Capítulo 18

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Eu estava sem palavras. Segurava as mãos dele e as lágrimas caíam. Tinha um nó na garganta que me impedia de falar.

- Procurei-te tanto! Disse ele segurando o meu rosto e colando os lábios nos meus. - Porque fugiste?
- Eu precisava de ajuda.

Por fim consegui articular um:

- Como me achaste? Conhecias o Diogo? Como ele sabia?

- Não sei como ele ligou nós dois mas graças a Deus esse homem cruzou o meu caminho.

- Vamos para o hotel?

- Não posso! Devo ir para casa.

Nisto chega uma mensagem.

- Juliette! Pode encerrar o expediente. Fique com ele esta noite no hotel. Já tratei de tudo com o Tomás. A Matilde fica com ele e com a Joana. Amanhã se quizer levamos a menina ao hotel.
Seja feliz.
Diogo

Sorri ao ler a mensagem.

- O que foi?

- Diogo me liberou. Vamos?

Chegámos ao hotel. Tínhamos tanto que conversar mas as saudades eram muitas.

- Tenho tanto para falar mas deixa eu ficar assim grudadinho. Acho que estou sonhando. Tens a noção que passaram 5 anos?

- De muito sofrimento. As saudades corroíam-me por dentro. Muitas vezes pensei voltar mas estava magoada. E pensava que tu já poderias ter outra.

- Nunca mais tive ninguém depois de ti. Dediquei todo o tempo à carreira e à terapia. Hoje eu me sinto outro homem, capaz de amar sem os fantasmas do passado.
- Só me penalizo por ter conseguido à custa do teu sofrimento. Podia ter sido diferente.

- Eu também. Trabalhei, estudei, formei-me. Encontrei aqui bons amigos que foram muito importantes para que eu superasse o desgosto. O Diogo foi muito importante, o Tomás e a Joana nem se fala. Amanhã vais conhecê-los.

- O Diogo agora é meu sócio.

- Sério! Coincidência maravilhosa.

Reparei que ele usava o colar de lua. Segurei-o na mão.

- Nunca o tirei. Acompanha-me desde então. Nas noites más segurava-o e contemplava a lua no céu. Fazia-me sentir perto de ti.

Os beijos sucediam-se mas precisávamos de mais. Os nossos corpos gritavam de desejo.
Deitei-a na cama e fui tirando a roupa beijando cada pedacinho que ia sendo descoberto.
Fizemos um amor selvagem. Não tem como ter calma quando se tem 5 anos de saudade acumulada.

Jantámos no quarto. Esta noite seria só nossa. Nada nem ninguém nos incomodaria.

- Como estão lá em casa? A Lia?

- Todos bem. Olha! Tenho uma foto da Lia.

- Tão grande! Que linda mocinha. Ela lembra de mim?

- Claro! Tem umas fotos lá em casa que fizemos questão de sempre mostrar. A tia Ju.

- Amor? Vieste para cá porquê? Sabias que me ias encontrar?

- Não. Sabia que tinhas desembarcado em Lisboa, mas, o Diogo é que insistiu para eu vir passar uns dias com ele.

- Hummm, coisa estranha.

- Nunca na minha imaginação eu sonhei te encontrar aqui logo que cheguei, mas, fiquei meio que intrigado quando o Diogo me mandou subir sozinho.

Lá no Brasil eu ouvi ele falar ao telefone com a funcionária e tratar-la por Ju. Por momentos pensei em ti mas ele também disse que poderia ser a mulher da vida dele. Não podia ser a mesma Ju.

- O Diogo é um bom amigo.

A noite foi maravilhosa. Esclarecemos todos os porquês, tirámos todas as dúvidas.

Já era madrugada quando fomos dormir bem grudadinhos.

Eram 11 horas quando sou acordada pelo telefone.

- Ei dorminhoca! Posso ir aí e levar a Matilde? Preciso de sair e aproveitava.

- Podes.

- Amor! Acorda, vamos ter visitas.

- Quem?

- Surpresa amor. Devia ter contado mas deixa ela chegar. E quero pedir perdão antecipadamente. Eu sei que fiz uma coisa horrível mas todos erramos na vida. Umas vezes eu recrimino-me por ter feito outras vezes acho que fiz certo. Não tem como consertar o erro.

- Agora fiquei agoniado.

- Espero de todo o coração que me perdoes.

Batem à porta.

- Amor! Senta aqui na cama, eu vou lá.

Fui abria a porta mas saí recebendo o Tomás e a Matilde do lado de fora.

-Mamã, saudade!

- Também minha princesa, disse dando-lhe um beijo na bochecha.
Obrigada Tomás.

- Estás bem? Perguntou Tomás.

- Muito feliz, respondi.

- Tchau, lindezas.

Abri a porta com a Matilde pela mão e fechei-a de novo com o pé.

Matilde olhou para o Rodolffo, com cara de espanto e mão na boca, olhou para mim e murmurou: papá?

- Com lágrimas nos olhos assenti com a cabeça.

Papááa, gritou ela largando a minha mão e correndo na direcção dele que sem reacção se limitou a ampará-la na corrida puxando-a para o colo.

Ela abraçou-o e ele retribuiu. Começava a cair a ficha.

-Papá, tu vieste? Diz Matilde segurando a cara do Rodolffo e fazendo festas na barba. Eu sabia. Eu pedi a N.S. de Fátima.

Verdade. Na nossa ida a Fátima ela tinha-me confidenciado que tinha feito um pedido. Só não podia dizer a ninguém senão não era atendida.

O Rodolffo continuava mudo, olhava para mim sem saber o que fazer.

Sentei-me do lado segurei a mão dele.

Esta menina linda é fruto do nosso amor. Chama-se Matilde. Descobri que estava grávida quando cheguei cá. Desculpa, disse com lágrimas nos olhos.

- Depois conversamos, mas, neste momento eu sou o homem mais feliz da face da terra, respondi chorando também.

- Mamã, Papá porque vocês estão chorando?

Estamos felizes dissemos.

- Ué! Felicidade não é para rir?

- Sim, mas também se chora de felicidade.

- Agora a minha filhota vai contar ao papai tudo. Quantos anos tem, do que gosta de comer, de ir passear, de cinema, de música.

- Ich! No quesito música espera a pancada, disse eu a Rodolffo.

- Papá! Eu gosto de comer tudo, passear no mar, cinema de princesa e música eu só ouço a tua música.

- A minha?

- Sim, a mamã põe no telemóvel e eu ouço. Queres ver? Mamã põe!

Ela tinha uma playlist de música só minha e a minha menina sabia todas as canções. Saiu do meu colo para o chão e começou a imitar os meus jeitos.

Olhei para ela, olhei para a Ju, puxei-a para o meu peito e sussurei;
Sem cobranças. Te amo e sou muito mais feliz.






















Sétimo Sol Where stories live. Discover now