Capítulo 13

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Cascais

Hoje amanheceu e Tomás disse que íamos sair para eu conhecer um pouco do local.

Tomámos café numa das pastelarias do largo Camões no centro.  Deixámos o carro no estacionamento e seguimos a pé.

A Baía de Cascais é a coisa mais linda.

O passeio marítimo,  os restaurantes,  os jardins, Cascais parece uma daquelas Vilas dos  postais ilustrados.  Caminhámos à beira mar até ao Estoril com seus castelos e jardins.

Muita gente na rua, muita gente em esplanadas.

E o tanto de brasileiro?  Minha nossa,  senti-me numa qualquer cidade do Brasil.  Ouvi o sotaque mineiro, o goiano, o carioca, de tudo um pouco.  Também outras nacionalidades bem identificadas pelos trajes e pelas características.

Aqui tem uma pessoa de chinelo com bermudas junto com gente de terno.  Cada um anda como quer.  Não tem essa cena de moda. Cada um faz a sua.

Almoçamos num restaurante dos vários existentes dentro do Casino do Estoril.  Moço!  Tem gente almoçando com gente tomando apenas uma bebida e gente gastando o dindim nas máquinas de sorte e azar.  Tudo junto e misturado.

É muito interessante.  Quem joga?  As senhorinhas com mais de 60 anos são as mais viciadas. Tens umas que chegam à abertura por volta das 15 e saem às 3 da madrugada porque é hora do fecho.

Cascais tem muito bons parques de lazer.  Por certo isso vai amenizar as saudades do Brasil.  Não das pessoas que ficaram.

...

Brasil

Hoje acordei mais triste.  Sonhei toda a noite com ela. Daqui a pouco tenho terapia.  A sessão de ontem correu bem.  Consegui desabafar tudo.
Fui à faculdade dela para tentar ver se havia hipótese de saber para onde tinha transferido a matrícula.

Não têm essa informação disse o auxiliar da secretaria. 

- Apenas emitimos os documentos necessários para que a matrícula seja feita em qualquer lugar.

- Sabemos que outro aluno da mesma sala saiu também e esse sabemos que foi para Portugal porque ele disse especificamente para onde ia.

- E eu poderia saber o nome desse colega?

- Pode, sem problema.  Tomás Albuquerque.

- Muito obrigado.

Pesquisei nas redes sociais este nome.
Tomás Albuquerque.   É ele, o granfino que a levava a casa.  Por certo estavam juntos e foi ter com ele.

Liguei para o aeroporto e questionei se domingo tinha embarcado alguém com o seu nome.

- Senhor, essa pessoa embarcou no voo das 11 horas com destino a Lisboa.

Trouxa, pensei.  Aqui a sofrer por uma pessoa que enganou todo o mundo.  Aquela carinha de anjo!

Talvez não seja assim, talvez seja só a raiva a tomar conta de mim. Talvez sejam ciúmes, mas, ciúmes porquê se eu é que não quis.

Ai!  A minha cabeça doía com tanta informação.

Cheguei a casa e contei à Alice a minha descoberta.

- Estou muito desiludido,  mana!
- Tenho a certeza de que foi atrás dele.  Já deviam estar de caso e nós fomos feitos de trouxas.

- E tu és trouxa mesmo!  Nunca percebeste que o Tomás é gay?  Ela até pode ter ido ter com ele mas não pelo motivo que tu pensas.  Lembra-te que era o único senão o único amigo que ela tinha.

Senti um alívio e sorri para a minha irmã.

- E agora? Perguntou ela.

- Agora, o meu objectivo de vida é ir buscá-la.  Demore o tempo que demorar.

- Esse sim! É o meu irmão.  Forte e decidido.  Demos um abraço apertado.
- Conta sempre comigo, mano.

Cascais
2 meses depois

Já tinha efectuado a matrícula na faculdade e já tinha conseguido um emprego como assistente administrativa de um gabinete de arquitectura dos mais conceituados.

A dez minutos de casa bem aqui no centro de Cascais, um amigo de longa data do pai de Tomás,  ofereceu-lhe a vaga mas ele queria dedicar-se 100% aos estudos e sabia que não conseguia fazer as duas coisas.
O problema é que ele não precisa.  O pai banca as despesas.  Eu não.  Preciso de ir à luta.

O Tomás apresentou-me ao Diogo, o arquiteto sócio maioritário do gabinete,  e para minha sorte ele contratou-me.

Diogo, 48 anos, alto, loiro com a pele dourada pelo sol, divorciado, era uma simpatia.  Não fosse ter o meu coração ocupado e fechado e quem sabe.

Sai  pensamento ruim. E sorri para mim mesma.

A vida seguia o seu ritmo normal.  Hoje acordei indisposta, com náuseas.   Talvez do marisco que comemos ontem.  Não estou habituada.
Por aqui come-se muito peixe e marisco não fosse isto uma vila piscatória.

Sempre tem uns restaurantes brasileiros para matar saudade.

Segui para o trabalho, passei na pastelaria e tomei só café.  Meninas! Como é forte o café daqui.  E a maioria toma sem açúcar.
Mais tarde desceria para comer alguma coisa.  O bom é que podemos fazer um intervalo a meio da manhã e as pastelarias ficam no rés-do-chão dos edifícios.

As aulas da faculdade só iniciam daqui a dois meses.  Tenho tempo para me organizar no trabalho.

Por enquanto fazia horário completo das 9 às 17 horas mas depois só das 9 às 13 pois às 15 horas iniciava as aulas.

A estação do comboio fica a 5 minutos daqui do trabalho, 30 minutos até Lisboa, 10 minutos de metro e estava na faculdade.
O preço dos transportes aqui é muito acessível.

Com um passe 40 euros temos acesso a comboio, metro, autocarro e eléctrico que aí no Brasil são: o trem, metrô,  ónibus e bondinho.

Aqui no município de Cascais temos passe grátis para todo o município.  A Câmara disponibiliza autocarros para a toda a população. 

Tem muitas coisas boas mas como nada é perfeito o trânsito é caótico.

É tanto carro na rua que fica dificil o estacionamento.

N/A

Desculpem ter-me alongado nestas descrições mas queria apresentar-vos a terra onde vivo.
Cascais é muito bonita.











Sétimo Sol Where stories live. Discover now