Capítulo 31

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A vida seguiu o seu curso dentro da normalidade.

Já estávamos na nossa casa nova.

Estávamos felizes.  A gravidez estava normal tal como foi a da Matilde.   Contámos à família só depois de sabermos o sexo.  Vinha aí outra princesa.

Quem estava radiante era  a Matilde.  Todos os dias perguntava pela chegada da mana.  Já até tinha separado algumas roupas e brinquedos para lhe dar.

Durante a semana e sempre que era possível eu e o Rodolffo almoçávamos juntos.   Nem sempre era possível pois ele ausentava-se bastante para acompanhar algumas obras.

Os shows de fim de semana regressaram em força.  Os mais perto da cidade eu acompanhava mas quando era longe preferia ficar a descansar.   Nesta gravidez a barriga cresceu mais que da primeira.

Hoje era sábado.  O show era no estado de S.Paulo mas numa cidade bem distante.
Rofolffo estava a tomar banho quando vejo uma mensagem acabada de chegar no seu telemóvel.

- Vêmo-nos hoje?

Vi o nome do remetente da mensagem.   Carla.

Tirei uma foto da mensagem com o meu telemóvel.  Um dos membros da equipe fazia sempre live dos shows.
Vou ficar atenta.

Fingi não ter visto nada e continuei a arrumar a mala dele.
Ele saiu do duche e começou a vestir-se.  Pegou no telefone, leu a mensagem e pousou-o novamente.

Já fiquei fula mas não o demonstrei.

- Amor! Regressas a seguir ao show?

- Talvez só Domingo à tarde. Depende da hora que acabar o show.

Ele saiu e eu entrei nas redes sociais dele mas não encontrei nenhuma Carla.

Já estava no setimo mês e uma barriga enorme.  O sexo entre nós vinha diminuindo por causa do desconforto.  "Ou seria por outro motivo? "

Resolvi ignorar o assunto e seguir o meu dia.

Fui ao parquinho com a Matilde.  Já não conseguia fazer muitas brincadeiras com ela.

O dia terminou e preparei-me para assistir à live do show.

As postagens sobre o atendimento aos fãs no camarim não mostraram grande coisa com excepção de uma morena escultural que abraçou o Rodolffo de modo suspeito.  Trocaram poucas palavras que no vídeo foram imperceptíveis.

O show decorreu com normalidade mas as minhas suspeitas aumentaram.  A morena estava a assistir ao show junto com a equipe.

Pesquisei os vários storys da equipe e num dos membros estava a referência.

" magnifico show com a linda Carla"

Não vi nada mais.  Aguardei o fim pois habitualmente o Rodolffo ligava.

Não ligou.  Mandou mensagem.

- Já é tarde, deves estar dormindo. Regresso amanhã à tarde.  Beijo.

Nunca ele tinha mandado mensagem a não ser que ligasse e eu não atendesse.  E foi muito seco convenhamos.

O que eu já passei na minha vida permite-me reagir com cautela.  Sofrer por antecipação jamais, mas amanhã vou querer saber tudo.

Domingo amanheceu chuvoso.   A Alice, o Marcos e a Lia passaram cá e levaram a Matilde para o cinema e depois ia dormir lá em casa.  Fiquei feliz pois não quero que ela assista à possível discussão com Rodolffo.

Eram 18 horas quando ele chegou.

Deu-me um beijo, perguntou pela filha e subiu para tomar banho.

Desceu um pouco depois estava eu a pôr a mesa para o jantar.

- Queres ajuda?

- Para por a mesa não?

- Então? 

- Não tens novidades para me contar?

- E porque teria? Está tudo normal. Porque a Matilde vai dormir na Lia?

- Julguei que tinhas algo para conversar comigo e não queria que ela estivesse presente.

- Não tenho nada para dizer.

Mostrei-lhe a mensagem e o print do story do elemento da equipa.

- Isso não quer dizer nada.

- Para ti talvez.  Para mim diz demais, mas, se não queres falar é direito teu.  Até tomares vergonha e me contares o que se passa não me dirijas a palavra.

- Estás a supor coisas que não existem.

- Prova que estou errada.

- Não tenho nada a provar. Não fiz nada.

- Bom regresso ao passado, disse e saí dali.

Ele não falou mais nada e eu nada mais perguntei.

Durante os 15 dias seguintes só falámos sobre assuntos relacionados com a Matilde. 

Eu dormia num dos quartos extra da casa e ele no nosso quarto.

Quero ver até onde ele consegue ir.
Ele não conhecia este meu lado.  Se é para ignorar eu também sei.

Os shows dos próximos 2 fins de semana foram cancelados.  Se ele tinha outra por certo ia dar um jeito de sair de casa mas não.  Ficou em casa e fez programas com a filha.  Eu recusei participar.

Estava a dar banho à Matilde e ela começou a dizer:
- Hoje o papá discutiu com uma senhora quando fomos comer gelado .

- Foi? E quem era a senhora?

- Não sei. Nunca vi.  Mas ela queria dar um beijo na bochecha do pai e ele empurrou ela.

- E o pai disse o quê?

- Sai daqui. Deixa-me em paz.  E viemos embora.

Será que era ela?  Será que mora aqui?

Não perguntei nem ele me contou, mas,  desta vez, estava disposta a não tomar nenhuma atitude.

Ele tem que lidar a bem ou mal com as situações que causa.  Assumir os erros e principalmente reconhecê-los.

Por causa da Matilde fazíamos as refeições sem que ela percebesse o climão.  No resto, interacção 0.

Cada um ia para o trabalho no seu carro.  Preferi pedir comida e comia no escritório.   A barriga já pesava demais. 
A partir do próximo mês ficarei em casa até ao parto.   Falei com o Diogo e o que puder faço em casa.

Hoje acordei com algumas cólicas.
O Rodolffo tinha ido para o trabalho e eu estava em casa com a Matilde e a Fátima,  uma moça que nos vem auxiliar 3 vezes por semana.

- Fátima, preciso de ir à clínica.  Estou com cólicas mas ainda falta um mês para a bébé nascer.  Ficas com a Matilde.  Eu vou pedir um uber porque tenho medo de ir a conduzir.

- Ligue ao sr. Rodolffo, não vá sózinha.

- Não é preciso.  Não deve passar de cólicas normais.  Se for algo eu ligo de lá.

Estava na minha sala quando recebo uma ligação de casa.  Era a Fátima.

- Sr. Rodolffo, a Dona Juliette foi sózinha para a clínica.   Estava com cólicas e não quis ligar pois achava que não era nada preocupante.

- Só quis informar.   A Matilde ficou comigo. Não se preocupe.

- Obrigado Fátima.

Saí dali a correr e em poucos minutos estava ao pé dela.

- Castiga-me como quizeres mas não me excluas de assuntos sobre os meus filhos.

As lágrimas contidas até aquele momento caíram e não consegui responder nada.

- Não chores fica calma.  Não faz bem ao bébé.

- Jamais faria mal à minha bébé, fica descansado.  Arriscaria a minha vida para salvar a dela respondi sem olhar para ele.















Sétimo Sol Where stories live. Discover now