Capítulo 33

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Começava o mês de Agosto, último mês de gestação da Ju.

Eu disse-lhe que ia ficar 3 meses sem shows e ela sorriu de contente.

- Obrigada amor, por estares comigo no final da gravidez.

- É só  o meu dever.

Ainda não tínhamos chegado a acordo quanto ao nome da bébé.

Concordámos que seria Maria mas o segundo nome ainda não estava decidido.

Eu dizia Maria Elsa em homenagem à minha mãe  e o Rodolffo,  Maria Inês em homenagem à dele.

Elsa Inês ou Inês Elsa,  também não tinha consenso e diga-se de passagem, não combinam.

- Matilde! Vem aqui ajudar os papás.

- A mana vai chamar-se Maria quê?

- Margarida, respondeu imediatamente.

Olhámos um para o outro e gargalhámos.

- Vês como era fácil! Mas se ela é Matilde Maria, a bébé será Margarida Maria.  Gostas?

- Adoro.  Nem se discute mais, digo dando um beijo nas minhas três mulheres.

As roupinhas da Margarida estavam prontas.  O saco da maternidade também.

Os últimos dias estavam a ser difíceis por conta do desconforto.

A minha mãe veio buscar a Matilde para eu estar mais disponível para ajudar a Ju.
Felizmente só para o ano é que ela vai para a escola,  então aproveita a avó e nós agradecemos.

Esta noite a Ju levantou-se muitas vezes.
Uma dorzinha incomodava-a. 

Enchi a banheira a meio da noite e fiz uma massagem.  Conseguiu dormir mas às 7 da madrugada acordou com bastante dor.

Ligamos à médica cerca das 9 da manhã e ela perguntou se havia contrações.

- Muito espaçadas, disse a Ju.

- Ju quando elas forem com intervalo de 10 minutos e se não houver nada que a preocupe, venha para a clínica.
- Pode vir já mas, ainda está cedo.

O Rodolffo estava muito nervoso.

- Amor! Vamos já.

Ainda é cedo.  O que faço lá, faço aqui. Vou deitar um bocadinho.

- Rodolffo fazia massagens nos pés da Ju que estavam muito inchados.

- Amor! Não sei como vocês , mulheres,  aguentam tanto sofrimento para ter um filho.  Aí está uma coisa que por muito que tentemos, nós homens, nunca agradeceremos o suficiente.

- Aiiiiii!  Uma contração. Conta aí até à próxima.

Seguimos para a clínica.  No caminho liguei para a Dra e ela tinha a equipe à espera.

Fui observada.  Já tinha 10 cm de dilatação.   Estava na hora.

Se for como a Matilde vai ser rápido mas a Margarida é maior.

Levaram a Ju e eu fui vestir a bata e a touca.

Muita força a cada contração que vinha e a minha Margarida nasceu rápido.

Beijei a minha esposa e admiramos juntos a nossa menina quando ela foi colocada no peito da Ju.

- Obrigado amor,  disse eu.

Levaram a Margarida e terminaram de tratar da Ju.  De seguida foi para o quarto.
Quando eu cheguei ela estava a dormir.
Sentei-me na poltrona ao lado da Ju e finalmente desabei num choro compulsivo.  Estava feliz demais com tudo o que Deus me deu.

Liguei aos meus pais e minha irmã a contar do nascimento.
Liguei também para Portugal para contar aos nossos amigos.

Soube que a Joana e o Diogo já vivem juntos.  Após vários meses decidiram dar uma chance ao relacionamento.

A Ju acordou.  - Cadê a minha filha?

- Já a trazem amor.

Logo chega uma menina faminta,  trazida pela enfermeira.

- Mamãe,  quero têtê.

- Vem meu amor.  Coloquei-a no peito e ela agarrou logo o mamilo.

Rodolffo olhava as duas ainda com lágrimas nos olhos.

- Que foi, amor?

- Estou feliz por ter o privilégio de assistir a um acto tão bonito como é uma mãe alimentar um filho.

Demos um beijo e ele beijou a testa da filha.

Nisto entra no quarto a promovida a irmã mais velha.

- Mamã!!!

Sentei-a ao lado da mãe e ela fez um carinho na bochecha da irmã.

- É tão pequenina! Parece a minha boneca Júlia.

- Mas não é boneca.  Tens que ter muito cuidado.

A minha mãe estava emocionada a
olhar a nora e as netas.  Ela olhava a Ju como mais uma filha.  Agora tinha três netinhas.

- Vou cobrar um netinho.  Ou tu ou a tua irmã que lutem.

- Agora é a vez da Alice, disse eu.

- Não me parece.  Ela sempre disse que só queria um filho.

- Eu quero os que Deus me mandar, não é Ju?

- E eu que gema, disse a Ju e foi gargalhada geral.

Hora das visitas saírem.  A Matilde foi difícil.  Não queria largar a irmã.

Pusemos a Margarida no berço e fui ajudar a Ju a tomar banho.

- Aiiiii!! Dói.

- Onde, amor?

- Cá em baixo. Nos pontos.

- É normal.  Daqui a dias já não sentes.

- E tu já tiveste filhos por acaso? Como sabes?

- Calculo.  Ouço dizer.

- Amor! Arranja alguma coisa para eu comer. Estou esfomeada.

- Já vou buscar.

Encontrei a enfermeira e pedi almoço para a Ju que imediatamente foi trazido.

Enquanto ela comia eu admirava a nossa obra de arte.  A nossa portuguesinha.  Logo que possível vamos dar-lhe dupla nacionalidade tal como a irmã.

- Podes pegar nela! Está acordada.

- Tenho receio.  É tão pequenina.

A Ju ajudou-me e eu segurei nela.
Coisa mais linda.  Não deve haver nada melhor que esta sensação.
É tanto amor num ser pequenino que acabámos de conhecer que achamos que não cabe no peito.

A médica passou ao fim do dia e disse que se não houvesse nada durante a noite,  de manhã daria alta às duas.
Os pontos que a Ju levou seriam absorvidos pelo corpo.
Pediu para não esquecer de fazer as consultas pós-parto e despediu-se.

No dia seguinte fomos para casa.  A família estava toda à espera mas depois de verem a bébé e a Ju foram embora.
Desta vez a Matilde não quis ir.  Disse que ia ajudar a mãe com a mana.

A minha mãe queria ficar para ajudar mas eu prometi que se visse necessidade a chamava.

Eu aproveitei e tirei uns dias de férias.  Ajudava a Ju com as meninas e tínhamos a Fátima para ajudar com a casa.  A esta altura ela já vinha todos os dias.

Por vezes pensava que tinha perdido isto tudo com a Matilde, mas, tentava não deixar que a Ju percebesse.

- Vou tentar absorver tudo o que a vida me está proporcionando e agradecer muito a família que tenho.















Sétimo Sol Where stories live. Discover now