Capítulo 01

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Sana.

Eu estava dentro de uma sala fechada, colocando um pó azulado sobre a fendas das minhas adagas quebradas. Maggie estava ao meu lado, sem saber se me ajudava ou atrapalhava, pois não parava de falar. Seus lábios se mexiam mais do que as mãos. Minha franja teimava em ficar na frente dos meus olhos, mesmo após arruma-la tantas vezes. Era um estilo que eu gostava e sempre achei que combinou comigo, me deixava especial entre tantos cabelos castanhos e longos.

- Você já pediu o seu vestido? Fiz a encomenda semana retrasada, mas não sei se aquela velha vai conseguir entregar a tempo. - O jeito descontraído do qual a menina falava até me assustava as vezes, para outras pessoas poderia parecer rude, mas quem a conhecia sabia que era apenas o jeito da menina.

- Maggie, quantas vezes vou ter que falar que não iremos participar do baile?

- Ah!! Por que não?! Vai me deixar sozinha aqui durante um mês inteirinho? O Max vai me matar! - Aquele era o nome do rapaz alto e moreno que tinha uma queda pela menina, vivia perseguindo-a, procurando uma oportunidade de chama-la para sair. Mas era tão distraído, que nunca conseguia fazer o pedido sem ser rejeitado antes.

- São ordens reais. O que eu poderia fazer? Fala com o Forger. - Me levantei do banco de aço, limpando o pó azulado do qual tinha mergulhado as armas. Era um dos materiais trocados com o mundo magico, um produto capaz de restaurar o aço. As armas dos cavaleiros, dependendo do patamar do grupo, é completamente feito de aço, mais forte, resistente e pesado. Mas para restaura-lo quando quebrado, encontrar ferreiros que pudessem concerta-lo se tornava uma tarefa demorada e cara. E apesar da familia real ter muito dinheiro, o tempo que perdiam procurando pessoas para a mão de obra era grande, o reino não podia ficar despreparado ou com armas mais fracas do que as dos inimigos. Com a paz entre ambos os reinos, adquirir esses bens em troca de outros foi um beneficio mutuo.

- Você consegue lidar com ele, são apenas 30 dias. Não vai morrer por conta disso.

- Isso é um saco! Por que não posso ir com vocês?!- Maggie estava indignada, enquanto se sentava sobre a mesa de metal. - Eu sou muito util.

- Ninguém está duvidando da sua capacidade. - A voz forte e alta de Forger invadindo a sala ecoou em nossos ouvidos, calando a garota que não parava de falar. - Mas no momento atual não podemos desperdiçar cavaleiros aqui também. É por ser muito boa que tenho de deixa-la aqui, supervisionando tudo. - O homem com olhos azuis escuros e cabelos ruivos se aproximou da menina, colocando as mãos em seus ombros, para chacoalha-los devagar. - Não se sinta triste, logo, logo voltamos para comemorar.

- Eu te conto as maravilhas que encontrei. - A voz era do mais novo membro do grupo, um rapaz orfão que entrara alguns meses depois de Maggie. Os dois eram os mais jovens entre nós. - Já que, só nós cinco vamos ver aquelas coisas incriveis. - O garoto por nome de Alef vivia provocando a todos, principalmente Maggie.

- Hahaha, que engraçadinho você! - A menina estreitou os olhos e fez uma careta. Se olhares matassem, Alef havia sido dilacerado.

- Não briguem, não briguem. Eu trago um pedaço de bolo de fada para você Maggiezinha. - Aquele era Ramom, o grande tio da comida. Não por saber cozinhar, mas porque amava trazer lembrancinhas de suas missões para os mais jovens. Quem o via por fora, nunca imaginaria isso. Seu tamanho, os cabelos castanhos no ombro, os olhos castanhos escuros e a barba raspada não deixavam muitas pistas para um tio brincalhão. Esse também era o motivo de não receber propostas de casamento, mesmo estando louco para encontrar alguem. O fato do capitão Forger viver cercado de mulheres e seu braço direito Ramom, não, causava hilários debates entre os dois.

- Obrigada aí tio, mas dessa vez eu passo. Ouvi dizer que comer a comida do mundo magico te deixa pirado.

- Quem contou essa besteira? - Quem entrou pela porta foi Luara, nossa loira, especialista em flora e fauna magica. Também era uma cavaleira, mas cada um de nós possuía um tipo de conhecimento extra. Talvez por isso estávamos em um alto patamar, mesmo entre os próprios cavaleiros reais. - Não podemos dormir por um dia que as fofocas sem sentido já começam.

O Beijo Da FadaWhere stories live. Discover now