Capítulo 9

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Eu queria ouvir a explicação dele mas ainda estava muito magoada.

Não ia ser fácil se ele voltasse a insistir.   Eu amo-o, eu sei que amo, mas  senti-me desprezada naquela noite.

Fui rejeitada sem ao menos saber a razão.

Faltavam 2 meses para terminar o ano escolar.  Alice já tinha falado comigo sobre as minhas férias.   Confesso que não tenho planos. 
Amigos a sério eu só tenho o Tomás e agora ele quer ir embora.

Passou um mês desde o acontecido com o Rodolffo.  Ele nunca mais me procurou.
Alice veio ter comigo ao quarto e fechou a porta.

- Ju! Preciso de falar sobre o meu irmão.   Não sei mais como ajudar.

- Sou toda ouvidos.

Contei à Ju tudo sobre o passado do Rod.   Ela precisava de saber e ele não tinha coragem de contar.

- Puxa!  Era só ele falar.  Porquê guardar as coisas que nos fazem mal?

- Eu digo o mesmo mas ele não escuta.   Já mandei ele procurar ajuda e nada.

- E o que eu posso fazer? Perguntei.

- Conversa com ele Ju.  Se a iniciativa for tua talvez ele se abra.

- Ju!  Este final de semana vou novamente para casa dos meus pais.
Já sei que ele não tem shows.  Ele não tem tido disposição para cantar,  então tem recusado alguns.
Tenta conversar com ele.  Eu sei que tu gostas dele.

- É muito mais que gostar.  Com ele queria tudo,  só ele não quer.

- Vou dispensar a Lúcia para ficarem sós.

- Mas ele vive no apartamento agora!

- Não fica longe.  Dou-te a morada.  Se ele não vier,  vai lá.

- Vou ver se ponho juízo naquela cabecinha.

Saí do quarto da Ju um pouco mais aliviada.  Em tempos de guerra temos que recorrer a todas as armas.

Na cozinha encontrei o meu irmão.  Estava de saída para sua casa.

- Mano, amanhã vou ver os pais.  Queres vir?

- Não posso.  Vou fazer umas alterações no apartamento para mudar o escritório para lá.

- Porquê?  Já vi que qualquer dia tenho que notificar-te para te ver.  Agora já te vejo tão pouco.

- É necessário para bem de todos.

- Quem são os todos?  Eu não de certeza.

- Adeus mana.  Até amanhã.

Ju vinha a descer e ouviu a conversa.

- Vês, Ju?  Conto contigo.  Aff.. homens!

Sábado acordei sózinha naquele casarão imenso.  Tomei o meu banho, vesti um short jeans e um top.  Estava muito calor.
Penteei os cabelos e fiz uma trança que caía do alto da cabeça.

Tomei café e lá fui eu.  Missão:  resgatar Rodolffo.

Cheguei no prédio dele, identifiquei-me e liberaram a minha entrada.

Bati à porta e esperei um pouco.

- Oi Ju!  Algum problema lá em casa?

- Não.  Posso entrar?

Ele abriu passagem para que eu entrasse.

- Senta.  Disse depois de se sentar no sofá.

- Vim aqui resolver a nossa questão se é que ela existe.  Só saio quando me contares tudo o que te agonia incluindo o que se passou naquela noite.   Sei que já tentaste mas agora é que estou preparada para ouvir.

Ele ficou mudo, olhou para mim e baixou os olhos.

Segurei no rosto dele com as duas mãos.

- Fala!  Abre-te comigo  por favor!

- Não sei se consigo.  Queres tomar algo?

- Não.   Só te quero ouvir.

Sentei-me de frente para ele, segurei as mãos dele e olhei-o nos olhos.

- Podes começar.

Ele começou a contar tudo o que Alice já me tinha contado mas eu fingi que era a primeira vez que ouvia.
De vez em quando parava e respirava fundo.
E contava como foi machucado, como machucava e como vivia uma vida fútil onde valia tudo para sair por cima.

- Por isso eu fugi, por isso não te quis por isso te machuquei.  Não por não gostar de ti mas com medo de sair machucado.  É sempre por mim. É sempre eu, eu e eu.

- E isso está resultando?  Vais chegar onde?  Neste apartamento sózinho, longe de quem te quer bem?  Já pensaste no sofrimento da tua família ou achas que eles não sofrem?

- Eu sei.  Já estou procurando ajuda.
Já marquei consulta com um psicólogo na semana que vem.

- Bom.  Isso já é um passo em frente.

- Ju!  Perdoa-me.

- Fica em paz.  Está tudo bem.

- Quem está lá em casa?

- Estou sózinha.   Vou aproveitar e estudar um pouco.

- Almoça comigo!  Como sinal de perdão.

- Almoço sim.

Ele pediu almoço no restaurante do prédio.

Conversámos mais um pouco.

- Obrigado por teres vindo.  Fez-me bem.

Demos um abraço apertadinho e fui embora.

O resto do dia passei mergulhada nos livros.  O tempo passa rápido quando estudamos.

Eram horas de jantar e fui para a cozinha fazer o jantar.

- Alexa! playlist das músicas do Rodolffo.

Estava no meu apartamento revendo toda a nossa conversa e me dou conta de que ela estava só naquele casarão.

Será que ela tem medo?  Vou até lá.

Cheguei e logo ouvi a minha música.

Entrei na cozinha,  ela estava mexendo uma panela e abanando as ancas ao ritmo da música.

Fiquei em silêncio apreciando até que ela nota a minha presença.

- Estavas aí há muito tempo?

- Não!  - Cheguei mesmo agora, menti.

- Pensei que tinhas medo de estar sozinha por isso vim.  Queres que durma aqui?

- Ué!  A casa é tua.  Eu não tenho medo mas ter outras pessoas em casa é diferente.

- Ajuda eu preciso para preparar o jantar.

- Que vai ser o quê?

- Peito de frango grelhado, arroz e salada.

- Boa!  Gosto muito.

Fizemos o jantar, ele pôs a mesa enquanto eu temperava a salada e Sentámo-nos à mesa para degustar  a refeição.

Terminada a mesma seguimos para a àrea externa é ficámos à conversa sobre os mais diversos assuntos.   Nada relacionado connosco.

A noite começou a esfriar.

- Ju, está a ficar frio.  Vamos subir?

- Sim.  Já está tarde.  Vamos dormir.

Subimos,  demos um beijo na face um do outro e seguimos cada um para o seu quarto.

Ambos parecíamos em paz.








Sétimo Sol Where stories live. Discover now