Capítulo 6

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Eu estava a gostar muito da faculdade.  Levantava-me sempre com uma energia em alta.  Não importa os caminhos tortos que vou encontrar, sempre seguirei na direcção certa.

Fiz alguns amigos.  Havia um principalmente que eu me dei bem com ele de caras.
Nas aulas sentava-se ao meu lado.  Precisava de estar sempre a cutucá-lo para se calar.

Parecia uma gralha mas era super inteligente.   Ajudava-me imenso.

Tomás, assim se chamava o tagarela, era filhinho de papai.  Tinha tudo o que um jovem poderia desejar mas era a pessoa mais humilde que eu conheci.

Ele só queria ser arquitecto tal como eu, mas por motivos diferentes.

Eu, por necessidade de subsistência e ele porque queria provar que conseguia sobreviver sem a ajuda monetária que os pais davam.  Lógico que estudar sem o peso de ter que trabalhar primeiro era uma ajuda e das grandes.

Hoje, insistiu para me levar a casa.

Eu chegava por volta das 14 horas.  Logo a seguir chegava o autocarro do infantário da Lia.

Chegámos a casa.  Tomás saiu dando a volta ao carro abriu a minha porta.

Trocámos algumas palavras e demos um abraço apertado.  De seguida partiu.

Ao entrar reparei que Rod estava no exterior da casa.

- Boa tarde, Rodolffo.

- Boa tarde, diz, muito seco.

Entrei no meu quarto,  troquei de roupa e desci para receber a Lia.

- Quem é o jovem? Perguntou.

- Que jovem? Ah! O Tomás.  Um amigo muito querido.  Fez questão de me trazer para não vir de uber.

- Sei.

Não dissemos mais nada.  Ele subiu e eu fiquei esperando o autocarro da Lia.

Subi em direcção ao meu quarto.   O ódio estava estampado no meu rosto.

"O Tomás é um amigo querido" balbuciei dando um murro no ar.

Entrei debaixo do chuveiro tentando acalmar a minha raiva.   Raiva de mim que não me permito mudar a situação.
Mergulhei no trabalho o resto do dia e no final da tarde lá fui eu para o meu apartamento.   Não quero encontrá-la ao jantar.

A semana terminou.  Amanhã era sábado.  Decidi que era este final de semana que ia tentar ajudar estes dois custosos.

- Ju! Vais sair este fim de semana?

- Não.  Tenho muito que estudar.   Vou aproveitar os dois dias.

- Eu, Marcos e a Lia vamos visitar os meus pais.  Vamos amanhã de manhã e voltamos segunda de manhã.   Deixamos a Lia no infantário e seguimos directo para o trabalho.

- Está bem. Vou aproveitar.

Rodolffo estava ao nosso lado e não disse nada.  Hoje tinha chegado cedo.

A Ju saiu da mesa em direcção ao jardim.

Virei-me para o meu irmão e disse-lhe:  - tens 2 dias para tentar resolver.  Ficam sózinhos.  Se quizeres dispensa a Lúcia.

- Não tem nada para resolver. - Acho que ela está noutra.

- Como assim?  Foi ela que disse?

- Tem vindo da faculdade com um amigo e pelo carrão deve ser rico.

- E tu achas que ela se prende por dinheiro!  Não a conheces.

- Deixa estar como está.

- Casmurro.

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