Capítulo 26

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Jungkook

Estava sentado na mesma cadeira, no mesmo quarto, pelas últimas doze horas, olhando para Sra. Soojin  e os tubos e acessos intravenosos conectados a ela. Seu corpo estava todo machucado, mas não havia nenhum osso quebrado. Eu não conseguia nem imaginar o que ela havia passado sozinha, dirigindo e batendo o carro. O que tinha passado pela cabeça dela? Que coisas uma pessoa vivencia quando passa por esse tipo de pânico? Será que ela havia pensado nos entes queridos? Ou se esquecido das coisas naquele momento? Quem sabe sua mente havia se perdido tanto naquele instante que todas as suas lembranças ficaram fora do alcance?

— Sinto muito, Sr. Jeon, mas o horário de visita acabou — disse uma jovem enfermeira, entrando no quarto. — Sei que pode parecer inapropriado, mas será que você poderia tirar uma foto comigo? — perguntou ela, com a voz cheia de esperança.

Antes que eu tivesse tempo de responder, outra enfermeira, Kyungmi, entrou no quarto.

— Você está certa, Haeun. Isso é extremamente inapropriado. Ainda bem que a sua ficha caiu e você decidiu sair imediatamente do quarto.

Sem dizer mais nada, Haeun saiu do quarto, envergonhada.

— Sinto muito por isso — desculpou-se Kyungmi. — Essas meninas estão enlouquecidas por você estar aqui. O que não faz sentido. Ouvi a sua música no intervalo, e é horrível. — Ela deu uma piscadinha. Era a enfermeira-chefe e havia passado várias vezes durante o dia para verificar se estava tudo bem com a Sra. Soojin e comigo. Era uma mulher de mais de sessenta anos e tinha um tom de voz suave e tranquilizador, até mesmo quando te insultava. — Bem, odeio ser a bruxa má, mas o horário de visita está acabando...

— Não se preocupe. Obrigado. Será que posso ficar mais um minutinho?

Ela assentiu.

— Claro. Tudo bem.

— Ah, mais uma coisa. Tenho uma pergunta que pode parecer idiota.

— Pode perguntar o que quiser, filho.

— Ela pode ouvir o que eu digo? — perguntei, enfiando a mão no bolso. — Tipo, ela poderia ouvir o que estou dizendo?

— Alguns dizem que não, outros dizem que sim. Cá entre nós? — Ela se aproximou de mim. — Às vezes, falamos por nós mesmos, para dar vazão aos nossos sentimentos. É sempre melhor falar as coisas em vez de prendê-las dentro de nós. E se os nossos entes queridos puderem nos ouvir, melhor.

Sorri e agradeci.

Quando Kyungmi se virou para sair, parou.

— Música também. As pessoas dizem que música ajuda. Mas tenho certeza de que você já sabe disso.

Ela não poderia ter dito palavras mais verdadeiras.

Quando ela saiu, puxei a cadeira mais para perto da cabeceira da Sra. Soojin e segurei a sua mão.

— Tenho um pedido egoísta, Sra. Soojin. Então, estou presumindo que este seja o momento em que a senhora me chamaria de idiota ou algo assim, mas preciso pedir isso. Volte. Você precisa acordar, não por mim, não pela senhora, mas pelo Jimin. Ele precisa de um tempo. De uma vitória. Ele já passou por tanta merda, por tanta coisa. Então, eu a proíbo de fazer isso. Eu a proíbo de ficar assim. Não sei se sabe disso, mas você é a melhor amiga dele. A senhora é a única coisa que ele tem, e não posso permitir que desista dele, porque se desistir, acho que ele fará o mesmo e não posso aceitar isso. Preciso que vocês fiquem bem. Preciso que vocês se curem. Faça isso por mim. Vou ficar em dívida com a senhora, tudo bem? Só volte para nós, Sra. Soojin. Volte para nós.

O Silêncio Das Águas | jikook version Where stories live. Discover now