019

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Índia.

Vi o morro se aproximando, de longe se via as casas amontoadas, minha favela, meu Vidigal.

O carro subiu na rua que dava pra barreira e eu me atentei em cada detalhe que tinha mudado, praticamente tudo.

Foi uma volta no tempo do caralho quando eu escutei os tiros pra cima misturados com os fogos, lembrei de quando eu busquei o Vilão na cadeia.

Mais porra ele ficou 5 anos e eu 15.

Desci do carro sorrindo jogando meu cabelo pra trás e cumprimentei todo mundo que tava lá na entrada, só os parceiro das antiga.

Saudade tava demais cara, meu coração tava batendo forte pra um caralho.

Rayssa: caralho Manuela.

Desceu a rua correndo junto com a Liz e eu ri abraçando as duas ao mesmo tempo.

Liz: saudade de você desgraçada.

Falou rindo enquanto me apertava.

Rayssa: continua linda, perfeita, maravilhosa mesmo acabada.

Mostrei o dedo pra ela vendo a Carol chegar na rodinha gargalhando.

Carol: meu grupinho fav, junto novamente.

Índia: vamo carai quero ver é as criança, meus filho, meus afilhado.

Rayssa: criança?

Falou rachando e a Liz passou a mão no meu cabelo negando com a cabeça.

Liz: vão ser pra sempre criança, mais só nas nossas cabeças mesmo porque se pegar pra ver você tem um ataque do coração.

Fiel: vamo porra.

Virei pra trás xingando até a última geração de e entrei dentro do carro, dessa vez com as meninas junto e foi subindo no maior buzinasso.

E era moto correndo, dando grau, tiro pro alto, fogos, carro buzinando, maior bagunça mais é dessa bagunça que eu gosto e sentia falta.

Lembrava perfeitamente de todas essas ruas, mudou algumas coisas mais dava pra reconhece cada ponto.

Fiel passou pela rua onde fica ou ficava a minha casa, não sei, e foi pra uma de cima.

Índia: tamo indo pra onde?

Fiel: casa do desesperado do seu filho, ta enchendo meu saco aqui.

Sorri com a imagem do meu menino na cabeça.

Índia: meu bebê já mora até sozinho?

Liz: bebezinho demais viu, Terror é o menino maluquinho dessa favela.

Falou na ironia e eu ri olhando pra cara dela.

Índia: Terror?

Carol: nem te falei né? Felipe é terrorista minha filha, sempre foi, lembra quando ele era neném e juntava com o Max?

Lembrei na hora dele mandando o Max morder as criança que tinha alguma parada que ele não tinha.

Fiel: botei fé no terror dele sempre, mais depois que matou o Rodrigo eu nem duvido de nada vindo dele.

Índia: é o Terror mesmo.

Meu Terrorzinho.

O Fiel parou o carro e eu respirei fundo tentando acalmar meu coração que voltou a bater forte

Ainda mais quando eu olhei pelo vidro vendo ele de primeira, com a arma na mão atirando pro alto e mais atrás a menina que olhava pro menino que tava atrás sorrindo e falando alguma coisa pra ela, o cabelão preto e a tatuagem de rosas ao redor do braço me fez saber que era ela.

Meus meninos.

Índia: Carol eu vou desmaiar.

Ela riu abrindo a porta e me encarou de fora.

Carol: anda minha filha.

Puxei o ar saindo do carro e senti meu corpo inteirinho tremer quando meu olhar bateu com o dos dois que agora tavam lado a lado.

Isso é realmente real?

Senti um empurrão e era o Fiel me tirando do meu transe e pelo visto tanto o Felipe quanto a Anna Luiza tavam viajando igual a mim.

Senti meus olhos arderem e meu rosto molhar, tava chorando, não era pouco não.

Índia: meu menino e minha menina.

Falei baixo mais eu sei que eles escutaram, andei até eles devagar não conseguindo acreditar que tudo realmente tava acontecendo.

Passei uma mão na bochecha dele que soltou a arma com tudo no chão e a outra no cabelo dela colocando uma mecha atrás da orelha.

O mundo atrás de mim tinha parado, na minha cabeça só tinha eu e eles, só nós.

Abracei os dois em um único abraço escutando o soluço da Luiza e o suspiro de alívio do Felipe, como um se fosse um "finalmente".

Terror: mãe.....

Falou baixo e quem soluçou agora foi eu, eu tava chorando, chorando de verdade mesmo, era o meu sentimento mais verdadeiro.

Meu amor por eles, pelos meus filhos.

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Lance Criminoso Where stories live. Discover now