para o lado, com o pé.

- É... Tchau... Então... - Eu sorri, e me virei, correndo pra minha casa junto com Fluffy.