Capítulo 30

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Jimin

— Jimin, venha logo! Desça rápido. Temos que ir.

Ergui a sobrancelha ao ouvir gritarem o meu nome. Eu estava na cama tocando violão, arranhando os acordes das músicas do último disco do The Rose. Eu me levantei, fui até as escadas e me deparei com a Sra. Soojin em pânico.

Desci correndo.

Ela estava agitada como eu nunca havia visto antes.

— Venha agora. Coloque os sapatos. Vamos logo.

Ir? Aonde?

— Jimin, por favor. — A Sra. Soojin agitava as mãos na barra do seu andador. — Aconteceu um acidente na cabana. Jungkook... Ele está ferido. Temos que ir.

Cambaleei para trás, como se alguém tivesse me empurrado.

Jungkook... Ele está ferido.

Absorvi aquelas palavras. Minha cabeça ficou a mil por hora. Como ele se machucou? O que aconteceu? Como estavam os outros?

Meu pai chegou correndo do quarto dos fundos, e minha mãe veio da cozinha. Os dois segurando os telefones, provavelmente com mensagens de Taehyung.

— Eles o levaram para o hospital St. John. Vai entrar em cirurgia — avisou meu pai, falando rápido e com a voz assustada. — Estou indo para lá.

— Eu também — disse minha mãe.

— E o Jimin — completou a Sra. Soojin. — Ele vai vir com a gente. Venha — pediu, sacudindo as mãos na minha direção. — Não temos tempo a perder. É um longo caminho.

— Não — disse a minha mãe, com voz firme. — Não. Ele não precisa ir. Ele quase teve um ataque de pânico quando tentou sair para visitá-la, Sra. Soojin.

— Mas aquela era eu, e foi muito legal ele ter tentado, mas isso é diferente. Não sou dele. Não sou o Jungkook. Venha agora.

Fechei os olhos.

As duas começaram a discutir, suas vozes foram ficando cada vez mais altas, e meu pai começou a gritar na tentativa de acalmá-las. Meu coração estava disparado, tentando acompanhar a comoção. Minha cabeça se esforçava para manter o diabo longe de mim, mas ele continuava tentando me encontrar.

Shhhhh... Shhhhhh....

— Pare! — gritou a Sra. Soojin, alto o suficiente para que eu abrisse os olhos. Ela começou a bater com o andador no chão repetidas vezes. — Pare com isso! É ridículo. Pelo amor de Deus, Doyeon! Não sei quem tem mais medo do Jimin sair de casa, você ou ele.

— Está passando do limite, Sra. Soojin — repreendeu minha mãe. Mesmo assim, seu corpo estremeceu. Por um momento, eu mesmo me perguntei: será que ela queria que eu saísse de casa um dia?

— É claro que estou passando do limite! Sempre passei, e isso não mudou. Mas isso não é sobre mim. Doyeon, sei que você me disse que esse garoto não é da minha conta. Você me disse isso várias vezes, mas isso é maior que você. É maior que você, Janghyuk e eu. Isso é sobre o Jungkook e o Jimin. Agora, Park Jimin — a Sra. Soojin virou-se na minha direção —, se você me disser com toda a honestidade que os demônios do seu passado são maiores que o amor que você sente por aquele garoto, então por favor, me perdoe por ter passado do limite, pois interpretei errado todos os momentos em que me lembro de vocês dois juntos. Mas se, por acaso, o seu amor for maior, se por acaso esse amor estiver começando a inundar sua alma, então você tem que sair. Tem que vir com a gente nesse instante. Jungkook é um bom garoto, e ele foi a sua âncora por todos esses anos. Agora é a sua vez de ser a dele.

O Silêncio Das Águas | jikook version Where stories live. Discover now