Fui buscar as minhas coisas, pagar o hotel e despedir-me do Rui.
- Adeus amigo. - Obrigada pela força. - Deixo o meu número de telefone.
- Adeus não. Até já. - Quando a tua folga coincidir com a minha, quero que vás lá a casa conhecer a minha família.
- E eu irei com muito gosto. Obrigada por tudo, disse, dando-lhe um abraço.
E parti rumo à minha nova vida.
Cheguei ainda meio perdida naquele casarão e serviram-me o jantar. Pela primeira vez desde que saí da minha cidade comi uma refeição decente.
Arrumei as minhas roupas e demais coisas e fui dormir. Estava exausta mas feliz.
Na manhã seguinte acordei cedo. Fui até à cozinha. A Lúcia fez-me um café maravilhoso. Já nos conhecíamos da noite anterior. Ficámos de conversa até que apareceu Alice com a Lia ao colo.
- Alice! Dê-me a Lia. Tome o seu café sossegada.
A Lia era uma menina linda. Muito parecida com a mãe. Moreninha e de cabelos escuros cacheados. Veio para o meu colo sem fazer qualquer cerimónia.
- Hoje ainda não é o teu dia de trabalho mas vou explicar- te toda a rotina desta casa e desta princesa, diz Alice.
- Esteja à vontade. - Eu não tenho para onde ir, não conheço ninguém aqui.
- A minha mãe juntou-se a nós à mesa.
- Bom dia. Madrugaram!
- Bom dia mãe. Está um dia lindo. - Podemos sair e mostrar à Ju onde é a pracinha que costumamos levar a Lia. Vamos as quatro.
- Está bem. Deixa só eu tomar café.
-Enquanto isso vou trocar a Lia. Anda Ju. Mostro-te o quarto dela.
Mostrei-lhe o quarto da pequena e o resto da casa.
- Aqui neste quarto não vamos entrar. O meu irmão não gosta de invasão. Hoje e amanhã tem show não está cá. Só volta segunda feira.
O próximo também é dele. Os dois estão ligados. Este serve de escritório já que ele trabalha em casa.
Passa os dias enfiado entre um e outro. Normalmente só sai nas noites de quarta e sexta feira para a esbórnia. Aos sábados e domingos canta.
Só o vemos às refeições e não são todas. Nos quartos dele só é permitida a entrada para limpeza.A minha mãe já nos esperava e fomos as 4 até à pracinha. O sol ainda não estava muito quente, mesmo assim a Lia ia com chapéu.
Tomámos um suco na esplanada e pusemos a conversa em dia. Quanto mais eu contava da minha vida mais elas queriam saber.
- Conta aí Ju! Porquê arquitectura?
- Eu gosto muito de história de arte mas sou apaixonada por edifícios.
O design do edifício, as janelas, as portas. O porquê de estarem neste lado e não naquele. Não sei donde veio isso mas amo.- Aqui em S. Paulo temos uma boa faculdade de arquitectura.
- Vamos regressar, disse Inês. - O sol já começa a aquecer.
- Vamos.
Regressámos a casa e foi a vez de aprender a preparar as papas da bébé e conhecer a rotina dela.
Eu apontava tudo num caderno. Sempre fui assim, muito disciplinada. Não queria falhar principalmente com a criança.
- Alice! - Quem trata da roupa da Lia? Eu quero tratar. Posso fazer isso enquanto ela dorme. E posso também fazer outras coisas aqui em casa. Ajudar a Lúcia por exemplo.
- Da roupa da Lia até pode ser. De resto não é preciso fazer mais nada. A Lúcia tem uma ajuda. Quando não tiveres nada que fazer, vês TV, lês um livro, enfim, fazes o que quiseres. Não precisas trabalhar 24 horas contínuas.
Até porque a pestinha da Lia vai dar tanto trabalho que quando ela adormecer tu apagas também.
A seu tempo verás.Uma das coisas que me apaixona nesta casa é a àrea externa. Uma àrea com piscina, relva, e uma mata ideal para caminhar. De certeza nas minhas folgas vou fazer muitas caminhadas aqui.
Foi o que aconteceu Domingo. Já que só começava segunda feira, Domingo acordei cedinho e fui explorar a mata.
Calcei uns ténis confortáveis e lá fui eu.
Depois de uma meia hora, encontrei um riacho. Naquele local um pouco mas largo e fundo fazia uma espécie de lago. Não resisti e entrei mesmo vestida. A àgua gelada estava uma delícia pois o dia estava quente.Voltei ensopada e com os ténis tchok, tchok.
Sorri, olhei para o céu e agradeci.
- Obrigada meu Deus.
![](https://img.wattpad.com/cover/353528650-288-k418238.jpg)