Capítulo 28

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Jimin

— Casamento ao ar livre ou em um salão? — perguntou minha mãe para Taehyung e Jieun na manhã seguinte. A mesa de jantar estava completamente coberta por revistas de casamento e planejamentos. Ela não parou desde que soube que Taehyung ia pedir a mão de Jieun, e assim que ele ligou para contar que ela tinha dito sim, minha mãe entrou no modo papa-léguas. — Ah, vocês já pensaram em se casar em outra cidade? Paris! E que tal um casamento no outono? Ou na primavera? Os casamentos na primavera são tão lindos. Adoro os tons de pêssego. Já escolheram as cores?

Jieun riu, se encostando na bancada e folheando uma revista. Ela não precisava se esforçar para ser linda, com a pele sedosa e cabelo cor de mel. Estava sempre perfeita, com um sorriso lindo e olhos castanhos incríveis que pareciam sorrir ainda mais do que os lábios. Eu estava na cozinha, ao lado da geladeira, a alguns passos da comoção, tomando um copo de suco de laranja. Eles não tinham se virado para ver que eu estava a poucos metros de distância da sala de jantar.

Estavam ocupados demais comendo donuts cheios de açúcar e admirando o anel de noivado.

Eu me empertiguei e tomei mais um gole de suco de laranja. Meu pai entrou na cozinha com um livro na mão e sorriu para mim. Ele se aproximou e me entregou a próxima leitura: Quem é você, Alasca?, de John Green.

— Uma garota estava lendo ontem na aula — contou em voz baixa antes de pegar um donut e enfiar na boca. — Deve ser bom, considerando que ela ignorou a minha aula inteira.

Sorri e passei a mão pela capa do livro. Eu me virei e sorri de novo.

Obrigado, pai.

— Não precisa agradecer, filho. — Ele se encostou na geladeira e olhou na direção da minha mãe e dos noivos. — Planejando o casamento?

Concordei com a cabeça.

— Eu meio que queria que eles fugissem para se casar. Vamos ter uma mãe do noivo enlouquecida por aqui nos próximos meses.

Ficamos lá, observando a mãe do noivo enlouquecida fazer um monte de perguntas. Para ser sincero, eu não a via animada assim fazia muito tempo. Jieun permaneceu calma e doce, como sempre, enquanto se esforçava para responder à futura sogra.

— A gente ainda não teve muito tempo para decidir nada, Sra. Park, mas isso tudo é tão emocionante, não é?

Minha mãe bateu palmas e fez uma dancinha.

— É mesmo! Esperei muito por esse dia, e essa é a única chance de casar um dos meus filhos.

— Mãe, fala sério — sussurrou Taehyung. Senti um nó na garganta. — Não fale isso.

— Só estou dizendo que não sei se seus irmãos vão se casar. Seokjin só quer saber de viajar por aí, e Jimin... Bem, nunca vou ter a chance de planejar um casamento para aqueles dois. — Minha mãe se virou para Jieun, pegou as mãos dela e as apertou. — Mas, pelo menos, tenho uma futura nora com quem fazer isso. Sinto como se finalmente fosse ter a filha que me foi prometida. Deus sabe que perdi muitos momentos importantes com o Seokjin, e agora ele é um aventureiro, viajando pelo mundo; duvido que casamento passe pela cabeça dele. E você sabe o que as pessoas na cidade falam do Jimin? “Que história terrível. O pior pesadelo de uma mãe. Ele é recluso e estranho.” É difícil não acreditar neles. Ele é doente, e não vai melhorar. Talvez seja melhor que ele nunca saia de casa. É mais seguro para ele aqui.

Ai.

— Doyeon — sibilou meu pai da cozinha.

Todas as cabeças se viraram para nos ver parados ali. Todos franziram o cenho ao olhar para mim.

O Silêncio Das Águas | jikook version Where stories live. Discover now