Lance Criminoso

014

Anna.

Olhei pra cara do Felipe, viajando um pouco mais voltei na real quando apareceu um Thiago na minha mente com a arma apontada pra mim.

Abaixei a cabeça na hora mexendo minhas mãos inquieta.

Terror: tô com um bagulho pra te contar faz uns dias.

Só mexi a cabeça em sinal pra ele continuar e ele parou na minha frente.

Terror: tio Fiel ta no Mato Grosso

Olhei pra cara dele tentando raciocinar o que eu tinha haver com isso, poxa ele e tia Carol sumiram, deviam tar se comendo em algum canto por aí, fazendo o terceiro filho

Anna: idaí?

Terror: acharam Anna, acharam ela.

Falou mais baixo e eu arregalei meus olhos olhando bem pra cara dele, nessa hora nem a arma na mão do Thiago que tava bem fixada na minha mente perturbada me fez desviar o olhar.

Anna: como assim Felipe?

Levantei sentindo meu coração acelerar e ele balançou a cabeça concordando.

Terror: a fuga dela vai ser amanhã e se pa até depois de amanhã ela já vai tar aqui, com a gente.

Senti meus olhos lacrimejarem rapidamente e as lágrimas caíram, caíram demais mesmo.

Anna: você não ta falando sério né? pelo amor de Deus.

Terror: tô falando sério até demais, ela ta com a gente na cabeça, eu, você e o pai, ta prestes a fugir de uma cadeia e a única coisa que ta passando na cabeça dela é a gente.

Eu tava chorando demais, não conseguia acreditar, cara meu sonho era ter minha mãe presente comigo, eu demorei pra entender mais entendi que nada disso era culpa dela.

Já joguei muito a culpa pra cima dela, porque ela se envolve com isso e porque eu paguei por um erro dela? poxa eu cresci sem minha mãe.

Era o que eu mais queria, mesmo tendo minha vó e a tia Carol sempre comigo, faltava ela.

Mais eu entendi tudo com o tempo, ela não tava comigo porque ninguém achava, foi louco todo o esquema que meu pai fez pra encontrar ela e nunca achou.

Daí agora que ele ta jogado no hospital chega essa bomba, porra.

Isso fez minha cabeça doer, caralho cresci sem minha mãe só com o meu pai do lado, daí agora que meu pai ta com risco de morrer naquele hospital ela volta.

Porque eu não posso ter os dois do meu lado uma única vez na vida?

Suspirei limpando as lágrimas e virei meu corpo indo pra cozinha beber água e senti ele vindo atrás.

Terror: tu é complicada pra caralho de entender, ta feliz ou não?

Anna: tô Terror, tô feliz demais cara, mais eu tô com medo do meu pai não voltar nunca mais e agora? sempre tive meu pai e ficava sem minha mãe e agora a mãe volta e eu fico sem pai.

Terror: viaja não maluca, vaso ruim tu ta ligada que não quebra fácil, ele ta com a gente pra sempre lembra?

Anna: lembro mais às vezes da medo, essa vida de vocês é meu maior pesadelo

Terror: se liga Anna Luiza, se arruma lá, tô descendo pro posto agora e você vai junto.

Balancei a cabeça olhando pra ele e subi indo pro meu "quarto" trocar de roupa.

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Terror: porque você não veio antes?

Anna: eu tenho um Thiago na minha vida lembra? eu não mando no que eu posso ou não fazer.

Terror: agora manda, porque esse caralho de muleque ta bem longe da terra já.

Olhei pra ele que mexeu os ombros e eu respirei fundo voltando a olhar pro meu pai deitado naquela cama.

Tava pálido, cheio de aparelho, conversei um pouco com as infermeiras e falaram que o caso dele ta complicado pra caralho.

Se tem batimentos tem vida, então a gente ainda pode ter esperanças mais falaram que ta difícil.

Já faz uma hora que eu tô aqui e nesse tempo eu já chorei, já pedi desculpas, já rezei, já fiz de tudo e ver que ele não dá um sinal me mata.

Nesses últimos anos eu fui uma desgraçada pro meu pai, ele sempre teve por mim e eu me afastei dele do dia pra noite, meu pai foi fechado pra tudo mais pra mim ele sempre mudava a postura mas com o tempo eu parecia que não tinha mais pai, nem família.

Fiquei longe de todo mundo só pra continuar com o Thiago.

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