Capítulo 19

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Jungkook

Jimin me disse que não estava se sentindo bem nos últimos dias e se recusou a me ver. Tentei muito convencê-lo a me deixar ir visitá-lo, mas sempre que eu aparecia, a mãe dele me mandava embora dizendo que ele precisava de um tempo para se recuperar.

Depois de um ensaio uma tarde, eu não lhe dei muita escolha.

— Você não está doente de verdade, está? — perguntei quando ele estava saindo do banheiro e voltando para o quarto. Ele arregalou os olhos ao me ver, e notei certo pânico neles. — Está com raiva de mim? — Engoli em seco, ficando nervoso. Será que eu havia feito alguma coisa errada? — É porque eu me declarei pra você? Foi rápido demais? Eu te assustei? Sinto muito, eu só...

Ele negou com a cabeça e veio até mim. Pegou a minha mão e apertou-a uma vez. Não.

— Então, o que é?

Quando ele ergueu os olhos, eles ficaram marejados. Jimin começou a chorar, e eu não sabia mais o que fazer, então o abracei. Eu o segurei junto ao peito, e ele desmoronou nos meus braços. Comecei a catar os caquinhos de seu coração.

— Música? — perguntei.

Ele assentiu, e fomos para o quarto, fechando a porta atrás de nós. Ele começou a se acalmar ao ouvir a música. Ficamos na cama, e não demorou muito para ele adormecer nos meus braços e começar a ter pesadelos. Quando acordou, estava colado em mim, mas parecia estar a milhares de quilômetros de distância.

— Jimin, você pode se abrir comigo — assegurei, andando pelo quarto depois de ele ter acordado do sonho que o tinha feito chorar. Ele se sentou na cama, encolhido, balançando para a frente e para trás, sem olhar para mim.

Quando eu me aproximei novamente, ele se encolheu, como se temesse o meu toque, como se achasse que eu ia machucá-lo.

— Jimin — implorei, minha voz falhando, o meu coração se partindo. — O que está acontecendo?

Ele não disse nada.

— Podemos fazer os cinco minutos — sugeri, agachando na frente dele. — Jimin, podemos fazer os cinco minutos. Se concentre, tudo bem? Você pode voltar para mim. Está tudo bem.

Ele não parava de engolir em seco, as mãos agarrando o pescoço. Seus olhos estavam arregalados, e eu sabia que ele estava longe demais para conseguir me ouvir.

— Sr. Park! — chamei. — Sr. Park! — gritei de novo, correndo pela casa. Quando ele saiu do quarto, olhou para mim com os olhos cheios de preocupação.

— O que foi? — perguntou.

— Jimin. Ele está no quarto. Não sei o que está acontecendo. Ele só...

Ele não esperou que eu completasse a frase. Correu escada acima até o quarto onde o filho estava fora de si. Alguns segundos depois, a Sra. Park também chegou.

— Jiminie — chamou ele, aproximando-se devagar e com cuidado. — Está tudo bem — assegurou. Quanto mais ele se aproximava, mais tenso ele ficava, mas o Sr. Park não parou. Ele ergueu a mão, mostrando que não ia machucá-lo, e quando chegou perto, abraçou-o e o puxou para o próprio peito. Ele agarrou a camisa do pai, soluçando em seus braços.

O que aconteceu com você?

Minha mente estava a mil por hora ao ver o meu namorado desmoronar nos braços do pai. Senti um aperto no estômago; odiava o fato de não ser capaz de protegê-lo. Por que eu não conseguia ajudá-lo? Por que eu não conseguia tirar a sua dor e torná-la minha? O Sr. Park o carregou até o andar de baixo, e eu fui atrás dele.

O Silêncio Das Águas | jikook version Where stories live. Discover now