Capítulo 2

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Lia


Ainda estou meio nervosa com o que acabou de acontecer. Não vou mentir, eu pensei que o meu noivo iria receber-me pelo menos com um pequeno sorriso e dar algum elogio. Mas não, ele apenas disse o seu nome e logo foi falando no contrato, e para não falar que criticou a minha roupa. Será que o contrato diz que ele é meu dono? Bem, ele praticamente disse na minha cara que mandava em mim. Eu não sei se vou aguentar muito tempo nesta casa, nesta vida, e só estou aqui há dez minutos, ou nem sequer isso.

- "Fazes o que eu digo, não me importa se gostas ou não do que vestes."- Murmuro baixo fazendo uma voz de gozo. Idiota, já odeio aquele gajo incrivelmente lindo.

- A falar sozinha? - Ouço uma voz feminina conhecida e olho para o meu lado, vendo uma Gabriela a sorrir para mim. Ela tem cara de quem é simpática, e a postura dela não diz o contrário. Pelo menos, isso. Talvez nem seja assim tão mau viver aqui se tiver boa companhia.

- Pelos vistos. – Murmuro, saindo dos meus pensamentos. Caminho na sua direção - Enzo mandou vir ter contigo para me mostrares a casa e o meu quarto. – Falo.

- Muito bem. - Murmurou – Acompanha-me. – Sorriu mais uma vez e começou a andar calmamente pelo corredor, que nos levou ao escritório do meu futuro marido.

- Enzo sempre foi assim? – Acabo por reparar no que disse logo após ter falado.

- Assim como? – Gabriela lança-me um olhar calmo, porém interrogativo.

- Intimidante, autoritário, arrogante e sério. - Descrevo-o, vindo-me à mente os momentos anteriores em que passei com ele no escritório. - Ele não sorri uma única vez?

- Eu não devia de dizer isto, mas como espero dar-me bem contigo: sim ele é, e é muito raro vê-lo sorrir. - Sussurra algumas partes. – Claro que já o vi a sorrir, mas com várias exceções.

- Que homem. - Sussurro. - Trabalhas aqui há muito tempo?

- Bem, a minha mãe sempre trabalhou para Enzo, quando estávamos em Itália. – Fala. Enzo é italiano?- Quando tinha oito anos, os meus pais separaram-se e fiquei a viver com a minha mãe na casa de Enzo, por isso, ele é como um irmão. – Continua. – Aos meus dezoito anos, comecei a trabalhar para ele, para um dia conseguir pagar os meus estudos e não usar o dinheiro dos meus pais. – Sorri.

- Deve ter sido uma longa chatice ter que aturar aquele homem, não? – Murmurei em tom de brincadeira.

- Habituei-me. – Sorriu um pouco, dando de ombros. – Vem, vamos ver a tua nova casa!

Já disse que é uma ofensa chamar isto de casa? Ela é enorme, o apartamento onde vivi até hoje é mais pequeno do que a própria sala-de-estar. Para além disso, a sala é tão linda, tão aconchegante e, os quadros espalhados pelas paredes e o piano de cauda dão um ar tão luxuoso, que sinto-me em território proibido para o meu tipo de pessoa. Tem uma cozinha espaçosa e toda equipada com as melhores marcas de electrodomésticos. É moderna, mas não deixa de ter o seu tom rústico. Tem uma sala de jantar com uma grande mesa de vidro no centro, com decorações escolhidas ao pormenor ao longo da divisão.

Tem uma sala de reuniões, dois escritórios, contando com aquele que entrei hoje para conhecer Enzo. Tem 2 salões de festas, quartos para empregados e hospedes, e algumas WC. Tem sala de jogos e uma de cinema, e lá fora, para além da piscina exterior, tem mais jardins lindos com uma churrasqueira perto da área da piscina. Um campo de ténis e de futebol logo a seguir e um ginásio com piscina interior e vários equipamentos especializados.

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