Capítulo 11

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30 de dezembro de 2015


Acordei de um sono demasiado pesado, devido à medicação que me deram no dia anterior, e logo reparei que estava sozinha no quarto do hospital. Olho em volta já com menos dificuldade, sendo que o meu pescoço já não doía tanto como ontem, e procuro pelo comando da televisão. O dia de ontem fora uma seca. Ficar deitada numa cama de hospital com uma agulha espetada na mão e com dores no corpo não é propriamente a melhor sensação de todas. Longe disso.

Ligo a televisão HD, pendurada na parede em frente à cama, e escuto um barulho ao meu lado. A porta branca e larga abre-se e de lá aparece Enzo. Vestido casualmente, o que para mim ainda era estranho, mas sempre com o mesmo olhar penetrante e misterioso. O seu cabelo estava rebelde, sendo que os seus caracóis negros estavam todos desordenados. Provavelmente aproveitou para ir a casa tomar um banho e ter uma boa noite de sono.

Acompanhei o seu caminho com o meu olhar até ele se sentar numa cadeira ao lado da minha cama, que eu nem tinha reparado que ali estava. O som da televisão estava baixo e era a única coisa que se ouvia para além dos passos lentos do meu futuro marido.

- Bom dia, Lia. – Murmurou rouco e sério. Os seus cotovelos pousavam descontraidamente nos seus joelhos e o seu olhar avistava todo o meu ser.

- Bom dia, Enzo. – Murmurei normalmente, mas logo desviei o meu olhar do seu, tentando distrair-me daqueles olhos azuis. Aquilo fazia-me mal, porque ele mexia comigo de uma forma que eu não gostava nada.

- Como te sentes?

- Melhor na verdade. Já estou mais confortável, mas ainda sinto uma grande dor do pé, se o mexer.

- Então não o mexas. – Falar é fácil, penso. Que lata. – Com o tempo tu recuperas. – Curto e seco, como sempre. Às vezes desconfio que aquele homem seja algum robot telecomandado.

Mais tarde, o médico que estava a cuidar do meu estado, o Doutor Gerónimo, apareceu no meu quarto, para ver o meu quadro. Fez algumas verificações básicas, como ouvir batimentos do coração, verificar as minhas feridas e fazer algumas perguntas. Com isso, entregou-me a alta e entregou uma folha a Enzo com as recomendações necessárias e o analgésico para tomar.

Logo chegou uma enfermeira que me ajudou a sair da cama para não magoar o meu tornozelo, mais do que ele já estava, e fomos para a casa de banho do quarto. Eu já tinha ido lá e já me tinha visto ao espelho, por isso, acabei por não me surpreender, de novo, ao ver o meu estado no reflexo. Tinha algumas nódoas negras no rosto que assustavam um bocado. Tinha ali a prova de que realmente a pessoa que me bateu teve a intenção de chegar ao Enzo de uma forma diferente.

Após tomar um banho e me arranjar, sempre com a ajuda da enfermeira, seguro nas canadianas e vou em direcção ao lado de fora do quarto. Encontro Enzo à minha espera com uma mochila, com as minhas coisas lá dentro, numa mão e com alguns papeis noutra.

Vou até ele e fomos até à recepção do hospital. O hospital onde fiquei não é um hospital de fácil acesso. Não se vê as emergências cheias e pessoas com roupa regular. Vendo tudo isso, tenho a certeza de que é um hospital particular.

Estranhamente, quando fomos para o carro, não estava ninguém à nossa espera no mesmo. Ele ajudou-me a entrar no veículo, e enquanto Enzo guardava a minha mochila na bagagem do carro, olhem em redor e reparei num carro preto com alguns homens vestidos de preto a olharem para nós. Seguranças, especulei.

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