Capítulo 38

437 49 7
                                    

Jimin

Seokjin: Volte para casa se puder. Preciso da sua ajuda.

Eu estava no banheiro, enrolado numa toalha depois do banho, quando vi a mensagem de texto do meu irmão. Estava com muito sono depois da noite em claro com Jungkook. Falar sobre o que aconteceu comigo provavelmente foi a coisa mais difícil que fiz na vida — mas, ao mesmo tempo, foi a melhor coisa também. Parecia que as correntes que aprisionavam a minha alma tinham sido soltas.

— Jungkook — gritei. — Acho que vamos ter que voltar para casa.

Não tive resposta.

Caminhei pela casa, segurando firme a toalha, e não consegui encontrá-lo em lugar nenhum.

Quando saí para a varanda, o sol beijou a minha pele. Meus olhos foram atraídos para o lago, e não só o vi — mas o ouvi também. Jungkook estava sentado no meio do lago, cantando.

Cantando sob a luz do sol.

Quando ele voltou, eu já tinha me vestido e arrumado as malas.

— Está tudo bem? — perguntou.

— Está. Seokjin disse que meus pais precisam de mim. Você acha que pode me levar de volta? — Fiz uma careta. — Sei que talvez não esteja pronto para voltar, mas preciso ver se está tudo bem.

— Claro. Vou arrumar as minhas coisas também.

— Vai voltar comigo?

— Você está de volta na minha vida, Park Jimin, e nunca mais vou deixá-lo partir — disse ele, aproximando-se e me abraçando. — Além disso, eu tinha que ter devolvido aquele barco há muitas semanas, e tenho certeza de que estou devendo mais dinheiro do que eu gostaria.

Abafei o riso.

Colocamos as coisas no carro, prendemos o reboque com o barco e pegamos a estrada.

Durante toda a viagem, não ligamos o rádio. Sabia que Jungkook ainda não estava pronto para mergulhar em nada que envolvesse música. Assim como ele esperou que eu encontrasse a minha voz, eu teria que esperar pacientemente até que ele encontrasse a dele. E ele a encontraria — eu tinha certeza que sim. Vê-lo lá fora no barco, cantando, foi o maior sinal disso. Ainda iria demorar, mas ele certamente estava encontrando o caminho de volta para casa.

— Acho que vou esperar aqui — avisou Jungkook, parando na frente da nossa casa. — Não quero interferir.

Eu me inclinei e o beijei no rosto.

— Tem certeza?

— Tenho. Vá ajudar a sua mãe. Estarei aqui.

Assenti e disse que não ia demorar muito. No instante em que saltei do carro, Seokjin veio correndo.

— Aish! Por que demorou tanto? Eu mandei uma mensagem para você há umas seis horas! — resmungou ele.

Ri e caminhei até o meu irmão dramático.

— É uma viagem de quatro horas até aqui.

— Eu sei, mas isso não significa... — Ele parou. Levou as mãos ao peito. — Espere um pouco. Você acabou de... — Ele cruzou os braços e os descruzou, depois levou as mãos à cintura e cruzou os braços de novo. — Você acabou de falar?

Assenti.

— É. É uma coisa nova que estou tentando.

— Meu Deus. — Ele levou as mãos à boca, começou a chorar e deu um tapinha no meu ombro. — Caramba! Meu irmão fala! — gritou, pegando a minha mão e me fazendo rodopiar antes de me puxar para um abraço. — Meu Deus, a nossa mãe vai pirar. Isso é perfeito! Ela precisa de algo para animá-la.

O Silêncio Das Águas | jikook version Where stories live. Discover now