Capítulo 15

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Jimin


— Não consigo acreditar nisso! Simplesmente não consigo!

No sábado seguinte, minha mãe recebeu as amigas em casa. Elas estudaram com a minha mãe no ensino médio e, como moravam longe, só conseguiam se encontrar uma ou duas vezes por ano, o que, na minha opinião, era demais. Sempre que vinham, eu me esforçava para ficar invisível. Elas não eram as pessoas mais legais do mundo. Eram cinco, contando a minha mãe. Mesmo que tenham estudado juntas, eu não fazia ideia do motivo de virem de tão longe para se encontrar — elas não se suportavam. Tudo que falavam parecia uma competição. Se a filha de Minah andou com dez meses, a de Hyunjin dirigiu um carro com nove. Se Yebin corria cinco quilômetros, Yujin dizia que corria dez em menos tempo.

No entanto, era sobre mim que mais gostavam de falar. Quando o assunto era o meu silêncio, todas eram especialistas em mudez.

Fiquei no topo da escada, ouvindo-as discutir a meu respeito naquela noite. Queria que Jungkook estivesse comigo, mas ele tinha saído com o pessoal para assistir a alguma banda desconhecida em um buraco qualquer. Ele ficava me mandando vídeos do lugar, onde pareciam estar espremidos como sardinha em lata e o barulho era ensurdecedor. Sempre que a câmera focava nele e eu via o seu sorriso feliz, meu coração se apaixonava um pouco mais.

Queria estar lá com ele, senti-lo me abraçando e me perder completamente nos sons. No vídeo, vi Jieun dançando com Taehyung e me senti egoísta — egoísta por não estar lá com Jungkook, por não conseguir fazer coisas que as pessoas normais faziam.

— Ele tem mesmo um namorado? — perguntou Minah, pegando a taça de vinho para se servir de um pouco mais. — Como isso é... possível?

— Quem é? — Hyunjin quis saber.

— Jungkook — respondeu minha mãe com calma enquanto comia uma batatinha com molho.

— Que Jungkook? — insistiu Minah.

— Jeon.

— O quê? — gritaram as quatro de uma vez.

— Sério? — perguntou Yujin. — Mas o Jungkook é... Ele é bem popular com as garotas, não é? Ele fica com meninos também? Sei que ele o visitava todos os dias como um gesto de bondade, mas namorar? Isso não pode ser verdade.

— Mas isso é saudável? — indagou Minah. — Sabe? Considerando a... condição de Jimin?

— A condição dele? — perguntou minha mãe.

— Sabe? O... trauma. Só estou dizendo... Li um artigo uma vez...

— Você está sempre lendo um artigo — interrompeu Yebin, com um tom um pouco mal-humorado.

— Sim, mas esse tem estatísticas científicas. Dizia que pessoas que passam por traumas na infância têm muitas recaídas ao longo do processo de cura quando estão em um relacionamento.

— Minah... — censurou Yebin.

Eu gostava de Yebin. Minha mãe devia continuar a ser amiga dela e se livrar das outras.

— O quê? É verdade. Ele estar com Jungkook pode provocar algum tipo de recaída, e sério, o que eles vão fazer? Namorar na casa da Doyeon para sempre? Tudo que estou dizendo é que não parece uma boa ideia. Isso poderia prejudicar a recuperação dele e anular qualquer progresso, por menor que seja, que Jimin tenha feito. Além disso, não parece justo com Jungkook. O que ele ganha com isso?

Cale a boca, Minah. Ele me ganha.

Eu não queria ouvir mais nada daquilo, mas não conseguia me afastar.

O Silêncio Das Águas | jikook version Where stories live. Discover now