O Beijo Da Fada

Capítulo 07

Sana.

— É hoje que alguém morre. — Luara se aproximou de mim com a distração de todos e sussurrou em meu ouvido. — Juro que pensei que seria você.

— Eu só fiz uma pergunta.

— A Rachel te olhou como se fosse mata-la imediatamente. — Meus olhos vagavam por todos, parando na mulher com os cabelos volumosos. Não se concentrava mais em mim, porém, não podia acreditar que me deixei levar pela emoção. Esqueci totalmente da função que aquela moça possuia.

— Que droga...— Estalei a língua dentro da boca, com uma vontade de estalar a minha cabeça na parede. Idiota! Poderia ser expulsa dos cavaleiros por aquilo!

Quando consegui me focar em outra coisa, percebi que Ramom já tinha explicado o significado da palavra e julgando pela expressão de compreensão dos príncipes e não de risada, foi de uma maneira educada. Caso contrário, teriam deixado o homem de cabelos em pé, se houvessem zombando de seu estado solitário. Não sei como, mas o cara não se encontrava com sequer uma mulher a mais de 2 anos. Seria o cabelo mais comprido? Para mim, não era um aspecto que diminuía sua aparência. Ou seria a barba? Talvez a altura? Quando me dei conta já estava procurando os defeitos do rapaz e me autorepreendi.

— Alef ainda é jovem, não sabe como funciona o sistema de um reinado e fala o que dá na telha. O desculpem por isso. — O capitão vinha pedindo muitas desculpas desde que chegamos. Aquilo não me agradava. Era como se apenas nós fossemos os inconsequentes.

— Nós também temos alguns irmãos tagarelas, Rosetta é um exemplo perfeito e já peço desculpas por possíveis perguntas futuras que possam deixa-los desconfortáveis. Nem sempre consigo controla-la. — O príncipe Hollen se pronunciou, com a mão sobre a tempora ao citar a irmã.

— Ei! Não pode sair por aí falando mal da sua amada irmãzinha. — A rosada bateu no braço do maior, com uma careta rápida, antes de sorrir para Alef. — Em sua visão pode ser desnecessário nosso método de moradia, mas ele é muito eficiente na conservação da nossa natureza. Já vi algumas imagens de suas ruas e casas, são lotadas por construções e muitas delas nem possuem moradores. Isso machuca a natureza e estraga o ar.

— Construir coisas que não usam que é desnecessário. — O príncipe menor e emburrado murmurou, virando o rosto para o lado. Quando Rosetta se colocou sobre sua frente, como se para esconde-lo, entendi que teríamos uma fadinha com o nosso gênio.

— Agora podemos ir? Sei que não permitimos que se apresentem, mas o tempo não está propicio e para preservar a saúde de vocês, poderemos ouvi-los no jantar pela noite. Tudo bem? — Diana passou o olhar por todos nós, mas então se focou em mim. — E antes que me indaguem sobre o jantar...- Aquilo foi pra mim, com certeza. Senti a pontada. —...estamos os convidando para participarem de um banquete conosco, hoje pela noite. Teremos todos os tipos de alimentos.

— Pedimos para cada família de nosso povo preparar um alimento de preferencia e entregar em nosso castelo no final da tarde. Vocês poderão experimentar um pouco de tudo. E caso se sintam constrangidos, nós mesmos..— A fada de cabelos rosas estava apontando para ela e seus irmãos. —...iremos fazer pratos do mundo humano. Edrian não pode estar presente, mas pedirei essa pequena ajudinha a ele. Com esforço, conseguiremos fazer refeições que os agradem.

— Não precisam se incomodar, frutas já estaria de bom tamanho. Seu povo deve ter outros afazeres, não queremos que se sintam na obrigação de nos agradar. Nós que estamos aqui para prestar serviços. — Forger estava realmente grato por tudo o que ouvia. Mas não queríamos que depois as fadas pensassem que estávamos de algum modo tentando escraviza-las. Aquela atitude era inesperada. Todas as famílias fariam um prato para nós? Por que? Que maneira estranha de se tratar um grupo tão pequeno de visitantes. Eles levavam mesmo o papel de anfitriões a sério. Mas...por que? Por que para humanos? Por que para um povo que viveu em guerra contra o mundo magico por anos? Estariam armando uma armadilha? Nenhum reino era tão amável daquele jeito.