018

7.5K 634 101
                                    

Anna.

To tremendo, 3 horas da madrugada e eu escutei o Felipe na ligação com o tio Fiel falando que eles tavam saindo lá de onde eles tavam.

Terror: calma caralho, se liga Luiza respira aí antes que tenha um treco.

Anna: vai tomar no cu seu porra.

Terror: teu mal é sono, vai dormir quando eles chegarem eu te acordo lá.

Anna: meu humor fica ruim se me acordarem.

Terror: e quando teu humor é bom?

Anna: quando eu não tô com você.

Subi as escadas me enfiando no quarto e peguei meu celular me jogando na cama, internet tava parada só comentando da fuga da minha mãe.

Viver nesse mundo parece ser surreal ás vezes, o Brasil inteiro atrás de todo mundo que eu sou cercada dês de quando eu nasci.

Eu vejo eles todo dia cara.

A famosa Índia fugiu da cadeia e ta vindo pra onde? pra minha casa, porra ela é minha mãe.

Viajo nessas coisa mesmo.

Eu não sei o que eu tava sentindo exatamente, meu coração tava acelerado mais ao mesmo tempo parecia que ia parar, minha garganta tava embolada em um nó e nem água resolvia o meu sufoco, eu real não sabia o que precisava pra fazer esse sentimento passar.

Era um negócio ruim, de solidão por saber que não tinha ninguém pra mim chegar falando o que eu tava sentindo.

A viagem deles ia ser longa já que depois que o jatinho pousar ainda leva horas pra chegar aqui na favela.

Puxei minha mochila jogando tudo na cama e sentei de perna de índio amarrando meu cabelo em um coque.

Arrumei a piteira e peguei o dichavador cortando minha erva, bolei na seda e acendi sentindo meu corpo relaxar de imediato.

Calma Anna Luiza.

Vi o Terror passando no corredor e olhando pra mim negando com a cabeça.

Fechei meus olhos tragando mais uma vez e me deixei viajar na onda da minha brisa.

Minha mente foi acalmando mais o coração não, era um dor que machucava por dentro e nem eu entendia o motivo.

Respirei fundo e puxei mais algumas vezes antes de apagar e deitar na cama sentindo meus olhos pesarem pelo efeito.

_____

Acordei sentindo meu corpo implorando por comida, larica do caralho, sentei na cama puxando meu celular e vi que era 6 e pouco da manhã, dormi por 3 horas.

Desci as escadas vendo o Felipe animadasso pela sala, sorrindo como nunca.

E junto com ele tava o Farias que veio doidinho me abraçar.

Farias: carai menina sumida.

Anna: oi best, saudade de você.

Farias: tava por onde em? com aquele namoradinho feio metido a esquisito seu né?

Revirei os olhos saindo do abraço e olhei pro Felipe que tava mexendo no celular.

Farias: aquela cachorra da Yasmin ta querendo falar com você.

Anna: tô sendo mantida em cativeiro nessa casa.

Terror: ficou dois anos em cárcere privado com o seu amorzinho lá e nunca reclamou.

O Farias balançou a cabeça e eu sai indo direto pra cozinha, render papo pra esses louco não.

Tava mortinha de sono mais minha fome tava maior e eu já tava querendo me jogar da janela com aquele sentimento ruim tomando conta do meu corpo de novo.

Mais que porra.

Dei uma mordida no meu pão escutando mais um grito do Terror que tava xingando até o vento.

Mais dessa vez eu entendi quando escutei fogos, não era os fogos de quando tinha invasão, era os fogos de comemoração.

Meu coração acelerou na mesma hora e eu paralisei indo pra sala vendo o Felipe andando de um lado pro outro, agora quem ia ter um treco era ele.

Anna: chegou?

Falei baixinho e o Farias concordou com a cabeça passando o braços pelo meu pescoço.

Meu senhor amado.

Escutei de longe uns barulho de tiro e a voz do tio Fiel passou pelo radinho do Farias.

Fiel: ê porra, vamo acordar essa favela inteira caralho.

Gritou felizão e o Terror tirou a camisa dele pegando o fuzil que tava encostado na parede do canto e saiu pra garagem atirando pro alto.

Balancei a cabeça rindo vendo ele puxar o portão abrindo tudo e fazendo maior movimento na rua.

Gente, 7 horas da manhã.

Eu não sabia nem o que fazer, tava sem reação nenhuma só sentindo meu coração bater parecendo que ia sair pela boca.

Suspirei ouvindo um buzinasso e de longe escutava o ronco das motos subindo a favela.

Caralho.

E como passe de mágica vi as motos aparecendo na rua, junto com um monte de carro parecendo carreata, os dois primeiros carros escuros pararam e eu olhei pra trás vendo o Farias que abaixou o olhar pra mim sorrindo.

Farias: tua mãe voltou best.

_________

Lance Criminoso Unde poveștirile trăiesc. Descoperă acum