Capitulo 14

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Sana.

Seus cabelos brancos brilharam como pérolas perante a luz do sol, que realçava sua beleza muito mais do que as luzes do jardim, na noite anterior. Os olhos azuis eram como lâminas de vidro, refletindo suas emoções de forma dura. Mas o brilho...não havia brilho algum, como um peixe morto. Onde estava o prazer de viver no príncipe? As cores que provavam sua saúde? Em nenhum lugar. Eu procurei, tentei encontrar bochechas rosadas, ou roupas de arco-iris, não importa o que tentasse, Edrian ainda parecia...triste. Uma flor murcha.

- Pensei que os cavaleiros ficassem juntos. - Tentei encontrar alguma repreensão em seu tom, mas ele só parecia curioso mesmo.

- Decidimos nos separar para aproveitar melhor. Vossa majestade, a rainha Taliena, permitiu. - Deixei claro que sua mãe estava ciente. Vai que pensasse que estávamos tramando algo.

- Tenho certeza que sim. - Sua resposta me deixou quieta por alguns segundos, sem saber como continuar a conversa. Mesmo que o aviso de Forger sobre permanecer longe do príncipe ainda estivesse fresco na minha mente.

- Não sabia que participaria, vossa alteza.

- Não iria.

- E o que te fez mudar de ideia?

- Você.

Droga! Fadas não mentem! Pensei ao receber uma resposta tão sincera e direta. Enquanto eu ficava acanhada, sem saber o que dizer, o príncipe não parecia passar pelo mesmo, rapidamente se aproximando de mim. Sua vestimenta se resumia em um conjunto diferente de blusa e calça brancos, com ombreiras grandes em detalhes dourados. Reconheci o trevo de cinco folhas entre os símbolos entalhados na peça de ouro.

- Meus irmãos combinaram de acompanhar cada um dos humanos para um passeio. Ninguém melhor do que nós para apresentar o reino das fadas. Não acha? - Por alguns breves segundos seus lábios se esticaram em um sorriso discreto. - Eu me voluntariei para ser seu guia.

- É...realmente uma gentileza inesperada. - Fiz de tudo para que o desgosto não transparecesse na minha voz. Como poderia encontrar uma solução para o meu problema com a família real, se o próprio príncipe estaria em meu calcanhar?! - Mas não precisa se incomodar. Posso me aventurar sozinha.

- Essas terras ainda são desconhecidas para você. - Ele insistiu.

- Sei lidar com o perigo muito bem. Tínhamos muitas missões ameaçadoras para mapear terras estranhas no reino humano.

- Você se arriscava? Poderia morrer! - E repentinamente, sua expressão calma e controlada deu lugar a uma silhueta preocupada, se aproximando com as mãos estendidas. Por instinto, dei um passo para trás. Os braços do príncipe congelaram no ar, seus dedos estavam a poucos centímetros do meu rosto. -Me desculpe. Te assustei novamente, não foi? - E devagar suas mãos abaixaram, voltando para a lateral de seu corpo.

- Acho que devemos manter certa distancia, por segurança. - Sussurrei, sem querer que outros ouvissem nossa conversa.

Quando o 4° príncipe se voltou para mim com seus olhos, uma multidão de fadas se aproximava, sem que tivéssemos percebido. Seus súditos pareciam indaga-lo sobre sua saúde e outros até mesmo continham lagrimas. Isso que é amor. Mas estão agindo como se não o vissem a séculos. Foi então que me lembrei das palavras de Hollen. Será que Edrian havia se trancado no quarto por muito, muito tempo? Esqueci-me que, diferente dos humanos, fadas eram mais conectadas emocionalmente umas com as outras e com a natureza ao seu redor.

- Alteza! Quanto tempo! Que dia feliz é hoje! - Uma mulher continha um capuz de ceda, com um vestido verde sem detalhes. Suas asas eram transparentes, com bordas douradas e parecidas com as de uma borboleta.

O Beijo Da FadaWhere stories live. Discover now