Capítulo 25

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Edrian me encarava com um misto de vergonha e certo contentamento, quase imperceptível, mas visível para mim. Como? Não sei. Por algum motivo desvendar os sentimentos daquela fada não era difícil para mim. Como se o conhecesse muito bem, mesmo nunca tendo o visto. Ou talvez...eu já tivesse? Ele falava de mim. Era de mim que ele e Diana discutiam, não restava duvidas. Se eu estivesse ainda com o diário, poderia sanar minha curiosidade, mas o objeto sumiu após o ataque do Londors. Tentei procura-lo sozinha, mas não o encontrei e nem a Felicia. Também não podia falar com Rachel sobre aquilo, ou tomaria um esporro por pegar objetos escondida. Querendo ou não, foi um furto.

Antes que pudesse falar algo, a porta do quarto foi aberta e uma criada encapuzada entrou, andando com um pequeno carrinho. Parecia se tratar de um delicioso café da manhã. Diana não parece ter me esquecido completamente. Pensei, sentindo meu estomago acordar.

— Obrigado. — O homem fada agradeceu a criada, voltando-se para mim.

— Onde...onde devo passar?  — Perguntei, vendo-o se aproximar do pote medicinal e pega-lo nas mãos. Seus cabelos desciam como uma acachoeira de água cristalina, sobre o roupão de dormir, branco, com detalhes prateados e longo. Lindo. Lindo demais. 

— Meu corpo contém partes sensíveis devido a falta de alguns membros. Essa pomada me ajuda a não senti-lo.

 — Você perdeu algum orgão? — Olhei para o corpo esbelto da fada, percebendo que nunca havia parado para observa-lo completamente. O rosto do príncipe era tão encantador que me esqueci de tudo abaixo de seu pescoço.

Mas assim que desviei minha atenção para o roupão, me arrependi de ter o feito. Eu com certeza não sairia daquela posição tão cedo. Que corpo! Perfeito ao meu ver! Não conseguia entender a emoção que queimava em meu peito, como um vulcão em erupção, enraivecido por ficar adormecido a tanto tempo. Apesar da situação nada saudável em que Edrian se encontrava, seus músculos eram firmes e definidos, ao ponto de aparecerem sutilmente por baixo do tecido. A vestimenta possuía uma abertura no peito, que deixava seu abdomen parcialmente exposto. A pele branca estava com uma tonalidade diferente, mais saudável, quase leitosa. Ali não faltava nada, nem um pelo ou unha a menos.

— Sana?  — Edrian me chamou e pela sua expressão não havia sido apenas uma vez. — Entendeu como é passada a pomada?

— Me desculpe, alteza... — Minha língua se enrolou, enquanto minhas bochechas queimavam de vergonha. Era minha vez de desviar o olhar para qualquer ponto que não fosse seu rosto. —...fiquei surpresa com a informação. Você me parece muito bem.

— Obrigada pelo elogio. Vindo de você, me agrada muito.

— Pensei que todos diziam isso.

— Não é de costume do meu povo falar sobre beleza. Normalmente, eles se atraem mais por espécies estrangeiras.

Lembrei-me de quando cheguei na cidade do Comércio, logo em frente ao castelo, onde me encontrei com Martin. Me lembrava de como ele parecia encantado com algo em mim, do qual nem mesmo eu conseguia ver. Depois lembrei de seu irmão, e de como ele também parecia ver algo em minha aparência.

Me perguntei se Luara e Rachel não haviam sido afogadas por elogios, sabendo o quão mais atraentes as mulheres eram do que eu. A ranzinza de olhos verdes e a loira sedutora, eram duas predadoras vorazes entre os homens humanos de Deworend. Nunca me importei em achar cartas endereçadas a elas nas nossas viagens em grupos, ou em ficar sozinha nos bailes, enquanto as duas eram cercadas por pretendentes dispostos a leva-las a noite toda. Nem Forger havia escapado de tal charme. Mas naquele momento, meu peito se apertava com a ideia de que o príncipe perdesse o interesse que aparentava ter em mim e começasse a olhar para minhas colegas.

O Beijo Da FadaWhere stories live. Discover now