Capítulo 34

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Eu já voltei ao trabalho.  A Ju por enquanto tem conseguido lidar com as duas crianças.  Com  a ajuda da Fátima tem sido mais fácil.

Hoje os meus pais vêm da xácara para a casa da Alice.  O meu pai tem um grave problema de saúde e hoje precisa ir à consulta de cardiologia.

Há tempos foi-lhe diagnosticado angina de peito e recomendado cuidado na alimentação e no descanso.  Sem falar na bebida.

Claro que sózinho com a minha mãe na xácara não faz nada do que deve.

Ao final do dia vou levá-lo à consulta.

Findei o dia de trabalho, passei em casa, dei um  beijo na família,  tomei um banho e fui buscar o meu pai.

Por todo o caminho até ao consultório foi a protestar.
Porque estou bem, porque vocês são chatos, porque se preocupam demais.

Depois de alguns exames seguimos para o gabinete médico.

- Sr.  Vicente! Como está a alimentação e quanto a bebida.

O meu pai era muito directo.  Sem papas na língua disse:

- Como e bebo o que me apetece. Tenho descansado um pouco mais porque já me canso muito.

- Se é para não comer o que gosto, que interessa andar cá? Troco 1 ano de vida por um bom churrasco.  Eu sei que não vou chegar aos 100 mas os que cá andar quero vivê-los como quizer.
Não prejudico ninguém.

- Por isso agora dás uma folga à xácara e ficas cá. As tuas netas precisam de conviver contigo.

- Fico só por elas.

Medicação e tratamento anotados regressámos a casa.

- Pai! Tens que ter cuidado.  Ainda és novo. Ainda te queremos cá muitos anos.

- Mas eu sei que não tenho muitos anos, então,  deixem-se viver ao meu gosto.

- Ficam na Alice mas se quiserem também podem ficar connosco.  A Ju gosta muito de vocês.

- E nós dela, mas, por enquanto ficamos na Alice.

Ficávam na casa da Alice de segunda a sexta.  Sexta à tarde iam todos para a xácara até segunda.   Foi o melhor acordo que conseguimos.

A vida seguia normal até uma quinta feira.  O meu pai jantou cedo e disse sentir-se cansado.

Deitou-se cedo e infelizmente não acordou mais.
Morreu durante o sono.

Quando a minha mãe foi dormir ainda falou com ele mas foi  a última vez.

Todos estávamos em choque sem querer acreditar.

A Lia já tinha noção do que se passava, mas foi difícil explicar à Matilde.
Eu expliquei mas ela não entendeu nada.  Então veio a Ju explicar.

- Senta aqui princesa.  Lembras-te quando a mamãe contou da vó Elsa?

- Sim.  A vovó Elsa que estava doente e foi para o céu?  Porque ela era teimosa e não queria tomar o remédio.  Então,  Deus levou-a para dar o remédio.

- Isso mesmo,  E agora o vô Vicente também estava teimoso e Deus levou ele também.  Agora estão lá os dois.  Um ajudando o outro.

- Ah! Já entendi.  Mas eu tomo o remédio da barriga quando a mamã dá.

- E está certo assim, diz o Rodolffo.

- E estás triste papá?

- Só um pouquinho.  Mas à noite eu olho o céu e estão lá duas estrelinhas que são o vô e a vó.

- Depois mostras-me?

- Mostro sim.

- Dei um beijo na minha esposa e agradeci a ajuda.

- De nada amor.

Terminadas as exéquias fúnebres, reunimos todos na casa da Alice.

Eu queria que minha mãe viesse morar comigo, mas, ia deixar que ela e a Alice resolvessem.

- Por enquanto a mãe fica cá.  Depois com calma ela resolve.

Os meses passaram.  A nossa Margarida estava para completar um ano.
Não teria festa pois a morte do meu pai ainda está muito presente.  Ela também ainda não percebe.

Eu tenho vindo a adiar um assunto que já devia estar resolvido.
Sentei-me com a Ju para conversar.

- Amor! Sei que não estamos em clima de festa mas eu quero casar antes de acabar o ano.

- Oxii!! Porquê a pressa?

- Eu gostava.  Tenho uma proposta.  Casamos pelo registo e fazemos só um almoço de família e depois mais tarde quando já tivermos espírito para festas fazemos e religioso e o baptizado da Margarida.

- Parece-me bem.  Tens alguma data específica?

- No início do ano que vem.  Escolhe o dia.

A minha mãe veio para nossa casa.

A Ju ia trabalhar no escritório em part time e o resto faria em casa.

Iria ao escritório ou de manhã ou de tarde conforme conveniência do trabalho e sendo assim precisávamos de ajuda com a Margarida.

A Matilde já tinha começado a escolinha.  Tinha um autocarro que a levava e trazia.

Minha mãe mais conformada com a perca do meu pai veio ajudar com  a Margarida.

Está vida é tão passageira.  Num piscar de olhos já se passaram mais 4 anos.

Aconteceu o casamento civil mas o religioso ainda não.

O Diogo substituiu a Ju pelo Tomás que  veio de vez com o seu João.

A Ju prestará trabalhos como freelancer.

- Porquê? Perguntam vocês.

- Pois é! A Ju está novamente grávida e pasmem: gémeos.  2 menininhos.

Com tanta criança optou por não trabalhar a tempo inteiro.

A Alice realmente não quis mais filhos.

A minha mãe está radiante com a chegada dos netos e a Matilde nem se fala.

A Ju está a coisa mais linda com a barrigona dela e eu não podia estar mais feliz.  Sempre quis uma casa cheia.  Hoje tenho 4 filhos e uma esposa maravilhosa.

- Os meus sóis!

- Esperem lá! 4 + 1 = 5 para 7 falta 2.

- Fico a sonhar e a cantar lá num futuro próximo.

- " é o Sétimo Sol que eu vejo nascer"

FIM



Sétimo Sol Where stories live. Discover now