Capítulo 9

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Jimin

— Você está começando a me irritar de verdade, Seokjin.

Eu estava sentado na cama lendo um livro enquanto meu irmão brigava com o namorado, Jisung, do outro lado do corredor.

Correção: eu estava sentado na cama lendo um livro enquanto meu irmão brigava com o ex-namorado, Jisung, do outro lado do corredor.

— Só estou dizendo... O problema não sou eu, é você — resmungou ele, batendo com o sapato na parede. Seus braços estavam cruzados, e ele mascava chiclete. — Não estou mais a fim de você.

— Tá de sacanagem comigo? — Ele bufou, pisando firme enquanto andava de um lado para o outro. — Terminei com o meu ex por sua causa! Paguei mais de cem dólares pelos convites do seu baile de formatura. A porra de um baile que eu nem queria ir. Por você. Fiz de tudo para te tratar como você merece. Deixei de ir a festas para assistir a filmes de romancezinhos bostas com você.

Seokjin enrolou uma mecha de cabelo no dedo e deu de ombros.

— Ninguém pediu a você que fizesse essas coisas.

Jisung riu, embasbacado.

— Pediu, sim! Você pediu! E ainda fumou minha maconha todos os dias.

— Nisso eu fui legal com você. Se você tivesse fumado um baseado sozinho, teria ficado só chapado. Fumar comigo tornou você uma pessoa popular.

— Tá falando merda — explodiu ele, passando os dedos pelo cabelo. — O seu baile é amanhã. E o que eu vou fazer?

— Pode ir sozinho.

Seokjin era bonito, isso era um fato. Com o passar dos anos, seu corpo se desenvolveu — as pernas compridas, o corpo magro com a cintura fina — muito mais rápido que o meu. Na minha cabeça, ele tinha o corpo perfeito e, depois de usar aparelho ortodôntico por muito tempo, um sorriso perfeito para combinar. Depois de anos se sentindo um estranho, ele criou esse personagem e estava determinado a usá-lo para ser aceito por um grupo — mesmo que isso significasse medidas extremas para perder peso e ganhar atenção.

Outro fato sobre o meu irmão era que ele tinha noção de sua beleza e explorava isso para conseguir tudo que quisesse em quase todas as situações — não importava quem magoasse.

Então, ele viria até o meu quarto e me contaria quantos caras ele havia usado só para conseguir coisas deles. Encontros, dinheiro, presentes, sexo — tudo e qualquer coisa.

Às vezes, eu achava que ele me contava tudo isso porque se ressentia do fato de ter perdido tantas coisas quando criança. Outras, eu achava que ele se sentia culpado por suas atitudes, e o meu silêncio deixava-o mais seguro de que não tinha feito nada de errado.

Ele era um ator quando se tratava de amor. Fazia os caras acreditarem que gostava deles, o que não era muito fácil com os garotos da nossa idade — principalmente um bad boy como Jisung. Ele deixava de ser o maior idiota do mundo e se tornava um cachorrinho sempre que estava perto de Seokjin. Sempre parecia estar implorando para que ele o amasse — a não ser quando Seokjin o irritava. Quando ele fazia isso, a verdadeira natureza de Jisung aparecia. As pessoas conseguiam esconder quem eram de verdade por um tempo, mas, depois, as máscaras sempre caíam.

— Não. Porra. Você disse que me amava — disse Jisung, quase chorando.

— É, amava. No passado.

Espiei por cima do livro. O rosto dele estava vermelho, e o meu irmão parecia se divertir com o fato de ele estar chateado.

— Não — sibilou Jisung, agarrando o braço dele com força.

O Silêncio Das Águas | jikook version Où les histoires vivent. Découvrez maintenant