O Beijo Da Fada

Capítulo 11

Recomendação. Leiam acompanhando a música colocada no começo do capítulo. Caso seja difícil reproduzi-la, aconselho procurar no YouTube e colocar com tela minimizada.

Sana.

Eu não tinha certeza, mas a sensação que me rodeava naquele momento era um misto de nervosismo e estranheza. O anel sobre o meu dedo parecia apertar-me, pulsante como as batidas do meu coração. A única paisagem ao nosso redor, além do jardim, era da floresta que rondava o castelo.

— Nos conhecemos? — Ele era um príncipe, mas mediante sua aparência, esqueci completamente meus modos. E que fada exuberante! A luz que seus cabelos brancos carregava era semelhante a uma tempestade de raios. Sua pele tinha um tom muito claro, com uma barba raspada. Suas orelhas também eram pontiagudas como as dos demais, mas a emoção que as iris cinzas carregavam...transbordava intensidade. O bastante para que eu procurasse desviar meus olhos e me focasse em outro ponto.

— Não se recorda de mim? — A pergunta foi tão baixa, que tive duvidas se havia se dirigido a mim.

— Deveria? — Minha pergunta parecia tê-lo feito aquietar-se. Nenhuma palavra mais foi dita, permitindo o silencio reinar entre nós. Pensei comigo mesma que podia ter ofendido o homem. — Me desculpe, você não seria o vendedor da cesta, seria? — A aparência era totalmente diferente, mas se tratando de fadas, o que esperar? 

— Não. — Quando voltei e encarar seus olhos, a expressão extasiada ainda estava lá, como alguém que vira um morto levantar e andar. — Como veio parar aqui? Onde esteve durante todo esse tempo? Meu Deus, como estava preocupado! Por que não me procurou? Quando voltei, você já tinha ido embora. — Conforme suas perguntas eram feitas, o príncipe se aproximava de mim. E em questão de segundos seu corpo cobriu o meu em um abraço apertado. Seus braços se mantinham em minhas costas e seu rosto se encontrava colado ao meu pescoço. Juro que se não fosse um desconhecido, eu retribuiria o ato cheio de ternura.

O carinho era bom o bastante para que eu me sentisse no corpo de um bichinho de pelucia. 

— Calma aí! Vossa alteza, por favor, espaço. Por favor. — Seus cabelos eram muito volumosos para me deixar falar direito. — Alteza, estou me sentindo um pouco apertada aqui. — Minha voz estava mais fraca e fazia de tudo para que o principe não encostasse na adaga em minha cintura, escondida pelo vestido. 

— Você está tão linda! Como as estrelas do céu. Meu vaga-lumes voltou para mim. Diana me dizia sobre ter esperanças e devo admitir que permanecia cético, mas agora, com você aqui, acho que deveria ter acreditado.

— Creio que está me confundindo com alguém.

— Isso nunca seria possível. Jamais me confundiria. É você, meu amor. Minha luz voltou para os meus braços, de onde nunca deveria ter saído. — O homem se afastou levemente, encarando-me de perto, enquanto descia os olhos dos meus, para mais perto de minha boca. Ah, não. Ah, não! E antes que qualquer atitude precipitada fosse tomada, me desvencilhei do aperto firme, tropeçando com os saltos sobre o tecido branco das roupas reais. O som alto do meu corpo entrando em contato com a água da fonte chamou a atenção de outras pessoas.

Quando me ajustei com a situação, percebi que o principe também se encontrava sobre mim, molhado, mas com ambos os braços rodeando-me. Ele tentou me proteger? Foi o que me perguntei, sem entender suas atitudes. Edrian era louco. Por isso se mantinha recluso em seu quarto. Era a única explicação plausível para o que estava acontecendo. Ou doente...pelas descrições que Diana dera sobre sua pessoa. Mas a doença poderia afetar sua mente?

— Cuidado. — Seus olhos vasculharam-me todo o corpo, em busca de confirmar algo. — Não está machucada, está? Sente algum incômodo? — Neguei com a cabeça, observando uma expressão aliviada tomar conta de seu rosto. — Isso é ótimo. Mal chegou e já foi recebida com um banho de água gelada. — Apesar de não haver graça nenhuma em sua cara, muito menos diversão em seus olhos, algo me dizia que tentara brincar comigo.