Capítulo 9

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Atenção, este capítulo contém cenas fortes de violência. 


27 de dezembro de 2015

No dia a seguir, consegui arranjar maneira de ir a uma ourivesaria na rua Santa Catarina, do Porto. Victor acompanhou-me, sendo que eu fiz de tudo para que ele não comentasse com Enzo sobre a nossa ida ali. Enzo apenas sabia que eu ia fazer umas compras, nada mais. Há uns dias atrás eu tinha ido lá encomendar o presente de natal do meu noivo e já estava pronto há algum tempo, mas só hoje é que pude ir busca-lo.

Quando voltei a casa enquanto Victor estacionava o carro na garagem, encontrei Enzo na sala de estar, sentado descontraidamente com o MacBook no seu colo. Provavelmente estava a tratar de alguns e-mails, como ele me dissera que iria fazer antes de eu ter saído de casa.

- Como correram as compras? – O seu olhar tinha-se desviado do ecrã brilhante do seu computador e olhava-me atentamente.

Caminhei na sua direcção e sentei-me ao seu lado, ignorando o facto de ele ter fechado o MacBook e o ter colocado no outro lado do sofá.

- Correram bem... - Murmuro e pouso a pequena saca de papel no seu colo. – É para ti. – Murmuro, assim que vejo o seu olhar confuso perante aquele presente.

- Lia, eu disse-te que não precisavas de comprar nada. – Murmura, enquanto abre a saca.

Claro que poderia, sendo que o dinheiro que gastei também é teu. Penso.

- Abre. – Sorrio.

Dentro da saca tinha uma pequena caixa preta com o logótipo da Timberland e o seu olhar questionador cai sobre mim. Rio levemente e abro mais os olhos, como a insinuar para que ele continuasse a abrir o seu presente. Dentro da caixa estava o relógio de última geração e com pulseiras pretas que eu tinha encomendado. Era elegante e sofisticado, sendo que ficaria bem em qualquer tipo de ocasião a que o meu noivo quisesse estar presente, sem ter que se preocupar de o acessório fosse ou não demasiado. Ele pega na peça nova e brilhante e lê a frase escrita em italiano numa das pulseiras.

- Forse oggi è il domani che cerchi siete alla ricerca. – Enzo lê em voz alta, talvez o hoje seja o amanhã que tu procuras. – É lindo! – Exclamou. Os seus olhos estavam vidrados naquela peça e voltou a olhar-me pouco tempo depois.

- Não precisavas de me ter dado nada, Lia. – Volta a repetir o que dissera minutos antes e levei as minhas mãos à minha cintura, batendo o com o meu pé no chão da sala.

- Pelo menos agradece. – Murmuro, sorrindo de lado.

- Obrigado, Lia. Gostei muito do teu presente. – Falou, pousando a saca no sofá e caminha até mim, lentamente. – Eu vou ter que ir resolver algumas coisas importantes e não sei a que horas estou cá. – Murmura, enquanto os seus lábios encostam na minha testa, deixando um leve beijo na mesma.

Assenti sem dizer mais nada e com alguma curiosidade do que poderiam ser aqueles negócios. Ajudei Enzo a colocar o seu novo relógio e logo peguei na caixa do mesmo. Quando o meu noivo saiu, caminhei para o seu quarto e deixei lá a caixa. Olhei atentamente aquele quarto e por momentos tive vontade de procurar por alguma evidência do que Enzo fazia afinal. Mas eu não poderia quebrar aquela pequena confiança que ambos estávamos a construir lentamente, por isso, voltei a fechar a porta e fui para o meu quarto.

Mudei de roupa, vestindo umas calças largas e de pano fino, e uma sweater quente. Fui até ao meu closet e abri uma das portas do armário, onde guardava as minhas pinturas e o meu material que, apesar de mínimo, era muito importante para mim. Peguei numa tela em que estava a trabalhar há algum tempo e levei-a para o meu quarto.

O Meu GangsterOnde histórias criam vida. Descubra agora