Capítulo 25

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Jimin

Nos últimos anos, eu ficava olhando para a janela da casa da Sra. Soojin, onde ela se sentava e tomava o chá. Minha mãe não amoleceu em relação a ela. Quando meu pai disse que ela sempre seria bem-vinda em nossa casa, a Sra. Soojin se recusou a vir nos visitar, dizendo que não queria causar mais confusão. Mesmo assim, tomávamos o nosso chá. Ela sempre erguia o olhar ao meio-dia e sorria para mim enquanto eu segurava a minha xícara na mão. Era a minha hora favorita do dia, a coisa pela qual eu mais ansiava.

Ultimamente, ela não estava aparecendo.

Nos primeiros dias, não me preocupei. O carro dela não estava na garagem, e achei que talvez tivesse viajado, mesmo que viajar fosse algo que a Sra. Soojin não costumava fazer. Na semana seguinte, comecei a me preocupar quando ela não voltou.
Quanto mais dias se passavam, mais nervoso eu ficava. Meu pai saiu à sua procura, pedindo ajuda aos vizinhos. Também reportou o desaparecimento à polícia, mas eles não sabiam se havia algo que pudessem fazer para ajudar.

Eram cinco da manhã quando meu pai me deu a notícia.

— Houve um acidente, Jimin. A Sra. Soojin estava no carro e foi levada às pressas para o hospital. Ela...

Ele continuava falando, mas eu não conseguia ouvi-lo. As palavras entravam e saíam dos meus ouvidos. Não chorei. Estava chocado demais para chorar. Ela estava inconsciente e muito mal. Meu pai disse que ela estava dirigindo rápido demais e que testemunhas disseram que ela parecia confusa e perdida.

Quando ele saiu do quarto, o choque de realidade foi ainda maior. Eu tinha que ir vê-la. Ela não tinha ninguém para visitá-la. Não tinha família. Eu era tudo que ela tinha.

Então, precisava ir até lá.

— Tem certeza, Jimin? — perguntou meu pai na sala, pronto para me levar ao hospital.

Assenti.

Minha mãe ergueu a cabeça, olhando para mim, parada na porta. Seus olhos semicerrados me encaravam intensamente, quase como se ela esperasse que eu fracassasse. Quase como se quisesse que eu fracassasse.

— Ele não vai conseguir — argumentou com um tom de voz duro. — Ele não está pronto. Não vai a lugar nenhum.

— Não — discordou meu pai com voz firme. — Vai, sim. — Seu olhar encontrou o meu, seus olhos estavam cheios de esperança e compaixão. — Ele me disse que vai e ele vai. Certo, Jimin?

Bati na porta duas vezes, e ele sorriu.

Minha mãe se virou e cruzou os braços. Seu nervosismo era visível, mas mesmo assim meu pai não notou.

— Isso é mentira — disse ela. — Pode ficar olhando. Ele vai voltar para o quarto. Tudo bem, Jimin. Pode voltar lá para cima. Não deixe seu pai pressioná-lo.

— Doyeon, pare com isso — reclamou ele.

Ela deu um sorriso torto e ficou em silêncio, mas eu conseguia sentir o seu olhar fixo em mim.

Minhas mãos estavam suadas, e meu coração, disparado no peito.

Papai sorriu para mim.

— Não se preocupe, Jiminie. Você consegue fazer isso — incentivou ele.

Shhh...

Dei um passo para trás; ele notou e deu um passo na minha direção. Meneou a cabeça.

— Não, não, não. Jimin, você consegue. Aqui... — Ele estendeu a mão para mim e usou a outra para bater na porta duas vezes. — Viu? Você se lembra? Você disse que queria vir comigo.

O Silêncio Das Águas | jikook version Where stories live. Discover now